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Entrevista com Isabel Soares, professora da EPsi e presidente do ProChild CoLAB

Isabel Soares
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Entrevista com Isabel Soares, professora da EPsi e presidente do ProChild CoLAB

Na Universidade do Minho (UMinho) desde 1993, Isabel Soares é professora catedrática da Escola de Psicologia e presidente da direção do Laboratório Colaborativo ProChild (ProChild CoLAB).

Nascida em S. Mamede de Infesta, distrito do Porto, Isabel Soares é licenciada e doutorada em Psicologia pela Universidade do Porto. Ingressou na UMinho em 1993, onde é professora catedrática, investigadora do Centro de Investigação em Psicologia e membro do Conselho Geral, depois de ter dirigido cursos, departamentos e presidido à Escola de Psicologia. É presidente da direção do laboratório colaborativo ProChild CoLAB, que recebeu o Prémio Direitos Humanos 2023, atribuído pela Assembleia da República. A sua investigação inscreve-se no domínio da vinculação e psicopatologia do desenvolvimento. Tem cerca de 150 publicações em livros e revistas científicas nacionais e internacionais, tendo orientado dezenas de teses de mestrado e doutoramento. É membro do Conselho Nacional de Psicólogos da Ordem dos Psicólogos Portugueses (OPP). Em 2023 recebeu o Prémio Ibérico de Psicologia, atribuído pela OPP e pelo Consejo General de Psicologia de Espanha.

Como se deu a sua chegada à UMinho?

Cheguei à UMinho em outubro de 1993, após o meu doutoramento em Psicologia na Universidade do Porto. Tive o privilégio de participar na fase inicial do desenvolvimento da Licenciatura de Psicologia, ao entrar no 3.º ano após a sua criação. Desafiada pelos colegas fundadores do curso (Leandro Almeida e Óscar Gonçalves, que tinham estado comigo na Faculdade de Psicologia da UP, e por Artur Mesquita e José Cruz), os quais desenharam um projeto de formação muito inovador, foi com grande entusiasmo que integrei a equipa docente numa Universidade também a crescer, num campus em construção e numa matriz institucional colaborativa. Tudo estava a emergir com ambição, determinação e entusiasmo. Foi um tempo extraordinário.

A nossa licenciatura ergueu-se ao lado de outros cursos de Psicologia que já existiam nas universidades “clássicas” do Porto, Coimbra e Lisboa. Houve, por isso, sensibilidade e cuidado no estabelecimento de relações interinstitucionais, mas sempre sustentadas na afirmação da nossa autonomia, identidade e inovação. Desde o início foi dada uma atenção maior à qualidade do ensino e da investigação, suportada num corpo docente jovem, bem qualificado para responder às áreas tradicionais da Psicologia, mas também capaz de desbravar áreas emergentes na altura. Além disso, desde multo cedo o ensino e a investigação foram bem articulados e, também, bem sustentados em projetos de interação com a sociedade através da criação do Serviço de Psicologia e do desenvolvimento de parcerias em torno de projetos colaborativos.

Desde o início procurámos ancorar o nosso trabalho no nível internacional, profundando e ampliando as ligações já estabelecidas com colegas/equipas de universidades europeias e americanas. Estas ligações foram determinantes para elevar a qualidade da nossa investigação e a inovação. Além disso, a formação dos nossos estudantes de licenciatura, mestrado e doutoramento foi muito enriquecida por este ambiente cosmopolita. Acho que este caminho inicial foi determinante na progressiva afirmação e no sucesso da “Psicologia da UM”, no contexto nacional da oferta educativa nesta área. Foi um tempo inesquecível.

Lidera o Laboratório Colaborativo Pro-Child (ProChild CoLAB), um dos dois CoLABS coordenados pela UMinho. Em que consiste este projeto e o que engloba?

ProChild CoLAB, reconhecido pela FCT como Laboratório Colaborativo em novembro de 2018, tem como missão o combate à pobreza e exclusão social na infância, tendo em vista a sua erradicação, através de uma abordagem científica transdisciplinar, articulando os setores público e privado, contribuindo para políticas públicas de defesa dos direitos das crianças e que assegurem o seu desenvolvimento e bem-estar (www. prochildcolab.pt).

Abordar a complexidade multidimensional da pobreza e da exclusão social na infância requer uma colaboração efetiva, tal como plasmada no ODS 17 “Parcerias para os Objetivos”. Nesta linha, o ProChild CoLAB integra atualmente 17 associados: Universidade do Minho (entidade promotora), Universidade do Porto, Universidade de Aveiro, Universidade de Coimbra, Universidade Católica Portuguesa, Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa, Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, Centro de Computação Gráfica, Câmara Municipal de Guimarães, Câmara Municipal de Cascais, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, Grupo DST, Empresa Irmãos Rodrigues, F3M- Information Systems, Fundação Belmiro de Azevedo e Fundação Vasco Vieira de Almeida. Sediado em Guimarães, o ProChild CoLAB integra hoje uma equipa multidisciplinar de 30 colaboradores altamente empenhados e qualificados, cerca de metade com doutoramento.

Ao longo destes anos, o ProChild tem colaborado com cerca de 150 entidades parceiras, numa aliança estreita entre a equipa ProChild, investigadores da academia e profissionais de várias entidades que operam na área da infância. No seio desta rede colaborativa são desenvolvidos, implementados e avaliados projetos transdisciplinares de I&D&I, concebidos como alicerces e alavancas para a mudança social, assentes na articulação estreita entre intervenção social e desenvolvimento tecnológico. Deste modo, vão sendo desenvolvidos e avaliados modelos de intervenção, de formação e supervisão de profissionais, vão sendo criados produtos inovadores validados cientificamente e vai sendo promovida a transferência e disseminação do conhecimento sobre a infância em Portugal. Esta cadeia de produção de conhecimento científico e de práticas efetivas e eficazes procura, desse modo, contribuir para a formulação de políticas públicas, orientadas para o combate àpobreza e exclusão social na infância.

De sublinhar, também, que o Plano de Ação do ProChild CoLAB está fundamentado na Agenda 2030 das Nações Unidas e nos objetivos do desenvolvimento sustentável, no respeito e na defesa intransigente dos princípios da Convenção sobre os Direitos da Criança. Através de uma abordagem científica multinível e multidimensional, o plano de ação do ProChild CoLAB está alinhado com as recomendações internacionais, nomeadamente com a estratégia da União Europeia para os Direitos da Criança e a Garantia Europeia para a Infância, que colocam as crianças no centro das políticas públicas, em linha com as Recomendações a Portugal do Comité dos Direitos da Criança das Nações Unidas. No plano nacional de salientar, também, a convergência com a Estratégia Nacional para os Direitos da Criança, com a Estratégia Nacional de Combate à Pobreza e com o Plano de Ação da Garantia Para a Infância.

Em termos de estrutura organizacional, o ProChild CoLAB integra seis Unidades de Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I&D&I), cada uma das quais com projetos específicos:

(1) Saúde e Bem-estar, tendo como principal objetivo o desenvolvimento e implementação de projetos de investigação-ação para promoção da saúde física e mental de crianças e respetivas famílias;

(2) Desenvolvimento e Educação, que visa promover a melhoria da oferta educativa para crianças dos 0-3 anos, assim como valorizar a educação não formal;

(3) Participação Social, Cidadania e Igualdade de Género, visando construir práticas sociais integradas, promover a participação social das crianças e o seu bem-estar, e instigar uma cultura comunitária promotora dos direitos da criança;

(4) Proteção contra a Violência, Exploração, Abuso e Negligência, pretende promover a melhoria da qualidade do sistema de promoção e proteção da criança, através da (re)qualificação e capacitação de instituições, serviços e respostas.

(5) Biologia e Desenvolvimento, procura analisar os mecanismos neurobiológicos e epigenéticos envolvidos nos efeitos de experiências adversas e de experiências positivas nos primeiros anos de vida;

(6) Tecnologia Digital, visa criar ferramentas e dispositivos digitais específicos em resposta às necessidades dos projetos de intervenção social do ProChild CoLAB, assim como desenvolver a Plataforma Digital ProChild de recolha, processamento, integração, interoperabilidade e visualização de dados.

Para além destas seis Unidades, o ProChild CoLAB conta ainda com duas Unidades de Transferência do Conhecimento: (i) a Academia ProChild, que constitui o centro de formação em estreita ligação com os projetos de intervenção desenvolvidos no seio das Unidades de I&D&I e (ii) o Observatório ProChild Data.

Tendo como pano de fundo esta estrutura organizacional, será relevante sublinhar a ligação estabelecida desde o início entre intervenção no terreno social & desenvolvimento tecnológico. Desde a sua conceção, o ProChild apostou na interface da intervenção social e do desenvolvimento tecnológico, assegurando uma aliança estratégica para a concretização da sua missão e objetivos, com o apoio do Centro de Computação Gráfica – CCG. Esta aliança entre intervenção social e desenvolvimento tecnológico constitui um fator diferenciador de atuação do ProChild e é promotor da criação de valor económico e social, decorrente do desenvolvimento de produtos, serviços e soluções digitais para a área social, customizados e de base científica, para além de promover a transformação digital nesta área em Portugal.

Neste âmbito, tem vindo a ser criada a Plataforma Digital ProChild, assente num repositório big data, capaz de recolher, integrar, processar e armazenar dados de diferentes fontes de informação sobre a infância em Portugal, apoiado num modelo de interoperabilidade de dados e de uma ferramenta de visualização e análise de dados. Estes projetos convergem no Observatório ProChild Data, uma estrutura de transferência de conhecimento que pretende contribuir para o desenho de políticas públicas no domínio da infância, para a disseminação do conhecimento sobre a infância e para o desenvolvimento de modelos de intervenção mais eficientes e integrados com crianças e as suas famílias.

De destacar, ainda, que o ProChild CoLAB é parceiro do Consórcio Health From Portugal, que congrega 94 entidades entre empresas e ENESIS e é financiado pelas Agendas Mobilizadoras do PRR. No âmbito deste Consórcio, o ProChild CoLAB está envolvido no PPS4: interpretação, integração e partilha de dados, designadamente para a criação do Framework para o desenvolvimento de dashboards em saúde – associado ao desenvolvimento da Ferramenta de visualização e análise de dados da Plataforma ProChild –, do Servidor de terminologias e ontologias e dos Conectores para ligação a data lakes- associados ao Modelo de interoperabilidade de dados da Plataforma ProChild.

Criado no final de 2018, quais foram os objetivos da criação deste Laboratório Colaborativo?

Todos os Laboratórios colaborativos têm como objetivo criar, direta e indiretamente, emprego altamente qualificado e emprego científico em Portugal, através da implementação de agendas de investigação e de inovação orientadas para a criação de valor económico e social.

O ProChild CoLAB tem como objetivo central contribuir para uma mudança social efetiva no país, procurando combater a pobreza na infância tendo em vista a sua erradicação. Nesse sentido, defendemos que é fundamental colocar as necessidades das crianças no centro da investigação, da inovação e da ação política, através da colaboração estreita entre entidades públicas e privadas, vinculando académicos e profissionais no terreno, em torno de modelos e programas de intervenção com base na evidência científica e suportados pela tecnologia, tendo em vista o desenvolvimento e o bem-estar das crianças e a promoção dos seus direitos.

A investigação e intervenção para prevenir e erradicar a pobreza e a exclusão social na infância exigem uma abordagem holística, integrada e multinível. Neste sentido, a agenda do ProChild CoLAB coloca a criança no centro e desdobra-se em múltiplos projetos e programas, desenvolvidos em torno das suas Unidades de I&D&I, com indicadores e métricas de impacto definidas, que visam a efetiva criação de valor. Todos estes projetos visam gerar, aplicar e difundir conhecimento científico numa abordagem multinível e multidimensional, que visa estimular novas formas de interação e uma relação não linear entre as atividades de I&D&I e o tecido económico e social.

Através da aliança entre investigação/ intervenção social & inovação tecnológica apoiada numa abordagem colaborativa transdisciplinar, o ProChild tem como objetivos:

(i) Conceber e desenvolver projetos de investigação científica transdisciplinar e de inovação tecnológica na área da pobreza e exclusão social na infância;

(ii) Implementar, avaliar e validar programas e modelos de intervenção baseados em evidência científica, que visem quebrar ciclos de pobreza e promover o desenvolvimento, o bem-estar e os direitos das crianças;

(iii) Capacitar profissionais e equipas na área da infância através de ações de formação e supervisão com base em evidência científica;

(iv) Criar produtos, serviços e soluções inovadoras centradas no desenvolvimento, bem-estar e direitos das crianças, validadas cientificamente, na interface da intervenção social e transformação digital;

(v) Promover agendas de ESG – Environment Social Governance – na área da infância:

(vi) Disseminar o conhecimento sobre a infância em Portugal.

(vii) Contribuir para a formulação de políticas públicas e para a ação política orientadas para o combate à pobreza e exclusão social, baseadas no conhecimento científico.

De que forma o ProChildCoLAB tem gerado valor económico e social?

A criação efetiva de valor social, tecnológico, económico e político na área dos direitos das crianças e na promoção do seu bem-estar decorre pela implementação da agenda de I&D&I do ProChild CoLAB, e que se concretiza em 35 projetos de investigação científica transdisciplinar ativos assentes em múltiplas parcerias. Ao longo destes anos, o ProChild tem vindo a colaborar com mais de 150 entidades parceiras, incluindo instituições académicas (29), centros de I&D+i (24), organizações sociais, educativas e saúde (68), municípios (3) e empresas (30), envolvendo cerca de 20 000 crianças e famílias beneficiárias, 2300 profissionais e 340 entidades beneficiárias.

No âmbito dos 35 projetos ativos, a título de exemplo e muito sumariamente, poderia referir quatro projetos em curso.

Começando pela área da promoção e proteção e olhando para a realidade portuguesa retratada no relatório CASA, vemos que em 2022 havia 6347 crianças e jovens com medida de colocação, dos quais 14% (876) entre 0 e 5 anos. De sublinhar que das 6347 crianças e jovens, 84.9% estavam em casas de acolhimento e apenas 7.9% em famílias de acolhimento. Estes números mostram bem como o direito da criança a uma família está a ser violado e a necessidade urgente de respostas qualificadas centradas nas famílias. Neste sentido, desde o início, o ProChild tem estado envolvido ativamente no desenvolvimento, implementação e avaliação do Modelo Integrado de Acolhimento Familiar (MIAF), em coautoria com a SCML. Procurando contribuir para um acolhimento familiar de qualidade, centrado na criança, suportado na evidência científica, o MIAF integra os protagonistas principais – a criança, a sua família de origem, a família de acolhimento e, quando necessário, a família adotiva – e procura assegurar 2 pilares fundamentais: (i)articulação intra e intersectorial nas áreas da saúde, educação, apoio social e promoção e proteção, e (ii) monitorização e avaliação do processo e dos resultados. Nesta linha, está em curso a validação científica da implementação do MIAF, levado a cabo em diferentes Instituições de Enquadramento de acolhimento familiar ao nível nacional, através da avaliação do processo e dos resultados no âmbito do projeto All4Children, financiado pela FCT (2022.03592.PTDC) tendo como PI a Doutora Joana Baptista do ISCTE.

Outro projeto do ProChild está focado na educação dos 0-3 anos, designado Desenvolvimento e Educação em Creche (DEC) e financiado pela Fundação Belmiro de Azevedo. O DEC tem como objetivo conceber, implementar e validar um modelo de desenvolvimento profissional, baseado na evidência científica, de forma a promover o desenvolvimento e bem-estar de crianças entre os 0 e 3 anos, atuando diretamente junto da creche e dos seus profissionais, no sentido de aumentar a qualidade das práticas pedagógicas.

Este modelo de avaliação, intervenção e formação em creche integra as recomendações nacionais e internacionais sobre práticas de elevada qualidade e estratégias de promoção do desenvolvimento da criança, está a ser implementado em oito creches das regiões do Porto, Guimarães, Aveiro e Lisboa, e está a ser avaliado por uma equipa externa da FPCE-UP.

Na área da promoção da saúde mental está em curso o projeto designado Co- Action Against Adversity, que visa promover o bem-estar e a resiliência das crianças entre os 3 e os 10 anos da rede pública escolar da Câmara Municipal de Guimarães, através de um rastreio online universal, avaliação e intervenção psicológica para as que apresentem problemas de saúde mental. Este projeto, que conta com o envolvimento ativo da APsi e de docentes da EPsi, para além de outros membros da academia e entidades não académicas, arrancou em plena pandemia e tem vindo a decorrer regulamente ao longo dos anos, estando já na sua 4.ª Edição. Tendo em conta os resultados positivos, a Fundação Gulbenkian está agora a financiar um novo projeto, que integra também a comunidade do município de Cascais e, neste caso, com um foco particular, nas crianças entre os 4 e os 6 anos.

Um quarto projeto ilustrativo está focado nas políticas públicas em torno do nosso maior desafio: o combate à pobreza tendo em vista a sua erradicação. Com este desígnio o ProChild lançou uma petição pública para O Pacto para a Infância (https://peticaopublica.com/?pi=pacto-para-infancia) e que esperamos que venha a ser alvo da maior atenção nesta legislatura da Assembleia da República.

O Pacto para a Infância procura criar consenso ao nível nacional em torno de 4 pilares de ação política e social.

O 1.º pilar visa a promoção da inclusão social e da luta contra a pobreza. Entre outras ações elencadas no Pacto, destacaria o apoio decisivo àprimeira infância através de respostas articuladas e qualificadas dos vários serviços envolvidos. Se o alargamento da cobertura das creches é chave, é urgente investir na qualificação dos seus profissionais, garantindo que a creche se constitua, efetivamente, como um contexto educativo promotor do desenvolvimento infantil. É nesta linha que o ProChild CoLAB, em colaboração com a Fundação Belmiro de Azevedo, criou um modelo de desenvolvimento em creche, designado DEC, que, como referi, visa o desenvolvimento profissional em contexto de creche e que está a ser implementado e alvo de avaliação em várias creches no norte, no centro e no sul do país.

O 2.º pilar visa a prevenção e proteção contra todas as formas de discriminação e violência contra a criança, nomeadamente pela qualificação dos profissionais e articulação dos serviços. E aqui destacaria, entre outras, a necessidade de investimento na qualificação do acolhimento familiar. Como referi, o ProChild CoLAB com a SCML, têm procurando contribuir para um Acolhimento Familiar de qualidade, através do Modelo Integrado de Acolhimento Familiar – MIAF.

O 3.º pilar visa assegurar a participação da criança em decisões e processos de relevância para a promoção dos seus direitos, nomeadamente nos contextos escolares e institucionais, nas cidades e nas comunidades. O ProChild tem em curso vários projetos que procuram contribuir para uma cultura comunitária promotora dos direitos da criança e da participação social, cidadania e igualdade, através de uma intervenção integrada nas áreas social, educacional, planeamento urbano, proteção e saúde, focada nas crianças e adultos em comunidades socialmente desfavorecidas.

O 4.º pilar, em articulação estreita com os restantes, proclama a necessidade de coordenação das políticas da infância nos vários níveis de governação – local, regional e nacional – o que implica a sua colocação na agenda política ao mais alto nível governamental. A proteção, desenvolvimento e bem-estar das crianças não pode ser a ação exclusiva de um ministério do Estado, mas é um desígnio que envolve e atravessa todas as áreas de governação política: educação, saúde, habitação, ambiente, segurança social, justiça, economia e finanças. Esta transversalidade exige processos de coordenação intergovernamental e uma forte articulação e concertação com o envolvimento ativo dos órgãos de poder regional e local numa perspetiva de descentralização.

Neste âmbito e tendo como objetivos garantir uma reflexão frutífera, promover a mobilização e participação ativa e gerar compromissos ao nível nacional para a concretização da visão do Pacto para a Infância, o ProChild tem levado a cabo várias iniciativas.

Com o apoio do Conselho Superior do ProChild, em torno do Pacto para a Infância, a nossa equipa começou por organizar grupos focais com crianças e grupos de discussão com académicos e profissionais de referência na área, com agentes do poder local e entidades com responsabilidade em matéria de infância e juventude. Os grupos focais sobre cada um dos pilares foram desenvolvidos em Guimarães, com crianças dos 3.º e 4.º anos de escolaridade da EB 1 de Gondar, da EB1 de Selho de São Cristóvão, e da Porta 7, com apoio dos seus professores. Nestes grupos focais, as crianças tiveram a palavra, exprimiram o seu pensamento e experiência sobre o que representa o Pacto para a Infância e o significado e importância que atribuem a cada um dos diferentes pilares. Destes grupos, resultou um vídeo denominado “O Pacto trocado por miúdos”, que está a ser difundido no nosso website e integrado em projetos com crianças em contextos escolares e comunitários.

Procurando dar continuidade e ampliar a discussão pública em torno do Pacto para a Infância, foi realizado o 1.º Encontro Internacional do ProChild CoLAB, em novembro do ano passado, que contou com os contributos de um conjunto de reputados especialistas nacionais e internacionais na área. Foi um evento singular ao reunir mais de 200 participantes, incluindo investigadores, profissionais, representantes de entidades públicas e privadas, bem como decisores políticos, num debate participativo e enriquecedor. Assumindo as crianças como uma prioridade nacional, este evento pretendeu gerar compromissos para a adoção de medidas ativas de políticas públicas e ações concretas orientadas para a concretização da visão plasmada na petição pública do Pacto para a Infância.

Todas estas iniciativas em torno do Pacto Para a Infância têm vindo a criar sinergias, que terão continuidade em ações futuras a serem desenvolvidas pelo ProChild e os seus parceiros.

De que forma tem contribuído para a prossecução da missão da UMinho em geral?

A missão e plano de ação do ProChild CoLAB estão em estreito alinhamento com a missão da UMinho e, por isso, são múltiplas as sinergias entre as duas instituições. Para além de estar representada na Assembleia Geral e na Direção do ProChild CoLAB, a UMinho, através dos seus docentes e investigadores, participa na supervisão e coordenação científica dos vários projetos em curso nas nossas unidades de I&D&I, na Academia ProChild e no Observatório ProChild Data.

Ao longo destes anos, docentes e investigadores da UMinho têm colaborado ativamente na criação e desenvolvimento de projetos com a equipa do ProChild, sendo de destacar a participação inicial dos centros de investigação- CiPsi, CIED, JusGov, NIPE e lab2pt – no lançamento do ProChild.

No âmbito da colaboração com a UMinho (e com outras entidades académicas), o ProChild CoLAB constitui um hub de formação, acolhendo estágios curriculares e profissionais, bolseiros de investigação e estudantes de mestrado e doutoramento, os quais são coorientados por docentes/ investigadores da UMinho e pelos nossos investigadores, proporcionado desse modo um contexto único de formação e aprendizagem in-loco.

Adicionalmente, esta estreita colaboração entre o ProChild CoLAB & UMinho reverte-se na conceção de projetos de I&D&I para candidaturas a financiamento competitivo nacional e internacional, em publicações e comunicações em coautoria e na organização conjunta de eventos científicos.

Em suma, a ação do ProChild CoLAB reforça e complementa os contributos (outputs) dos centros de investigação da UMinho. Além disso, no contexto das parcerias estabelecidas pelo ProChild com outras instituições académicas e não académicas, há uma oportunidade para os centros alargarem as suas redes, criarem novas sinergias para o desenvolvimento e implementação de projetos com impacto efetivo na sociedade, estimulando a criação de emprego altamente qualificado e de emprego científico e a criação de valor económico e social, em particular na área da pobreza e exclusão social na infância.

O ProChildCoLAB recebeu, no final de 2023, o Prémio Direitos Humanos 2023, entregue na Assembleia da República. Como viu este reconhecimento?

O Prémio Direitos Humanos 2023 atribuído ex-aequo ao ProChild CoLAB e à P.A.J.E. – Plataforma de Apoio a Jovens ex-Acolhidos, enche-nos de orgulho e alegria e conduz à reafirmação da nossa responsabilidade e do nosso compromisso na realização plena da missão e objetivos do Laboratório Colaborativo ProChild.

Como já referi, o plano de ação do ProChild CoLAB tem como desígnio o cumprimento efetivo da Convenção sobre os Direitos da Criança. A pobreza e a exclusão social constituem violações dos direitos das crianças, que têm de ser denunciadas, mas também combatidas através de ações efetivas e eficazes. Pretendemos que o ProChild CoLAB se constitua como instituição de referência nacional para o desenvolvimento de soluções integradas e eficazes para quebrar o ciclo da pobreza e promover os direitos e o bem-estar das crianças. Nesse sentido, e tendo como foco privilegiado os primeiros anos da vida fundamentado na evidência científica de que “Um bom início na vida garantirá um futuro sustentável para todos e todas”, o plano de ação do ProChild CoLAB concretiza-se em torno de um conjunto de projetos, elaborados e avaliados cientificamente, que visam quebrar o ciclo intergeracional de pobreza e desigualdade, e prevenir as consequências negativas de crescer em contextos de elevado risco e adversidade biopsicossocial.

O Prémio Direitos Humanos 2023 vem valorizar o trabalho realizado em conjunto, pela equipa do ProChild, membros da academia e de instituições não académicas, na concretização da missão e dos objetivos do nosso Laboratório Colaborativo, ao longo destes cinco anos. É um incentivo poderoso para continuarmos a trabalhar com determinação no combate à pobreza e exclusão social na infância.

Ao fazer cinco anos, como avalia o percurso deste laboratório até ao momento e quais são os planos para os próximos anos?

Encarando o futuro com esperança e determinação, estamos conscientes dos múltiplos desafios que temos pela frente e que se inscrevem num cenário de profunda incerteza e de emergências sociais, económicas e políticas. Neste contexto tão complexo, temos de ser ainda mais ousados(as), inquietos(as) e empreendedores(as). Alicerçados nos recursos e competências que construímos em conjunto, permanecendo otimistas e com foco no nosso objetivo estratégico “Crescer de forma sustentável”, e orientados pelos nossos valores, definimos as seguintes prioridades para os próximos anos:

  • Aumentar a receita proveniente de fontes de financiamento próprio e competitivo, que está dependente de vários fatores, designadamente, da nossa capacidade de reforçar parcerias já existentes e procurar ativamente novos parceiros e clientes estratégicos; da nossa agilidade na apresentação de propostas e desenvolvimento de projetos e respostas inovadoras de elevado valor acrescentado; da medição e avaliação do impacto dos nossos projetos; da capacidade de mantermos uma equipa altamente qualificada com currículos competitivos; e da aptidão para continuarmos a fomentar uma cooperação eficaz e eficiente capaz de aliar a excelência científica à consciência e responsabilidade sociais.
  • Contribuir para a formulação de políticas públicas e outras ações baseadas no conhecimento científico, orientadas para o combate à pobreza e exclusão social na infância, pelo reforço das relações e colaborações com entidades com responsabilidade ao mais alto nível em matéria de infância, assim como com o poder político central e local e com a comunicação social.

O balanço destes 5 anos de atividade evidencia uma trajetória de crescimento e de consolidação que vemos como uma prova de vitalidade e eficácia. Tudo isto só foi possível graças à colaboração extraordinária, solidariedade e generosidade de um conjunto vasto de pessoas e entidades. Assim, gostaria de deixar aqui a manifestação pública da minha profunda gratidão e reconhecimento a todos e a todas que participaram e contribuíram para a criação e desenvolvimento do ProChild, gerando estes resultados. Uma saudação especial de estima e profundo agradecimento a cada membro da nossa equipa pelo empenho, dedicação e contributos únicos para a afirmação do ProChild CoLAB como entidade de referência nacional. A minha manifestação de apreço estende-se, também, aos nossos Associados e Parceiros, membros da direção, membros do Conselho Superior e membros do Conselho de Ética, sempre disponíveis e cuja colaboração e voto de confiança são decisivos para o cumprimento da missão e objetivos do ProChild CoLAB.

Quais são, na sua opinião, os maiores desafios no combate à pobreza e exclusão social na infância e como vê as políticas relativas a esta área no nosso país?

A pobreza constitui uma problemática multidimensional de grande complexidade. No combate à pobreza há um conjunto de frentes de enorme vulnerabilidade, que interagem ampliando os seus efeitos e impedindo a existência humana com dignidade e bem-estar. Estas frentes envolvem barreiras, precariedade e dificuldades maiores no acesso, utilização e qualidade dos serviços de saúde, de educação e de ação social, das condições habitacionais, alimentares, rendimentos, entre outros aspetos. Por isso, consideramos que o combate à pobreza na infância não pode ser ação exclusiva de um serviço ou de um ministério, mas exige respostas integradas de política pública que envolvam de modo articulado todas as áreas de ação e governação política: educação, saúde, habitação, ambiente, segurança social, justiça, economia e finanças.

Neste âmbito, é imprescindível o alinhamento e articulação das políticas, com monitorização e avaliação do seu impacto, eficiência e eficácia. Para ganharmos este combate, é crucial e urgente colocar a criança no centro da agenda política. Mas esta centralidade só será efetiva e eficaz através de medidas ativas de política pública, de ações concretas que contribuam de forma decisiva para o desenvolvimento e bem-estar das crianças e as suas famílias.

Nesta linha, destacaria algumas das respostas psicossociais sobre as quais a investigação tem evidenciado serem promissoras quer para a prevenção, quer para a reparação de danos da exposição a elevada adversidade, e com impacto positivo na infância.

Programas de visita domiciliar constituem respostas de proximidade às famílias em elevado risco psicossocial e envolvem visitas regulares por profissionais altamente qualificados, que, de acordo com as necessidades da família e numa abordagem colaborativa, podem ter como objetivos, entre outros, proporcionar suporte emocional, apoio à organização da vida diária, orientação parental em várias áreas, nomeadamente através da literacia em educação, em saúde, em finanças e informação sobre os serviços comunitários.

Programas educativos de elevada qualidade que promovam efetivamente o desenvolvimento integral das crianças num ambiente relacional seguro e enriquecedor. Está aqui em causa a importância da qualidade educativa das creches e dos jardins de infância, contextos-chave de desenvolvimento particularmente relevantes para as crianças em situação de maior vulnerabilidade. Os estudos de James Heckman, prémio Nobel da Economia, demonstram de forma notável o poder transformador da educação de qualidade nos 1ºs anos de vida, que pode quebrar ciclos intergeracionais de pobreza. A pobreza não é inevitabilidade. É possível quebrar o ciclo intergeracional de pobreza e sabemos que esta é uma via impactante: quanto mais cedo o investimento em experiências educativas de qualidade, maior o retorno do investimento, não apenas ao nível da educação, mas também da saúde, da produtividade e da economia. Como defende Heckmann isto envolve 3 compromissos: Investir, Desenvolver e Sustentar para produzir ganhos: investir em recursos de qualidade promotores do desenvolvimento para crianças em risco; desenvolver as habilidades cognitivas e sócio-emocionais desde o nascimento e ao longo da infância; sustentar os ganhos no desenvolvimento inicial com uma educação eficaz até à idade adulta.

Não sendo possível sumariar os resultados de um vasto corpo de investigação que suporta estas suas asserções, sugiro visitar o site designado “Heckman Equation”, no qual encontra toda a evidência que justifica uma aposta determinante no investimento da educação de qualidade em creche e no jardim de infância.

Em ligação estreita com a educação infantil de qualidade, a investigação tem evidenciado a importância de intervenções parentais e familiares. Há um conjunto de programas validados cientificamente, individuais ou em grupo, que procuram fortalecer competências parentais, promover a coesão familiar, contribuir para o estabelecimento de redes de suporte social e promover a inclusão social. Quando estes tipos de programas são implementados por equipas de profissionais qualificados em articulação com os programas educativos em creche e no jardim de infância e com outros serviços na comunidade, verifica-se um aumento significativo dos ganhos, do seu impacto positivo no desenvolvimento das crianças e no bem-estar das suas famílias. Esta articulação das respostas de qualidade é fundamental.

Além disso, estas respostas de natureza psicossocial e educacional devem ser complementadas e articuladas com apoios de natureza laboral e financeira em famílias em situação de pobreza. Esta ação envolve políticas e programas que apoiam os rendimentos económicos e proporcionam apoio psicossocial e educacional, permitindo desse modo reduzir a ativação crónica dos sistemas de stresse em adultos e crianças e aumentar a capacidade de o/a adulto/a para fornecer cuidados sensíveis e responsivos, que promovem o desenvolvimento saudável da criança. A investigação tem demonstrado efeitos positivos do aumento dos rendimentos familiares – através de salários e prestações sociais – no desenvolvimento das crianças, em especial no seu nível cognitivo e desempenho académico. Como evidencia um dos estudos relevantes nesta área, Money matters nas famílias em situação de pobreza. São, por isso, necessárias políticas que assegurem uma justa redistribuição de rendimentos, permitindo melhores apoios sociais e económicos, e emprego digno.

Por último, a gravidade dos danos causados por experiências de stress tóxico pode exigir intervenções especializadas, nomeadamente de natureza psicoterapêutica. Para crianças, jovens e pais que manifestam psicopatologia grave, será necessário o recurso a respostas especializadas, de natureza psicoterapêutica dirigidas aos efeitos do trauma, com base na evidência científica.

Em síntese, hoje é claro que, para garantir uma maior eficácia e eficiência das respostas à complexidade da problemática de natureza biopsicossocial da pobreza, é necessário assegurar uma abordagem transdisciplinar, de natureza colaborativa e intersetorial, que articule as várias respostas na comunidade envolvendo serviços de saúde, de educação, de promoção e proteção e de ação social. Se é imprescindível a elevada qualificação dos profissionais, a sua integração em equipas competentes com supervisão adequada, bem como a articulação dos vários serviços para garantir a eficácia e eficiência das respostas, é chave a implementação de políticas públicas que, informadas pelo conhecimento científico, sejam capazes de responder às causas subjacentes a muitas das experiências adversas na infância, como a pobreza, a exclusão social, as desigualdades. Também aqui é fundamental a articulação das políticas, ao nível local, regional e central, que coloquem a criança no centro e que contribuam de forma decisiva para o seu desenvolvimento e bem-estar e das suas famílias, garantindo desse modo o respeito absoluto pelos seus direitos e contribuindo para uma infância feliz numa sociedade mais coesa e harmoniosa.

Venceu em 2023, o Prémio Ibérico de Psicologia, entregue pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e pelo Conselho Geral de Psicologia de Espanha, e em 2024 venceu o Prémio de Mérito Científico pela UMinho. O que significaram estes prémios?

A minha carreira ao longo de mais de 40 anos, e que estes prémios reconhecem, só foi possível graças ao privilégio de ter encontrado e trabalhado com pessoas verdadeiramente únicas que me inspiraram: estudantes e colegas na academia, pacientes na minha atividade clínica, crianças e famílias em situação de vulnerabilidade psicossocial, que participaram nos nossos projetos de investigação, e que contribuíram para o meu sentido de responsabilidade social e compromisso no combate à pobreza e exclusão social, na defesa intransigente dos direitos humanos. Estas pessoas foram pilares fundamentais da minha aprendizagem e do meu desenvolvimento pessoal e profissional. O meu sentido de reconhecimento e de profunda gratidão estende-se à minha família, pelo enorme apoio e incentivo que sempre me deu, proporcionando-me, sempre, as melhores condições para poder investir na carreira profissional. A minha família foi e continua a ser decisiva no que eu sou e no que eu tenho vindo a realizar ao longo da minha carreira.

Estes prémios levam-me, naturalmente, a rever todo o caminho percorrido ao longo destes 40 anos. E, de facto, considero que tive oportunidades muito relevantes para o meu desenvolvimento pessoal e carreira profissional.

Em 1980, integrei o primeiro contingente de licenciados, formado nas recém-criadas Faculdades de Psicologia (Porto, Coimbra e Lisboa), tendo tido a oportunidade de começar a desbravar o território emergente da Psicologia em Portugal. Tive o privilégio de participar no início de quase tudo nesta área, no lançamento de múltiplos projetos de intervenção psicológica em contextos de saúde, de educação e em centros comunitários, em estreita articulação com o início da minha carreira académica como assistente na Faculdade de Psicologia da Universidade do Porto. Esta transversalidade de experiências e de saberes, esta ligação estreita entre ciência e profissão formatou a minha identidade como docente-investigadora-psicóloga.

Ao nível da investigação, tive o privilégio de ter tido o apoio científico de Klaus Grossmann e Karin Grossmann da Universidade de Regensburg, Alemanha na realização da minha tese de doutoramento. Com o seu apoio, entrei na comunidade académica internacional da investigação no domínio da vinculação, o que marcou para sempre o meu domínio de pesquisa. Além disso, com ambos aprendi um modelo de trabalho em equipa verdadeiramente colaborativo, o qual veio a constituir verdadeiramente a minha matriz de trabalho, para sempre.

É muito gratificante manter relações de trabalho ao longo de mais de 30 anos, atravessando gerações. É emocionante acompanhar de perto o crescimento profissional de antigos/antigas estudantes de doutoramento, com carreiras promissoras, ter o privilégio de aprender com eles/elas, partilhar novos projetos onde vão sendo formados novos/novas estudantes. A minha carreira sempre assentou numa rede colaborativa, com colegas e estudantes (inter)nacionais da Psicologia e de área afins, o que permite novas sinergias e um sentido de complementaridade nos nossos projetos tecidos em conjunto.

Como referi, em 1993, após o meu doutoramento na Universidade do Porto, vim para a Universidade do Minho, tendo sido um tempo de grande crescimento profissional e pessoal ao participar nas fundações e desenvolvimento de um projeto de formação muito inovador, que se foi consolidando e ampliando ao longo dos anos. Ao longo dos anos, fui tendo a oportunidade de participar em vários órgãos de gestão a diferentes níveis, desde comissões e conselhos de cursos, direção de departamento, presidência da escola, senado académico e conselho geral, que me proporcionam um conhecimento maior e uma visão mais aprofundada da nossa instituição e do ensino superior em Portugal. Nesta linha, destaco, também, a minha experiência na Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior – A3ES, com a qual tenho colaborado desde 2010 no painel de Psicologia. Tem sido um privilégio trabalhar neste painel procurando contribuir para garantir a qualidade das IES, em particular, na área da Psicologia.

Enquanto presidente da Escola de Psicologia, entre 2013 e 2016, tive a oportunidade de colaborar no lançamento da Associação de Psicologia da Universidade do Minho – APsi, uma estrutura inovadora de prestação de serviços à comunidade que se foi erguendo, constituindo hoje uma plataforma muito relevante para a formação académica e profissional em Psicologia, bem suportada na evidência científica e na interação com várias entidades numa ampla comunidade. Revendo estes 30 anos, nesta casa que sempre me acolheu muito bem e na qual me sinto muito feliz, tem sido um tempo extraordinário.

Em 2017, com um grupo de colegas da UMinho e de outras universidades e instituições não académicas, começámos a trabalhar numa candidatura a Laboratório Colaborativo, designado ProChild. Foram quase 2 anos de trabalho árduo, muito desafiante no sentido de construir uma rede colaborativa com diversas entidades, académicas e não académicas, em torno de uma candidatura que visava o combate à pobreza e exclusão social na infância. No final de 2018 vimos esse esforço reconhecido pela FCT: o ProChild foi avaliado por um painel internacional com a classificação máxima e recebeu o título de Laboratório Colaborativo. O trabalho desenvolvido ao longo destes 5 anos tem sido muito exigente, mas muito gratificante. Uma experiência única de aprendizagem profissional e pessoal e absolutamente inesquecível. A atribuição do Prémio Direitos Humanos 2023 pela Assembleia da República vem reconhecer a qualidade do trabalho e a dedicação à realização da missão e objetivos do ProChild de um grupo de pessoas extraordinárias – a nossa equipa ProChild, os nossos associados e os nossos parceiros – em prol do desenvolvimento e bem-estar das crianças e da defesa e promoção dos seus direitos.

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

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PERCURSOS…

Patricia
  • Patricia

PERCURSOS…

Patrícia Pinto nasceu em França, mas vive em Braga há 36 anos. Com 54 anos, é casada e mãe de três filhos. Desempenha funções nos Serviços de Acção Social (SASUM) há 24 anos, onde integra o Departamento de Apoio ao Administrador (DAA), uma equipa com cerca de 23 trabalhadores.

Nesta entrevista, a trabalhadora, adstrita ao Divisão de Recursos Humanos (DRH), fala-nos do seu percurso de vida e experiência profissional, conta como é vivido o dia a dia, assumindo gostar muito do que faz.

Como chegou aos SASUM?

Entrei nos SASUM em 2000, tendo como administrador o Dr. Armando Osório, com um contrato a termo de 5 meses para substituição de uma trabalhadora em licença parental, no Setor das Propinas. A responsável do Setor de Recursos Humanos, Ana Maria Alves, antes de terminar o meu contrato, desafiou-me a vir trabalhar para o Setor e cá fiquei, com um contrato sem termo. 

Qual a sua situação académica e profissional?

Sou licenciada em Relações Internacionais, atualmente sou Técnica Superior nos SASUM. 

Há quantos anos está nos Serviços e quais são, atualmente, as suas funções?

Estou na atual Divisão de Recursos Humanos há 24 anos, como responsável pelos vencimentos e recrutamentos. 

Gosta do que faz?

Apesar da minha formação académica não estar ligada aos Recursos Humanos, gosto muito das funções que desempenho. É uma área que tem estado sempre em constante evolução e me desafia a encontrar o equilíbrio entre a defesa do interesse da entidade patronal e os direitos e deveres dos trabalhadores. 

O que mais a motiva e quais as maiores dificuldades, no dia a dia, no desenvolvimento do seu trabalho? Como caracteriza o trabalho que é feito na Divisão de Recursos Humanos, em particular na sua área?

Nos SASUM existe há muitos anos, a convivência entre a legislação do setor privado e do setor público, isto é, trabalhavam para a mesma entidade funcionários públicos e trabalhadores com contrato individual de trabalho, cujas diferenças a nível de direitos e deveres eram acentuadas. Em 2009, com a alteração legislativa, os funcionários públicos e os trabalhadores com contrato individual de trabalho das instituições de ensino superior passaram a ser trabalhadores em funções públicas, e, em 2016, com a passagem da Universidade do Minho a Fundação, todos os novos trabalhadores foram admitidos ao abrigo do Contrato de Trabalho. Estes foram dois momentos marcantes a nível profissional, pois implicaram muito trabalho de adaptação.

Outro momento marcante foi a pandemia. As alterações constantes ao que se podia fazer, ao que era permitido, chegou a ser diário no início. Lembro-me de estar a preparar informações e circulares de manhã que à tarde já estavam desatualizadas…. Trabalhar em regime de teletrabalho foi desafiante, com muito tempo passado ao telefone, muita reunião online e muitas horas de trabalho para além das normais. Tive de me disciplinar a desligar tudo após o horário normal de trabalho…

Mais recentemente, outro momento marcante tem sido a desmaterialização de processos que os SASUM estão a implementar. Ao contrário do que acontece na UMinho, nos SASUM os processos de Recursos Humanos ainda eram todos em “papel”.

Tenho de assumir que tinha alguns receios quanto à adaptação dos trabalhadores ao uso de plataformas eletrónicas na gestão da sua relação com os Serviços e com a DRH. Esses receios foram infundados e posso afirmar, com orgulho nos meus colegas, que a adaptação foi muito mais fácil e rápida do que eu antecipava. 

Quais são as melhores e as piores memórias que tem do seu trajeto nos SASUM?

A interação com os meus colegas, no desenvolvimento das minhas funções, é uma das coisas que mais aprecio. Para isso também contribui a equipa que integro. O bom ambiente e o bom humor imperam no nosso gabinete, e isso é fundamental para que os dias, mesmo os mais difíceis, fluam facilmente.

Serão esses momentos de desafio profissional que marcam e marcarão as melhores memórias da minha passagem pelos SASUM.

O pior momento foi o falecimento do Nuno Cariano, que mais do que ser um colega de gabinete, era um amigo pessoal. O seu desaparecimento prematuro foi muito duro e difícil de ultrapassar, e sei que não fui a única nos SASUM a ficar abalada. Estou, neste momento, sentada na sua secretária, dessa forma não tenho a visão diária do vazio que deixou…

Como olha para o futuro?

Olho para o futuro com tranquilidade, mas também com desassossego. Tranquilidade em relação à família e aos amigos, desassossego em relação ao rumo que a sociedade está a tomar, com o crescimento dos extremismos e da intolerância. Infelizmente, a sociedade tem memória curta e não aprende com o passado.

Preocupa-me a falta de empatia que grassa na sociedade, o olhar cada vez mais para o umbigo e o não aceitar que as diferenças fazem parte e são essenciais para o bem-estar de todos.

Curiosidades

O que a marcou?

O nascimento dos meus filhos e acompanhar o seu crescimento até à vida adulta. Tenho orgulho na minha arquiteta, na minha mestranda em Engenharia Física e no meu caloiro em Engenharia Informática! Todos filhos também da UMinho!

O que ainda não fez?

Viajar, viajar, viajar.

Ainda tem um grande sonho?

Tenho o sonho de me dedicar em exclusivo à arte têxtil, da qual sou uma grande curiosa e pequena “aprendiz”, se é que se pode ser aprendiz de arte…

Livro?

O Senhor dos Anéis.

Filme?

O Amor acontece. É essencial vê-lo uma vez por ano, pelo menos…

Uma música e/ou um músico?

Freddie Mercury.

O que gosta de fazer nos tempos livres? 

Sou uma devoradora de séries! Gosto de bordar, costurar, mexer em linhas e tecidos. Gosto de mexer na terra no meu jardim, mal começa o bom tempo a despontar.

Vício?

Sou fumadora, se não tivesse esse defeito seria perfeita, o que seria uma chatice…

Um lugar?

Cabanas de Tavira.

A Universidade do Minho?

Passado, Presente e Futuro.

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

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PERCURSOS…

PERCURSOS…

Filomena Costa é natural e vive em Braga há 38 anos. Casada, mãe de um casal de 10 e 3 anos, desempenha funções nos Serviços de Ação Social (SASUM) há 14 anos. Atualmente, faz parte do Departamento de Apoio Social (DAS), uma equipa com cerca de 50 trabalhadores. Nesta entrevista, a trabalhadora, adstrita ao Centro Médico, fala-nos do seu percurso de vida e experiência profissional, conta como é vivido o dia a dia, assumindo adorar o faz.

Como chegou aos SASUM e qual o seu percurso académico e profissional?

Fiz a Licenciatura em Enfermagem na Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho (UMinho) de 2005 a 2009. No final do curso, dediquei-me exclusivamente ao atletismo, por opção minha. Primeiro porque não queria afastar-me da minha residência (local de treino e família), e segundo, em Braga, estava difícil arranjar trabalho na minha área. Decorridos alguns meses, os resultados que obtive não foram os que desejava e comecei a pensar em trabalhar na minha área. Por coincidência, em 2010, surgiu a oportunidade de começar a trabalhar no Centro Médico dos SASUM. Fui informada que iriam abrir um Centro Médico na Universidade e iam contratar três enfermeiras. Fiquei muito feliz por se lembrarem de mim (pelo meu percurso desportivo e académico na UMinho) e muito entusiasmada com o novo projeto. Fui à entrevista e fui posteriormente contactada para começar a trabalhar.

Há quantos anos está nos Serviços e quais são, atualmente, as suas funções?

Comecei a prestar serviço de Enfermagem para os SASUM em outubro de 2010 (5h/dia), e em maio de 2018 assinei um contrato de trabalho. Exerço atualmente funções como Enfermeira (Técnica Superior) no Centro Médico dos SASUM, em Braga.

Gosta do que faz?

Adoro o que faço, gosto da minha intervenção na comunidade académica (com os alunos e trabalhadores docentes e não docentes). É um trabalho gratificante e desafiador. Temos um papel fundamental na promoção da saúde, na promoção do bem-estar físico, mental e social da nossa comunidade. Tento sempre realizar o meu trabalho o melhor que consigo, indo de encontro às necessidades e satisfação dos utentes e do serviço. Sinto-me muito acarinhada na nossa comunidade académica.

O que mais a motiva e quais as maiores dificuldades, no dia a dia, no desenvolvimento do seu trabalho?

Sinto que cresci como pessoa e também como profissional. Sou um “bocado” perfecionista, adapto-me facilmente e tenho um ótimo ambiente de trabalho. Além das intervenções de enfermagem (tratamento de feridas, administração de injetáveis, avaliação de vários parâmetros e outros cuidados de enfermagem), também temos o trabalho administrativo (atendimento ao público, apoio às Consultas disponibilizadas no Centro Médico, …). Gosto de estar próxima dos alunos/utentes, poder ajudar/apoiar no que conseguir, para que sintam/saibam que os vemos como um todo.

As maiores dificuldades que sinto são as situações de cariz financeiro com que lido (ainda temos alguns alunos com dificuldades a nível alimentar), as situações familiares (alterações nos laços familiares), a falta de empatia, sendo a nossa intervenção essencial, em alguns casos.

Como caracteriza o trabalho que é feito no Departamento de Apoio Social, em particular na sua área?

É um trabalho bastante exigente, com muita responsabilidade e fundamental no apoio à comunidade. Requer muita atenção, presença e empatia. Trabalhamos para a promoção da saúde e prevenção da doença, tentamos melhorar a qualidade de vida dos utentes e o seu bem-estar. Intervimos a nível da Educação para a Saúde (importância de uma alimentação saudável e exercício físico regular, tentar levar uma vida saudável, hábitos de sono/repouso adequados e comportamentos apropriados).

Para além das suas funções diárias no centro médico da UMinho, é também atleta/maratonista. O que significa para si o desporto e poder continuar a conciliar o trabalho com a paixão pelo desporto e pelas maratonas?

Quando trabalhava 5h/dia era mais fácil conciliar atletismo e trabalho, agora com 7h/dia requer uma maior organização da minha parte.

O desporto para mim é vida, fazer exercício físico todos os dias é um grande prazer, torna o meu dia a dia mais feliz, com mais energia e sinto-me melhor, mentalmente e fisicamente. O atletismo é muito importante na minha vida, consegui excelentes resultados, fiz amizades e acima de tudo, faz-me ser uma melhor profissional no meu trabalho, consigo gerir melhor o tempo e as prioridades, sou mais ativa/dinâmica, tenho melhor capacidade de lidar com situações novas/inesperadas e consigo transmitir algum conhecimento das minhas experiências.

O que mais destaca no seu percurso desportivo?

Destaco ter conseguido mínimos para os Jogos Olímpicos de 2016 (Rio de Janeiro) na Maratona, ter ganho em 2015 a Maratona de Sevilha (alcançado a minha melhor marca pessoal na maratona 2h28’ no dia do meu 30ºaniversário) e o meu 12.º lugar na Maratona do Mundial de Pista em 2015 (Pequim).

O mais importante e do mais me orgulho, é que sei estar no atletismo, porque para além de ser competitiva, também criei amizades, sou humilde e justa.

Estás a trabalhar para estar nos próximos Jogos Olímpicos?

Não penso nos próximos JO, porque já são em agosto de 2024, mas penso, sim, nos Jogos Olímpicos de 2028. Sei que é muito difícil e tenho de ser realista, a idade avança (terei 43 anos), mas para mim, impossível é o que nunca se tentou. Passei e estou a passar uma fase mais complicada, de lesões e recuperação (o Gonçalo demorou a dormir noites completas) e diminuiu o meu rendimento. Vou continuar a treinar/trabalhar para tentar obter bons resultados, se conseguir ir aos JO seria um sonho tornado realidade. Um sonho adiado, porque os JO 2016 foram-me tirados, foi muito injusto e eu treinei para aquele resultado. Fica na memória o ter conseguido mínimos para uns JO, um momento muito feliz da minha carreira desportiva.

Quais são as melhores e as piores memórias que tem do seu trajeto nos SASUM?

As melhores memórias que guardo são as pessoas que conheci e me marcam/marcaram enquanto pessoa, que me fizeram crescer, aprender e melhorar.

Como olha para o futuro?

Com esperança, otimismo e pensar que melhores dias virão. Temos um papel importante na sociedade e temos de transmitir bons valores, de respeito, educação, interajuda …

Curiosidades

O que a marcou? O nascimento dos meus filhos.

O que ainda não fez? Viagem à Tailândia.

Ainda tem um grande sonho? Sim, estar presente nuns Jogos Olímpicos.

Livro? Isto Acaba Aqui (Colleen Hoover).

Filme? Prometo Amar-te (Michael Sucsy).

Uma música e/ou um músico? Bryan Adams.

O que gosta de fazer nos tempos livres?  Viajar, passear com a família e conviver com os amigos.

Vício? Correr!!!

Um lugar? O Mar.

A Universidade do Minho? É um prazer trabalhar na UMinho!

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

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“Os grupos culturais têm como missão inspirar a Universidade e os universitários …”

“Os grupos culturais têm como missão inspirar a Universidade e os universitários …”

Com o objetivo de cumprir a tradição dos fados nas Serenatas da Academia, o Sina nasceu a 1 de março de 2022, sendo o grupo mais recente da Universidade do Minho (UMinho).

​O Sina é um grupo de Fados com influência do Fado de Coimbra e de Lisboa, mas que se distingue pela intenção de desenvolver o Fado do Minho e de o dar a conhecer à sua população. O grupo nasceu após o repto lançado pela Associação Académica da Universidade do Minho. Dez alunos da UMinho, Beatriz Torres, Daniela Sousa, Francisca Alves, Inês Ferreira, João Monteiro, Margarida Pereira, Maurício Vale, Nuno Mendes, Pedro Belo e Ricardo Remelgado, juntaram-se para e criaram o grupo que agora faz sucesso.

O UMdicas esteve à conversa com a direção do grupo para saber mais sobre o Sina, sobre a sua origem, trajeto, sobre os seus projetos e sobre o seu futuro.

De que é feito este grupo e como se caracterizam?

Neste momento, o grupo é constituído por alunos e ex-alunos da UMinho, caracterizados pelo seu interesse e paixão pelo fado e todas as suas tradições.

Como descrevem o vosso trajeto e que balanço fazem?

O nosso trajeto tem sido de procura constante por evolução, por desafios e crescimento artístico.

Em que se destaca e diferencia o Sina dos outros grupos culturais?

O Sina destaca-se de outros grupos de fados pela abertura a qualquer aluno ou ex-aluno da UMinho, e não apenas masculino como acaba por ser mais usual. Destaca-se, também, pela procura constante pela inovação, por não se restringir a um estilo de fado específico, assim como pela procura por uma linguagem própria no fado enraizada na cultura minhota.

Participam em espetáculos e eventos muito diferenciados. Como caracterizam as vossas performances em palco? O que trouxeram e trazem ao panorama cultural da Universidade?

Participamos em espetáculos em vários tipos de recintos. Para além das atuações académicas, fazemos também atuações noutro tipo de eventos, tanto públicos como privados. Tendo também participado em eventos de solidariedade. Procuramos sempre abordar o fado no seu todo e em todas as suas facetas, assim como demonstrar que é possível criar novas culturas musicais e artísticas.

Por quantos elementos é constituído o grupo atualmente, e quem pode fazer parte dele?

Atualmente, o grupo é constituído por 12 membros, sendo que também se procede consistentemente ao ensino e integração de futuros membros. Qualquer atual ou antigo aluno da Universidade do Minho pode fazer parte do grupo.

No vosso percurso, quais os momentos e participações que destacam? Qual o vosso ponto alto do ano?

Há que destacar duas atuações recentes: a atuação nas Serenatas Velhas, neste último mês de outubro, e a atuação nas Estrelas ao Sábado, um programa na RTP, onde conseguimos passar à próxima etapa da competição. Estas terão sido, até agora, os pontos altos do nosso ano.

Quais os projetos do grupo mais importantes a curto/médio prazo?

A curto/médio prazo, para além das atuações ligadas ao calendário académico, procuramos estender o nosso leque de atuações (não só na nossa região como pelo país) e começar a criar uma cultura de fado na cidade de Braga.

A dinamização do grupo, torná-lo cada vez mais atrativo é, provavelmente, um dos vossos grandes objetivos. O que têm a dizer aos interessados em fazer parte do grupo?

Gostaríamos de dizer que têm toda a abertura não só para fazer parte do grupo, mas, também, para entrar em contacto com o grupo e partilhar o amor que temos por esta música.

Qual é maior sonho do Sina? O que ainda não fizeram e gostavam de concretizar?

O maior sonho do Sina é podermos passar a nossa mensagem e a nossa paixão a todos os que nos ouvem.

Como veem o panorama dos grupos culturais universitários em Portugal e a nível internacional?

A qualidade e a projeção dos grupos culturais tem crescido cada vez mais, em grande parte devido ao ótimo trabalho desenvolvido e ao apoio que têm recebido ao longo dos anos. São, hoje em dia, um estandarte do que a Universidade do Minho representa.

Como analisam o contexto dos grupos culturais na vida da Universidade e de um universitário?

Os grupos culturais têm como missão inspirar a Universidade e os universitários, criar e cristalizar a identidade da instituição que os acolhe, assim como representar os seus valores em todas as oportunidades que lhes forem providenciadas. Servem como um lembrete de que a experiência académica vai muito além do estudo, sendo também feita de amizade, acolhimento e da exploração das coisas que verdadeiramente nos fazem felizes e completos.

Uma mensagem à comunidade académica?

Gostaríamos de agradecer todo o apoio e presença que a comunidade académica nos tem prestado e continuaremos a trabalhar para que todas as nossas atuações sejam cada vez melhores, e sempre memoráveis. E a qualquer interessado em entrar no grupo, que entre em contacto com o grupo através das redes sociais.

Texto: Ana Marques

Foto: AAUMinho

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PERCURSOS…

PERCURSOS…

Fátima Gomes é natural e vive em Braga (Gondizalves) há 62 anos. Casada, com duas filhas e dois netos, desempenha funções nos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM) há 33 anos. Atualmente, faz parte do DCF, uma equipa com cerca de 20 trabalhadores.

Nesta entrevista, a trabalhadora, adstrita ao Departamento Contabilístico e Financeiro (DCF) dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM), mais especificamente, à Divisão de Contabilidade e Tesouraria, fala-nos do seu percurso de vida e experiência profissional, conta como é vivido o dia a dia, assumindo que ser avó tem sido “uma das experiências mais gratificantes da minha vida”, e afirmando que a sua maior motivação “é poder contribuir para o bom funcionamento dos SASUM”.

Como chegou aos SASUM e qual o seu percurso académico e profissional?

O meu percurso académico foi marcado por diferentes fases de aprendizagem. Em 1999, ingressei no ensino recorrente, onde completei o terceiro ciclo do ensino básico, equivalente ao 9.º ano. Posteriormente, através do programa ‘Novas Oportunidades’, obtive o 12.º ano de escolaridade, consolidando assim a minha formação.

O meu percurso profissional teve início em 1978, num laboratório de análises clínicas, onde adquiri valiosos conhecimentos e experiência na área. Em fevereiro de 1990, dei um novo passo na minha carreira ao começar a trabalhar nos SASUM, por meio de um contrato com a Associação Académica da Universidade do Minho. Neste novo ambiente profissional, em fevereiro de 1996, já com contrato com os SASUM, desempenhei funções administrativas no apoio de secretariado ao Gabinete do Administrador e na área da Tesouraria. Em 2001, iniciei uma nova fase da minha carreira profissional, como assistente administrativa, e desde então e até à presente data, tenho desempenhado funções, no atual, DFC, mais especificamente na Divisão da Contabilidade e Tesouraria.

Há quantos anos está nos Serviços e quais são, atualmente, as suas funções?

Estou nos Serviços há 33 anos e, ao longo desse tempo, as minhas responsabilidades evoluíram para funções específicas relacionadas com o processamento de faturação. Além disso, desempenho atividades de controlo das dívidas e apoio a verificação e recebimento de dinheiro proveniente das unidades dos SASUM.

Gosta do que faz?

De uma maneira geral, sim. Apesar da repetição das tarefas, cada uma é singular e distinta, o que traz uma certa variedade e desafio ao trabalho.

O que mais a motiva e quais as maiores dificuldades, no dia a dia, no desenvolvimento do seu trabalho?

O que mais me motiva no dia a dia é contribuir para o bom funcionamento dos SASUM. Em relação às dificuldades, destaco o esforço associado à necessidade de atender às exigências e prazos diários para verificação e envio dos documentos.

Como é um dia de trabalho de Fátima Gomes?

O dia de trabalho de Fátima Gomes segue uma rotina habitual que envolve várias tarefas dentro da Divisão da Contabilidade e Tesouraria. Uma parte significativa das minhas atividades diárias consiste na verificação do numerário das unidades, na emissão de faturas e no suporte a outras tarefas relacionadas com esta Divisão. No que diz respeito à faturação, as minhas tarefas incluem diferentes etapas. Começo por atualizar as distribuições recebidas através do docUM e por email para preparar a emissão das faturas. Também verifico os saldos das notas de encomenda, quando necessário, e procedo à emissão dos documentos, enviando-os para as entidades correspondentes, como clientes e Unidades da Universidade do Minho. Além disso, uma parte importante do meu trabalho consiste na verificação e no contacto com os clientes para garantir o recebimento dos valores pendentes. Em resumo, o meu dia de trabalho está relacionado com a gestão financeira, faturação e apoio administrativo no âmbito da Contabilidade e Tesouraria, assegurando que os processos sejam concluídos com precisão e eficiência.

Como caracteriza o trabalho feito no Departamento Contabilístico e Financeiro, em particular na sua área?

Trabalhar na Divisão da Contabilidade e Tesouraria é um desafio que exige uma extrema responsabilidade, devido aos procedimentos minuciosos que devemos seguir no âmbito da faturação e a todas as exigências legais que precisamos cumprir.

Quais as melhores e as piores memórias que tem do seu trajeto nos SASUM?

Relativamente às melhores e piores memórias no meu percurso nos SASUM, prefiro focar-me nos desafios enfrentados e nas oportunidades que surgiram. Estes momentos proporcionaram um constante crescimento e aprendizagem ao longo do caminho, seja pela evolução das práticas de trabalho ou pelo avanço tecnológico que experimentei.

Como olha para o futuro?

De forma expectante.

Curiosidades

O que a marcou?

O nascimento das minhas filhas.

O que ainda não fez?

Andar de avião.

Livro?

Não tenho hábito de ler.

Filme?

Titanic.

Uma música e/ou um músico?

Tony Carreira.

O que gosta de fazer nos tempos livres?

Nos meus tempos livres, uma das coisas que mais valorizo é estar com a minha família e amigos, quer seja para conversar, fazer atividades juntos ou simplesmente desfrutar da companhia uns dos outros.

Vício?

Não tenho.

Um lugar?

Praia.

A Universidade do Minho?

Instituição importante tanto para o ensino quanto para as cidades de Braga e Guimarães.

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

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Entrevista à Administradora dos SASUM, Alexandra Seixas

Entrevista à Administradora dos SASUM, Alexandra Seixas

Alexandra Seixas é Administradora dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM) há pouco mais de um ano. Alumna da UMinho, é licenciada em Informática de Gestão e fez todo o seu percurso profissional na academia minhota. A responsável faz um balanço positivo deste ainda pequeno trajeto à frente da instituição, revelando estar a ser um desafio “ainda maior do que estava à espera”.

Quem é a Administradora dos SASUM?

Sou uma alumna da UMinho, de Informática de Gestão (designação do curso à data), com todo o percurso profissional desenvolvido na “casa”, tendo passado por vários serviços e desempenhado diversas funções e cargos. Casada e mãe de dois filhos já adultos e com muita vontade de ver acontecer, quer na dimensão pessoal, quer na profissional.

É a primeira mulher administradora dos SASUM. Como surgiu o convite e como o encarou?

O convite foi-me endereçado pelo Senhor Reitor, como é natural, sendo que se trata de um cargo de nomeação. Pese embora não deixe de considerar um (bom) sinal dos tempos a cada vez maior taxa de ocupação de cargos de responsabilidade por parte de mulheres, gosto de pensar que é porque temos cada vez mais mulheres preparadas para isso e com vontade disso! Não apenas pelo simples facto de serem… mulheres!

Ser Administradora dos SASUM é, para si, uma missão profissional ou um prazer pessoal?

As instituições precisam de quem nelas esteja por espírito de missão. Mais que nunca.

Com um longo curriculum ao serviço da UMinho, uma relação iniciada ainda enquanto estudante. Em que se alterou a sua vida com o abraçar deste projeto?

Ficou bem mais dinâmica, digamos… A minha fase de vida pessoal permite-me abraçar este desafio com uma entrega que não teria há uns anos. Mas sim, é um projeto que exige uma entrega muito grande, um empenho diário, motivação e muita força de vontade!

Como caracteriza a sua função? As experiências anteriores têm-na ajudado no cumprimento deste novo cargo? Quais os maiores desafios inerentes ao cargo que exerce?

Eu encaro a função como eminentemente executiva. Sei que há abordagens diferentes, porventura mais estratégicas, mas eu não consigo desligar estratégia, de ação. Sou de terreno, gosto de ver acontecer. O maior desafio diria que é o da sustentabilidade financeira do Serviço, pois sem ela não é possível prosseguir a nossa missão.

Penso que todo o percurso profissional nos prepara para qualquer desafio, pois somos o que fizemos, e como fizemos, ao longo da nossa carreira. Mas diria que o meu envolvimento na desmaterialização e reengenharia de processos na Universidade, em 2014, dotou-me de competência e visão importantes para o desempenho desta função.

Acresce o cargo de chefe de divisão nos Serviços Académicos e ainda o cargo de secretária de Escola que me permitiu conhecer as dinâmicas pedagógicas e, por conseguinte, as relacionadas com os estudantes e as suas necessidades.

Após um ano à frente dos destinos dos SASUM, que balanço faz desta experiência?

Um desafio ainda maior do que estava à espera, confesso. Pela complexidade da organização – por ser mais pequena que a UMinho, facilmente se cai no logro de pensar que os processos serão mais simples, o que não é, de todo, verdade. Menor dimensão pode ser sinónimo de maior complexidade e eu tenho testemunhado isso diariamente. Mas é, certamente, um balanço que faço pela positiva, pelo que de enriquecedor comporta e pela natureza social do serviço que presta.

Como caracteriza os SASUM atualmente e quais são, na sua opinião, os maiores desafios da Administração que lidera?

Os SASUM são uma organização que presta serviços aos estudantes, com foco nos mais carenciados, e, por isso, é nobre a sua missão. Os desafios são enormes, já referi o da sustentabilidade financeira, mas podemos referir a requalificação do edificado, sobretudo o edificado que acolhe os nossos estudantes residentes, mas também o restante que acusa as suas já mais que duas décadas sem intervenção de fundo. Também, o parque de equipamentos já obsoleto que serve as nossas cozinhas e torna as tarefas dos nossos colaboradores mais pesadas e demoradas. Há muitos desafios, mesmo, mas eu diria que estes são os que estão completamente identificados como necessitando de atenção e soluções urgentes. Outros, como o do alargamento da prestação de serviços, como é o caso da área da saúde mental, por exemplo, já têm luz ao fundo do túnel, tendo os SASUM integrado a candidatura da Universidade no âmbito do Programa de Promoção da Saúde Mental no Ensino Superior, juntamente com a Escola de Psicologia, a Escola de Medicina e a AAUMinho.

Existe algum projeto/plano especial que gostasse de ver concretizado até ao final do seu mandato? Quais as áreas onde vai centrar a sua atenção?

Os referidos na resposta à pergunta anterior. Acresce a desmaterialização e reengenharia de processos que já encontrei em andamento, mas que vou fazer questão e garantir a sua implementação plena e abrangendo a totalidade do Serviço e dos processos, o que não estava previsto no processo em curso que encontrei.

Na prossecução da sua tarefa enquanto administradora, quais têm sido as maiores dificuldades com que se tem deparado?

As maiores dificuldades têm sido principalmente de natureza financeira e a gestão da articulação das pessoas e serviços.

Sente que tem uma equipa motivada e empreendedora?

Sim, sinto. Tenho, nesta fase, uma equipa com quem conto para levar a cabo as estratégias e respetivas ações que a concretizem. Estou certa de que a qualidade da colaboração e o comprometimento de cada membro refletem-se na qualidade do serviço que oferecemos aos estudantes.

Quais os projetos infraestruturais ou outros, mais importantes dos SASUM a curto/médio prazo?

Nessa matéria diria, sem dúvida, as novas residências em Braga e em Guimarães. Ainda que os SASUM não sejam os “donos de obra”, acompanham e integram comissões e júris de procedimentos prévios à construção e/ou reabilitação dos respetivos edifícios e vão gerir o seu funcionamento e a sua atividade. A disponibilização destes equipamentos vai duplicar a oferta de quartos e a sua operacionalização vai ser um desafio gigantesco para a estrutura.

Qual o orçamento dos SASUM para 2024?

Cerca de 9.800 milhões de euros. Valor do orçamento submetido: 9.850.866,00 €.

Os SASUM têm uma grande capacidade de arrecadação de receitas próprias. O que representam estas, atualmente, no total do orçamento dos SASUM? De que formas poderão os SASUM reforçar as suas receitas próprias?

A capacidade de arrecadação das chamadas receitas próprias dos SASUM é assinalável, de facto, representa cerca de 62% do orçamento total e queremos, através da oferta de novos serviços e serviços mais apelativos, aumentar essa capacidade, claro. Mas também está na nossa mira a captação de verbas via concurso a financiamento externo, dimensão na qual já estamos a trabalhar, nomeadamente no que respeita ao previsto na candidatura submetida no âmbito do programa de promoção da saúde mental no ensino superior que já referi acima, mas também vamos procurar solucionar, por essa via do financiamento externo, a requalificação muito urgente dos edifícios das Residências.

Os SASUM têm vindo a fazer uma grande aposta na área da sustentabilidade. O que tem sido feito e onde querem chegar?

Os SASUM têm feito essa aposta, de facto. Considero, inclusivamente, que o trabalho que conseguiram fazer é notável, mas considero também que esse trabalho faz sentido se alargado à UMinho como um todo. Nesta fase, será nesse caminho que vamos trabalhar.

A falta de alojamento para os estudantes universitários tem sido uma das questões na ordem do dia. Por outro lado, tem havido protestos relativamente à qualidade das residências disponíveis. O que está a ser feito pelos SASUM e pela Universidade no sentido de ir ao encontro das exigências dos estudantes?

Penso que já respondi a esta questão em mais que uma resposta dada acima, mas reforço que sim, o alojamento e a qualidade de vida nas nossas residências são uma prioridade completamente identificada e para a qual estamos a trabalhar com muito afinco, esgotando todas as vias e percursos ao nosso alcance.

O desporto continua a ser uma das grandes bandeiras dos SASUM. A aposta e investimento no desporto será para continuar e reforçar?

O desporto é uma aposta da UMinho e da AAUMinho e os SASUM têm, como tal, encarnado esse desígnio o melhor que pode e que sabe com os meios que tem e que lhe são disponibilizados. Nesta medida, continuará a ser uma aposta dos Serviços, sim.

A UMinho foi premiada com Selo Estudante-Atleta. Este será para revalidar daqui a dois anos? Qual a estratégia?

Certamente que continuaremos a lutar pela excelência na prestação de serviços que permita aos estudantes apostarem em carreiras duais, sendo essa uma aposta estratégica da UMinho. Neste contexto, continuaremos a desenvolver a atividade de suporte a esse desígnio e a revalidação desse selo será, penso eu, algo quase natural, diria.

Como caracteriza a situação atual da ação social no ensino superior? Quais são os aspetos mais positivos e os mais negativos da atualidade?

A ação social no ensino superior engloba apoios indiretos e diretos. No que respeita aos apoios indiretos, os serviços de alimentação são afetados atualmente pela instabilidade dos mercados, da qual resultam variações súbitas de preços e constrangimentos vários nos procedimentos de aquisição de produtos. Este contexto afeta sobremaneira o serviço que pretendemos prestar aos estudantes, nomeadamente o fornecimento de refeições sociais.

Ainda neste grupo de apoios indiretos, os serviços de alojamento estudantil, apesar dos esforços internos para garantir as melhores condições de conforto, estão altamente condicionados, por um lado, pela falta de camas e, por outro, pela falta de financiamento que permita investir na reabilitação das infraestruturas e na renovação de mobiliário e equipamentos.

Neste particular, é positivo que o Orçamento do Estado para 2024 preveja o aumento de verbas para ação social indireta – reforço de 40 euros por estudante bolseiro alojado – contudo, ainda muito aquém dos valores de apoio que o Estado atribui aos estudantes bolseiros que, por falta de vaga nas residências públicas, ficam alojados no setor privado.

Importa, por isso, insistir num caminho de reforço dos recursos dos Serviços de Ação Social, de maneira a permitir a prestação de um serviço de qualidade e acessível a todos os estudantes que dele precisam para frequentar o ensino superior.

No que concerne aos apoios diretos, nomeadamente à atribuição de bolsas de estudo, regista-se como positivo o alargamento do limiar de elegibilidade, o que tem vindo a permitir apoiar mais famílias com insuficiências económicas, sendo, porém, necessário refletir também sobre outras condições de elegibilidade previstas no regulamento de atribuição de bolsas, tendo em consideração não só a conjuntura económica atual, como, sobretudo, o contexto de crescente internacionalização do ensino superior, que tem comportado novos desafios também no campo dos apoios sociais a disponibilizar aos estudantes.

Que mensagem gostaria de deixar à Academia e aos trabalhadores dos SASUM?

Aos estudantes, reforçar o que o maravilhoso hino da UMinho afirma: “estes anos são viagem” e ela deve mesmo ser aproveitada ao máximo! Estamos cá para ajudar nesse percurso!  Aos trabalhadores dos SASUM, uma mensagem de agradecimento e de reconhecimento pelo muito que por aqui se faz todos os dias com tão pouco!

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

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Entrevista ao Presidente da Comissão Comemorativa dos 50 anos da Universidade do Minho, João Cardoso Rosas

João Rosas
  • João Rosas

Entrevista ao Presidente da Comissão Comemorativa dos 50 anos da Universidade do Minho, João Cardoso Rosas

João Cardoso Rosas é o Presidente da Comissão Comemorativa dos 50 anos da Universidade do Minho, estabelecida pelo Despacho RT 31/2022, que a dota também de apoio secretarial e orçamental. Responsável por todo o programa de comemorações, integra, além do seu presidente, mais 10 membros. Neste âmbito, existe ainda uma Comissão de Honra constituída por 20 membros.

João Cardoso Rosas é, neste momento, presidente da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas (ELACH). É ainda professor no Departamento de Filosofia e investigador no Centro de Ética, Política e Sociedade.

A Universidade do Minho aproxima-se dos seus 50 anos, contados a partir da tomada de posse da sua Comissão Instaladora, a 17 de fevereiro de 1974. O Programa de Comemorações dos 50 Anos pretende celebrar a Instituição e pensar o seu futuro, mas também promover a reflexão sobre o ensino superior e os seus desenvolvimentos. A decorrer ao longo de 2023, terá como ponto culminante o Dia da Universidade, a 17 de fevereiro de 2024. 

Como se deu a sua entrada na UMinho?

Entrei através de concurso para assistente estagiário, quando estava ainda a completar o mestrado na Universidade do Porto. Embora viesse de outra cidade e não conhecesse ninguém em Braga nem na Universidade do Minho, a adaptação à cidade e à instituição foi fácil. A UMinho estava numa fase de crescimento, com grande abertura em relação aos recém-chegados.

O que lhe deu e continua a dar esta Universidade? Como o marcou a UMinho pessoalmente?

Aquilo que eu senti ao chegar a uma universidade nova, vindo de uma instituição mais antiga, foi muita “energia positiva”. Na altura havia aqui mais meios, as instalações eram melhores (o campus de Gualtar, para onde vim, tinha acabado de se inaugurar), as bibliotecas mais atualizadas, os serviços mais eficazes, a relação entre docentes e discentes mais horizontal e saudável. O chamado “modelo matricial” permitia fazer junções e cruzamentos disciplinares impossíveis em outras universidades portuguesas. Isso foi muito importante para a minha formação e evolução académica e pessoal. O ambiente desses anos permaneceu para mim uma inspiração, mesmo em contextos mais adversos.

Comemorar 50 anos é propício a refletir acerca da memória institucional, mas é, sobretudo, perspetivar o futuro. Como foi pensada, e que sentido tem a programação das atividades comemorativas dos 50 anos?

Sem dúvida, memória e futuro têm de estar associados. Por isso a programação tem muitos aspetos que remetem para a reflexão sobre o passado e para a sua celebração. Mas tem também muito desporto e outras atividades para propiciar o bem-estar da comunidade académica, como foi este ano o piquenique de acolhimento aos novos alunos (em Azurém). Tem ainda espetáculos, concertos, exposições. E conferências e colóquios, assim como publicações, que visam recuperar a história, mas, sobretudo, perspetivar o presente e o futuro próximo da UMinho e do próprio sistema universitário.

Como está a viver este momento de comemoração?

Com esperança e confiança nas potencialidades da UMinho. Os 50 anos correspondem ao que internacionalmente se considera a maioridade de uma instituição universitária. Creio por isso que chegou o momento de revalorizar aquilo que já fizemos e lançar as bases do futuro. Isso implica abandonar a litania da queixa que por vezes se instala entre nós. Mas implica também a coragem de mudar de forma profunda a estrutura da instituição e os seus procedimentos internos, com vista a ultrapassar as muitas ineficiências existentes. Vivo esta comemoração como uma oportunidade de contribuir, ainda que modestamente, para um novo impulso da Universidade do Minho.

Na sua opinião, o pequeno grupo de visionários que há 50 anos fez nascer a Universidade do Minho pode orgulhar-se dos resultados? Como docente da UMinho, que balanço faz do trajeto da Academia nestes cinquenta anos e do trabalho que vem sendo feito?

Sim, creio que se poderiam orgulhar do trabalho feito e dos seus resultados. A nossa universidade implantou-se num território com grandes défices educacionais e culturais e, em muitos aspetos, conseguiu dar a volta a esse território. Ultrapassou quezílias locais, resistiu ao extremo centralismo do país e afirmou-se como instituição de referência a nível nacional e, em algumas áreas do conhecimento, também a nível internacional. Pensando bem, tomando em conta o ponto de partida da região e do país, temos de reconhecer que foi um percurso extraordinário. Mas há ainda muito por fazer…

A programação das comemorações é extensa e diversa. Já vem acontecendo ao longo de 2023 e continuará ao longo de 2024. O que mais destaca ao longo do programa?

Aproveitaria para destacar, restringindo-me apenas aos próximos meses, o lançamento do estudo sobre a produção científica da UMinho ao longo destes 50 anos, o estudo sobre o impacto económico, social e cultural da instituição, a sessão solene e o concerto do próximo dia 17 de fevereiro, com Sua Excelência o Senhor Presidente da República, o início da exposição itinerante sobre a universidade (que vai percorrer as cidades da região), o colóquio internacional sobre “As Universidades Novas no contexto da Democratização Portuguesa”, a meia-maratona a ligar os campi de Azurém e Gualtar, etc. São muitas coisas…

A UMinho é, e tem vindo a ser, um “motor” económico e social da região. Como vê a relação atual da Academia com as cidades que a acolhem e qual o seu papel nos próximos 50 anos. Quais são para si os desafios e oportunidades que a região coloca à Universidade e que a Universidade coloca à região?

Essa relação entre a UMinho e as cidades que a acolhem é para mim fundamental. Temos de contribuir para afirmar Braga e Guimarães não apenas como cidades históricas e comerciais – identidades que já têm bem firmadas – mas também como cidades universitárias e lugares de produção e disseminação de conhecimento e de criação cultural. No quadro da revolução tecnológica que continuamos a viver, mas também das ameaças à sua sustentabilidade, as cidades que se vão afirmar no futuro são aquelas que forem capazes de unir as suas capacidades produtivas ao conhecimento e à cultura. Por isso considero de primeira importância a relação entre a UMinho e os municípios de Braga e Guimarães.

O mote das comemorações é “Quer-se celebrar o passado, os 50 anos da UMinho, mas também – e sobretudo – valorizar as pessoas e a sua diversidade, mostrar aquilo que a universidade é hoje, o seu impacto social, e projetá-la para o futuro, tendo como referência o ano de 2050”. Como vê a UMinho em 2050?

O futuro está aberto e muito do que a universidade será dentro de 50 anos vai depender de fatores que lhe são externos. Mas depende também da nossa visão e da capacidade para levá-la a cabo. Os próximos 50 anos constroem-se a partir de agora. Para isso precisamos de reformar a orgânica interna da UMinho, torná-la mais ágil e motivar as pessoas para trabalhar onde são mais necessárias, aprendendo com o que não correu bem em anteriores reestruturações. Mas precisamos também de reverter o modelo incremental – que continua predominante – e tem feito crescer a nossa universidade continuamente, muitas vezes sem a necessária preparação prévia. É necessário que as áreas de ensino e investigação já existentes sejam dotadas de condições materiais adequadas. Precisamos de apostar na qualidade construtiva e paisagística dos campi, particularmente deficitária em Gualtar. Temos de oferecer aos nossos alunos não apenas a oportunidade de uma especialização técnica, mas também uma experiência cultural relevante. Não me conformo com o facto de que muitos dos nossos estudantes assistem todos os anos a concertos de música pimba, mas nunca contactam com manifestações musicais mais elaboradas, com o teatro clássico, com as grandes tradições literárias e artísticas.

Quais as razões/argumentos mais fortes para que um estudante opte por vir estudar para a UMinho?

As pessoas, os docentes e investigadores desta universidade, assim como muitos outros funcionários que aqui trabalham e dão mostras de inexcedível dedicação e competência. As disfunções organizacionais são superáveis, os défices financeiros ultrapassáveis. Mas a qualidade das pessoas não se encontra facilmente em qualquer lugar. Essa é a maior riqueza da UMinho e a razão fundamental para um jovem aqui estudar e preparar o seu futuro.

A UMinho tem e continua a manter uma boa relação e proximidade com muitos ex-alunos, inclusive pessoas que já passaram por cá há 30, 40 ou mais anos. Qual é para si a importância desta relação e porque deve ser cultivada e mantida?

A relação da UMinho com os seus alumni é muito importante, não tanto pelas mesmas razões que assistem a essa relação nas universidades americanas, sobretudo interessadas em pedir aos seus antigos alunos contribuições financeiras, mas mais pela singularidade desta instituição em termos do seu impacto social. Como referi acima, a UMinho foi e é central na promoção de toda uma região e do próprio país e eu olho para os nossos diplomados como estando investidos de uma missão de transformação e modernização, na qual a instituição deve continuar a investir. 

O bem-estar nos campi é uma das áreas focais destas comemorações. Como seria para si, neste aspeto, a universidade ideal?

Tem de ser uma universidade implantada na região, mas aberta ao mundo, plural e inclusiva. Tem de ser um lugar de liberdade de expressão e respeito mútuo. Tem de permitir o debate sobre as grandes questões do nosso tempo e a expressão das manifestações artísticas mais elaboradas. Tem de ser, em suma, um espaço de conhecimento, mas também de cultura e civilidade.   

Uma mensagem à Academia?

Ultrapassar divergências, juntar boas-vontades, ter a coragem de decidir, construir a universidade do futuro seguindo o exemplo dos seus fundadores.

 

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

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“Dar novamente a conhecer o Grupo de Música Popular da Universidade do Minho e a cultura portuguesa pelo mundo fora é, sem dúvida, um dos maiores sonhos do Grupo atualmente.”

GMP_2019
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"Dar novamente a conhecer o Grupo de Música Popular da Universidade do Minho e a cultura portuguesa pelo mundo fora é, sem dúvida, um dos maiores sonhos do Grupo atualmente."

O gosto pela música tradicional portuguesa e pelas tradições portuguesas fez surgir a ideia, a enorme vontade de fazer coisas novas foi o desafio que os juntou há 39 anos. Aberto a qualquer aluno ou ex-aluno da Universidade do Minho (UMinho), o Grupo é atualmente composto por cerca de vinte membros ativos, porém, já passaram pelo grupo mais de cem estudantes!

O UMdicas esteve à conversa com a direção do grupo para saber mais sobre o GMP, sobre a sua origem, trajeto, sobre os seus projetos e sobre o seu futuro.

O GMP é um dos grupos culturais mais antigos da Universidade do Minho. Como surgiu a ideia da sua criação?

A ideia surgiu no café Gulbenkian, entre dois amigos que se desafiaram a fazer uma formação na Universidade do Minho que fosse ao encontro da música tradicional portuguesa que muito se ouvia na altura, mas que também produzisse as suas próprias composições e arranjos, bem como efetuasse no terreno recolhas inéditas. Pretendia-se também dar um cunho próprio e mais alargado em termos de número de elementos que pudesse potenciar a polifonia com mais elementos por vozes.

De que é feito este grupo e como se caracterizam?

O GMP é feito de jovens estudantes e antigos estudantes da Academia Minhota, com uma enorme vontade de explorar a música e as tradições portuguesas. O gosto pela música é a peça comum entre os elementos, mas também o convívio e a amizade se tornaram parte fundamental do Grupo.

O grupo foi fundado em 1984. Qual a data exata da sua criação e quem foram os seus criadores?

Não há registo de um dia exato para o surgimento dessa ideia. Sabe-se que foi no início do ano letivo 1984/1985 e que, de imediato, se colocaram cartazes na Universidade a convidar os estudantes a participar por volta de outubro. Com dezenas de estudantes a pretender entrar, começaram-se os ensaios pela altura do São Martinho, em novembro de 1984. Os seus criadores terão sido Luis Veloso e Zé Lino na sua ideia e génese. O grupo viria a fazer várias pequenas atuações espontâneas pela cantina e corredores da Universidade, alguns espetáculos mais ou menos informais até à Queima das Fitas de 1985, com espetáculos oficiais em Braga e Guimarães.

Como descrevem o vosso trajeto e que balanço fazem destes 39 anos de existência?

Direta ou indiretamente o Grupo de Música Popular foi o “responsável” ou a inspiração pela criação de todos os grupos que existem na academia, e inspiração para outros grupos em escolas e outros não académicos no Minho, e até noutras academias e noutros distritos!

O trajeto nunca foi fácil… nunca é para nenhum grupo… um grupo de muita gente, flutuante (permanência limitada quase sempre ao percurso académico), o que implica em alguns anos quase voltar à estaca zero…, mas, em balanço, consideramos extremamente positivo e acima de tudo profícuo por tudo o que fez e faz, pelas sementes que deitou à terra que tão boas colheitas deram!

Em que se destaca e diferencia o GMP dos outros grupos culturais?

O Grupo de Música Popular tem uma forte componente de estudo e recolha de cancioneiro popular português, investindo ainda na reinvenção do mesmo. Isto contribui imensamente para que o nosso património imaterial e cultural não se perca no tempo, mas acrescentando também um toque moderno e atual àquelas que são as canções que os nossos antepassados cantavam e tocavam. Assim, esperamos que as camadas jovens voltem a ganhar o gosto e o interesse pela nossa tão rica cultura.

Participam em espetáculos e eventos muito diferenciados. Como caracterizam as vossas performances em palco? O que trouxeram e trazem ao panorama cultural da Universidade?

O GMP expressa-se através de um coro harmoniosamente associado à simplicidade dos instrumentos tradicionais e populares portugueses. Após um período de menor atividade, temos trabalhado bastante para trazer o Grupo de volta ao ativo. Este ano tivemos já bastantes oportunidades de apresentar o nosso repertório “revitalizado” ao público, o que tem corrido imensamente bem, obtendo reações bastante positivas do público e de quem nos acompanha! O Grupo de Música Popular traz sonoridades bastante diferentes daquelas a que os estudantes da Universidade do Minho estão habituados, uma vez que as tunas representam a grande maioria dos grupos culturais da Academia. Tendo sido dos primeiros grupos culturais a surgir na Universidade, foi o percursor de muitos outros grupos, trazendo uma vertente cultural e musical que previamente não existia no nosso contexto académico. Acima de tudo, trouxe o gosto pela música tradicional e popular portuguesa, o gosto e a aprendizagem dos instrumentos tradicionais (alguns estavam praticamente em desuso e outros no mesmo caminho). No GMP, estão as raízes que todos os grupos foram beber e devem continuar a beber, desde as tunas, aos fados, aos coros e percussões!

Por quantos elementos é constituído o grupo atualmente, e quem pode fazer parte dele?

Atualmente, o Grupo é composto por cerca de vinte membros ativos, porém, já passaram pelo grupo mais de cem estudantes! O Grupo de Música Popular é aberto a qualquer aluno ou ex-aluno da Universidade do Minho, independentemente de terem contexto e conhecimento musical ou não. Não existe praxe ou hierarquia no seio do Grupo, pelo que toda a gente que se queira juntar é bem-vinda!

No vosso percurso, quais os momentos e participações que destacam? Qual o vosso ponto alto do ano?

Desde a sua fundação, o Grupo de Música Popular participou em várias Queimas das Fitas para as academias de várias universidades, em festas e romarias populares de norte a sul do país, realizando ainda digressões internacionais, com especial destaque para a digressão europeia em 1990 (passando por países como França, Alemanha, Dinamarca, Suécia, Finlândia, ex-URSS, Polónia e ex-Checoslováquia), organizada pelo GMP, e que daria origem à fundação da ARCUM – Associação Recreativa e Cultural da Universidade do Minho! Em agosto de 2000, o GMP realizou a sua segunda digressão europeia, que contemplou as seguintes cidades: Paris, Bruxelas, Hannover, Hamburgo, Berlim, Praga, Budapeste, Viena e Zurique. A passagem por um conjunto de países tão diferentes permitiu ao Grupo conhecer melhor a realidade das comunidades portuguesas na Europa, que assumem características tão diversas, de cidade para cidade. O ponto alto desta digressão foi, sem dúvida, a atuação do GMP no Pavilhão de Portugal, na Expo 2000 em Hannover, integrados no programa oficial desta exposição mundial. Além disso, o Grupo de Música Popular organizou, em colaboração com o Grupo Folclórico da Universidade do Minho, vinte edições do FUMP – Festival Universitário de Música Popular.

Após um período de interregno, o GMP reergueu-se com novas caras e novas roupagens, com arranjos mais voltados para a contemporaneidade da música popular portuguesa! Nos últimos anos, fomos convidados a participar numa reportagem da SIC sobre o Farol de Montedor, dada a nossa interpretação da canção homónima ao farol. Além disso, tivemos ainda a oportunidade de participar em vários festivais de Folk e World Music, tais como o Festança (em Ancede, Baião), o Arredas Folk Fest (em Tregosa, Barcelos) e o Do Bira ao Samba (organizado pelos nossos amigos dos Bomboémia, em Braga). É de destacar também a nossa participação na organização do festival Castro Galaico, um dos maiores eventos de música folk do Norte do país!

Quais os projetos do grupo mais importantes a curto/médio prazo?

Para o futuro próximo, temos já vários projetos em andamento, nomeadamente a contínua renovação do nosso repertório, a gravação de videoclipes para a divulgação do nosso trabalho e a realização de workshops e oficinas relacionadas com a música popular portuguesa (instrumentos de cordas, percussão tradicional e danças). Temos ainda planeados alguns projetos a mais longo prazo, nomeadamente a gravação de novo registo discográfico e a organização de eventos abertos ao público bracarense.

A dinamização do grupo, torná-lo cada vez mais atrativo é, provavelmente, um dos vossos grandes objetivos. O que têm a dizer aos interessados em fazer parte do grupo?

O Grupo de Música Popular é aberto a toda a comunidade académica. Quem se junta ao GMP pode esperar uma paixão pela música (não só popular): se adoras música e queres explorar diferentes estilos e culturas musicais, este é o sítio certo para ti. Valorizamos a diversidade de experiências musicais e culturais. Não importa de onde vens ou qual é a tua formação musical, todos são bem-vindos e respeitados aqui. Além disso, estamos comprometidos com a aprendizagem constante. Se és um músico experiente, ainda há muito para aprender no nosso grupo. Se és iniciante, oferecemos oportunidades de crescimento e desenvolvimento musical. Ao juntares-te ao nosso grupo, farás parte de uma comunidade musical unida, onde poderás fazer amigos e conexões valiosas, uma vez que o Grupo de Música Popular está inserido na ARCUM – Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho, da qual fazem parte muitos outros grupos, como a Tuna Universitária do Minho, os Bomboémia e a Tunao’Minho, por exemplo. Sendo que a música popular desempenha um papel importante na cultura contemporânea, ao fazeres parte deste grupo, contribuirás para a criação e preservação da mesma!

Qual é maior sonho do GMP? O que ainda não fizeram e gostavam de concretizar?

O Grupo de Música Popular, desde a sua criação, já fez aquilo que todos os grupos culturais académicos desejam: gravou o seu trabalho em estúdio, viajou pelo mundo, participou em grandes eventos e organizou o seu próprio festival (FUMP – Festival Universitário de Música Popular, organizado em conjunto com o Grupo Folclórico da Universidade do Minho), dinamizando e trazendo a cultura popular à sua cidade de Braga. No entanto, o GMP esteve bastante tempo parado, pelo que as gerações de elementos mais recentes não participaram nas atividades dos tempos áureos do Grupo. Assim, temos uma grande vontade de voltar a fazer o que o GMP foi capaz há cerca de duas décadas! Dar novamente a conhecer o Grupo de Música Popular da Universidade do Minho e a cultura portuguesa pelo mundo fora é, sem dúvida, um dos maiores sonhos do Grupo atualmente.

Como veem o panorama dos grupos culturais universitários em Portugal e a nível internacional?

A nível nacional, é muito bom ver o número de grupos culturais universitários que existem! Porém, a grande maioria deles são tunas. Existe um pequeno número de grupos que trabalhem na preservação e divulgação da música tradicional regional. Contudo, é importante reconhecer o empenho que a grande maioria dos grupos demonstra ao trabalhar arduamente para integrar o maior leque de grupos possível nos eventos que promovem! Por exemplo, o Grupo de Música Popular participou já em espetáculos organizados por várias tunas do país. A nível internacional, vemos também a vontade de preservar as tradições e a cultura por parte da comunidade académica.

Como analisam o contexto dos grupos culturais na vida da Universidade e de um universitário?

É sempre fantástico para os estudantes do ensino superior poderem juntar-se a grupos culturais, que se tornam num porto seguro para o resto das suas vidas, com as amizades desenvolvidas no seio destes, além de serem também um escape do stress dos estudos. Os grupos culturais são uma forte escola das chamadas “soft skills”, ajudando imenso os seus membros a desenvolverem competências de responsabilidade, organização, empatia e solidariedade.

A comemoração dos 40 anos vai ser especial? Já está pensada?

Será, certamente, bastante especial! São poucos os grupos que atualmente se podem orgulhar de existir há quase quatro décadas. Para as celebrações, temos já algumas atividades planeadas, nomeadamente juntar os elementos do grupo das várias gerações desde a sua fundação, organizar um evento com aqueles que são dos maiores nomes da música popular e folk do Península Ibérica, fazer um retiro e digressão ao norte de Espanha (região da Galiza, forte centro de tradições intimamente ligadas às do Minho) e começar a pensar na gravação de mais um trabalho discográfico e de multimédia! Estamos muito entusiasmados com a celebração dos 40 anos do Grupo de Música Popular!

Uma mensagem à comunidade académica?

A música é uma linguagem universal que nos une através das fronteiras culturais e sociais. Tem o poder de inspirar, emocionar e unir as pessoas. Acreditamos que a música popular é uma forma extraordinária de explorar a diversidade musical e cultural não só do nosso país, mas também do mundo! Juntar-se ao GMP é uma oportunidade de aprender, crescer e, acima de tudo, divertir-se através da música. Encorajamos todos os interessados, sejam estudantes ou antigos alunos da Universidade do Minho, a fazerem parte desta emocionante jornada connosco. A preservação e exaltação das nossas tradições e da nossa cultura é fundamental para que as mesmas não morram com o tempo, e é incrível ver a quantidade de jovens estudantes que se juntam para trabalhar nesse sentido. Deixamos ainda o repto a quem tiver interesse em se juntar a nós, estamos abertos para vos receber e vos integrar no nosso Grupo e no nosso projeto!

Texto: Ana Marques

Foto: GMP

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PERCURSOS…

PERCURSOS…

Eduardo Fernandes nasceu e vive em Guimarães há 45 anos. Casado e pai de uma menina (Rita), desempenha funções nos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM) há 13 anos. Atualmente, faz parte do DDC, uma equipa com cerca de 20 trabalhadores.

Nesta entrevista, o trabalhador dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM), fala-nos do seu percurso de vida e experiência profissional, conta como é vivido o dia a dia, considerando-se “otimista por natureza”.

Há quantos anos está nos Serviços e quais são, atualmente, as suas funções?

Atualmente exerço funções de secretariado/receção no Complexo Desportivo do campus de Azurém, em Guimarães, onde faço atendimento ao público, ajudo na organização diária do espaço e na organização de eventos e recursos. O necessário para o melhor funcionamento da instalação/serviço.

Gosta do que faz?

Gosto, pois além de ser num espaço informal, de prática desportiva, que me permite crescer como indivíduo, gosto de lidar com pessoas. Esta função permite-me ainda, desenvolver competências na gestão de recursos e resolução de problemas, na organização de eventos, e, especialmente, gosto pelo harmonioso ambiente da organização.

O que mais o motiva e quais as maiores dificuldades, no dia a dia, no desenvolvimento do seu trabalho? Como caracteriza o trabalho que é feito no Departamento de Desporto e Cultura, em particular na sua área?

A motivação é diária, porque lidas com pessoas, com situações que não são estanques e isso possibilita um desafio constante. Motiva-me o fato de saber que onde trabalhas, promove a saúde, a boa disposição, ajuda a aliviar o stress, e claro está, ser treinador de andebol da equipa da Associação Académica (AAUMinho) também ajuda.

Lidar com pessoas é bom, mas também pode ser muito desafiador e trazer algumas dificuldades, pois, as pessoas não são todas iguais e há dias e dias!

Para além das suas funções diárias na receção do complexo desportivo, é também o treinador da equipa de andebol universitário da AAUM/Universidade do Minho? O que significa para si poder aliar o trabalho com a paixão pelo andebol?

É muito gratificante para mim ser treinador da AAUMinho, posso dizer que o andebol me deu muito, até a esposa (risos). É um desporto por quem sou apaixonado e permite sentir adrenalina da competição, criar amizades para a vida, representar a tua academia por Portugal e pelo mundo, criar memórias e partilhar momentos inesquecíveis com pessoas que se juntam para atingir um objetivo em comum, e isso é indescritível. Nunca conseguirei retribuir o que me deu o andebol. 

Quais são as melhores e as piores memórias que tem do seu trajeto nos SASUM?

Como melhores memórias diria que são aquelas vividas em equipa, pois o que é bom tem que ser partilhado, onde os objetivos foram atingidos, onde partilhamos sucessos e insucessos, onde crescemos todos como equipa, ver o crescimento do DDC enquanto organização e o reconhecimento interno e externo disso mesmo, mas se fosse a escolher uma, no que concerne ao trabalho, diria a conquista da Paraíba Handebol Cup. Piores memorias, nada digno de registo.

É também, atualmente, treinador da equipa sénior masculina de andebol do Vitória Sport Clube. O que significa para si o andebol e como viu este regresso ao VSC?

Sim, atualmente sou o treinador de andebol do VSC, é um desafio muito exigente, um clube muito exigente, com adeptos muito peculiares, mas que abracei de corpo e alma, porque é o meu clube, foi onde iniciei e até fui campeão nacional de juvenis. Estou orgulhoso por representar o VSC, mas ciente que a responsabilidade também é muita, mas darei o melhor de mim com otimismo.

Como olha para o futuro?

Eu sou um otimista por natureza, e continuo a acreditar nas pessoas, na educação, na bondade, na delicadeza e respeito pelo próximo, mesmo que às vezes seja difícil, acredito num futuro risonho, onde as pessoas boas prevalecerão.

Se te referes ao meu futuro, só quero a felicidade dos meus, especialmente que a minha filha possa dizer, um dia mais tarde, que viveu feliz. Era o que mais gostava de saber no futuro.

Curiosidades

O que o marcou? O nascimento da minha filha.

O que ainda não fez? Não fiz tanta coisa, mas gostava de ser pai outra vez.

Ainda tem um grande sonho? Sonho felicidade dos meus.

Livro? O carteiro de Pablo Neruda.

Filme? Bom rebelde.

Uma música e/ou um músico? We are the champions (Queen).

Vício? Andebol.

Um lugar? Las Vegas.

A Universidade do Minho? Orgulho.

 

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

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Entrevista à Presidente do Conselho de Ética da Universidade do Minho

Entrevista à Presidente do Conselho de Ética da Universidade do Minho

Cecília Leão, é Professora Catedrática Emérita da Escola de Medicina da Universidade do Minho, desde 2019. É presidente do Conselho de Ética desde novembro de 2022.

Cecília Leão, integrou a UMinho em 1976 por altura da sua fundação, e é aqui na UMinho que tem decorrido o seu percurso académico de docente e investigadora, tendo realizado o seu doutoramento no Instituto Gulbenkian de Ciência (1980-1984). Como professora catedrática na UMinho desde 1994 – primeiro no Departamento de Biologia da Escola de Ciências e, a partir de 2002, na Escola de Ciências da Saúde, atualmente Escola de Medicina – exerceu, entre outras, funções de Presidente da Escola de Ciências (1995-1998), da Escola de Ciências da Saúde / Escola de Medicina (2010-2017), bem como de Vice-reitora (1998-2002).

Quem é Cecília Leão, no lugar de atual presidente do CEUMinho? Como viu a designação do seu nome para este cargo?

A minha designação para este cargo fica, sobretudo, associada a sentimentos de gratidão, privilégio e compromisso. Gratidão e orgulho, pela confiança em mim depositada pelos membros do Conselho Geral da UMinho e pelo Senhor Reitor. Privilégio, e responsabilidade de servir um Órgão, cujo legado recebemos sob a Presidência da Professora Graciete Dias, cujo mandato – correspondente ao 1.º do Conselho de Ética da UMinho – fica marcado indelevelmente pela excelência do trabalho desenvolvido no qual ficou patente a sua abrangência, visão e missão universitária no cumprimento de missão do CEUMinho. Honra, de presidir a um órgão constituído por membros da comunidade académica, interna e externa à UMinho, personalidades com experiências e olhares distintos, que associam à sua área de saber científico toda uma experiência, vivência e conhecimento do saber ético – humanístico. É ainda, e sobretudo, um privilégio poder continuar a participar neste grande projeto da UMinho de compromisso institucional com a ética e bioética, envolvendo individual e coletivamente todos os membros da nossa comunidade académica, no cumprimento de elevados padrões de integridade e de boas práticas éticas em todas as atividades da UMinho.

Foi empossada Presidente no passado dia 4 de novembro. Como vê a pertinência e necessidade de um órgão desta natureza no âmbito das universidades, e em particular na UMinho?

Numa breve nota histórica, as comissões de ética para a saúde assinalaram “um passo decisivo que permitiu passar da pura reflexão sobre os problemas éticos ao estabelecimento de normas consensuais de defesa da dignidade e integridade humanas” (Decreto-Lei n.º 97/95 de 10 de maio). Posteriormente, face à evolução registada da necessidade de integração de todas as dimensões da ética nos domínios sociais, filosóficos, teológicos, políticos e económicos, bem como das exigências da investigação científica na proteção devida ao ser humano, surge em 2018 um novo regime harmonizador das comissões de ética, que passa a ser aplicável também às Instituições de Ensino Superior (Decreto-Lei n.º 80/2018 de 8 de outubro). A UMinho foi uma das primeiras, no panorama nacional, a criar, em 2011, por despacho reitoral, a Comissão de Ética da UMinho, com duas subcomissões – Subcomissão de Ética para as Ciências da Vida e da Saúde e Subcomissão de Ética para as Ciências Sociais e Humanas – que assinalaram o 1.º passo decisivo na institucionalização de estruturas e produção de documentos institucionais, como é exemplo o Código de Conduta Ética da UMinho (1.ª edição). Neste contexto, é de toda a pertinência a existência no seio da Universidade de órgãos/comissões de ética, com reconhecimento institucional, as quais para além de caráter obrigatório no atual enquadramento normativo português, são hoje, mais do que nunca, essenciais como estruturas de apoio à conceção e acompanhamento de políticas e ações de salvaguarda dos princípios éticos e deontológicos nas diferentes áreas de missão da Instituição.

A UMinho sempre assumiu um compromisso institucional inequívoco com a Ética, como vetor fundamental da sua atividade e afirmação. Qual o âmbito de atuação do CEUMinho e quais as suas competências?

Estatutariamente, o CEUMinho é o órgão de consulta da UMinho de apoio à conceção e monitorização de políticas de salvaguarda de princípios éticos e deontológicos nas áreas da investigação científica, do ensino, da interação com a sociedade e no funcionamento geral da Universidade, no respeito pela dignidade da pessoa humana como valor incondicional e inviolável e promove valores da transparência e da integridade académica em todas as suas atividades. Nestes termos, compete ao CEUMinho pronunciar-se sobre questões éticas que lhe sejam colocadas pelo Conselho Geral e pelo Reitor, bem como propor códigos de conduta, diretrizes, recomendações, pareceres e ações de reflexão e debate na sua área de intervenção e nas diversas vertentes da missão da Universidade. Compete ainda ao CEUMinho, através das suas Comissões Especializadas de ética para a investigação, emitir pareceres de avaliação ética sobre projetos de investigação , designadamente todas as atividades que envolvam, sob qualquer forma, pessoas, animais ou material biológico de origem humana, ou animal.

A Professora Cecília Leão tem acompanhado, desde o início, o trabalho do CEUMinho, em particular através da comissão especializada a que pertencia. Qual o objetivo das comissões especializadas –comissões de ética para a investigação?

A ciência vive da sua credibilidade e é consensual que o investigador deve exercer as atividades profissionais subordinadas não só aos valores éticos universais, mas também aos derivados do compromisso com a construção da ciência como património coletivo. É neste contexto que foram criadas as Comissões Especializadas para a ética em investigação, com o objetivo principal de desenvolvimento de práticas responsáveis entre os cientistas, acompanhamento contínuo e formação ética de cientistas responsáveis e promoção da Literacia Ética em investigação, garantindo que a investigação seja realizada de acordo com elevados padrões de integridade científica. Estas comissões, tal como o CEUMinho de que fazem parte integrante, não têm caráter deliberativo. A sua área de competência específica é a emissão de pareceres referentes à apreciação ética – e não científica – de projetos de Investigação e Desenvolvimento (I&D) que envolvam atividades de natureza científica, científico-tecnológica ou de experimentação que decorrem nas unidades orgânicas e subunidades de investigação da UMinho. A composição de cada comissão é multidisciplinar, sendo constituída por membros com ligação a diferentes áreas do saber, designadamente literatura, filosofia, direito, psicologia, ciências da comunicação, sociologia, biologia, enfermagem, medicina, engenharia e ambiente. A existência destas comissões, reconhecidas institucionalmente, revela-se estruturante e decisiva, com papel relevante na formação dos investigadores e monitorização técnico-ética dos projetos de investigação.

No âmbito destas comissões, em que casos/situações são chamados, mais frequentemente, a agir?

A resposta a esta questão terá que naturalmente ser enquadrada nas competências definidas estatutariamente para o CEUMinho que, como já acima exposto, são de natureza consultiva e não deliberativa. No âmbito destas comissões, tem sido efetuada a apreciação ética de projetos submetidos em diversas áreas do conhecimento da UMinho e a realização e participação em numerosas iniciativas de formação e de sensibilização, visando a reflexão e debate em torno de questões éticas, designadamente no âmbito da integridade académica e científica, bem como em iniciativas de divulgação dos princípios e normas do Código de Conduta Ética da UMinho.

Mais especificamente, na dimensão de apreciação ética de projetos que decorrem na UMinho, tem sido crescente o número de projetos de I&D submetidos. Assegurou-se a apreciação ética de elevado número de projetos de I&D, envolvendo verificação dos processos documentais, avaliação ética e emissão de pareceres. Foram analisados até ao momento cerca de 2000 projetos submetidos em diversas áreas do conhecimento, tendo constituído uma tarefa central e muito relevante, com forte envolvimento das Comissões de Ética e do secretariado de apoio. A este propósito, é ainda de referir que a apreciação ética de projetos constituiu, pela sua dimensão, complexidade e envolvimento, uma das atividades centrais no conjunto de tarefas executadas pelo Conselho e as suas Comissões, exigindo forte empenho e dedicação dos seus membros que importa reconhecer institucionalmente.

Informação mais detalhada pode ser encontrada nos planos e relatórios anuais de atividade do CEUMinho e as suas Comissões, que expressam, em síntese, as atividades e resultados obtidos em cada ano, com referência ao grau de execução das atividades planeadas (disponíveis em https://www.uminho.pt/PT/uminho/Etica).

Quais são, atualmente, os maiores desafios/preocupações da Universidade a nível de salvaguarda de princípios éticos?

O sucesso de uma instituição está intimamente ligado à cultura sentida e vivida pelos membros da sua comunidade, sendo indispensável a assunção de princípios estratégicos que conduzam à sua incorporação na comunidade, designadamente na vertente ético-humanística, como um suporte vital, legitimador da sua autonomia, fundamental para a sua credibilização, progresso e afirmação. A salvaguarda dos valores e princípios éticos é assim, e continuará a ser, o centro das preocupações a nível geral da sociedade, e em particular da Universidade. A UMinho assume estatutariamente o dever indeclinável de atuar num quadro de estratégias e políticas de ação essenciais para a promoção da ética e integridade académica. Mas esta tarefa nunca estará acabada, precisa de reflexão permanente, obriga a um esforço conjunto, de persistência e continuidade, envolvendo individual e coletivamente todos os membros da Universidade e todos os órgãos de governo e de aconselhamento. É ainda de sinalizar, a relevância do papel e envolvimento dos responsáveis por órgãos de governo e gestão ao nível central, bem como ao nível das unidades e subunidades orgânicas, diretores de curso, orientadores de teses, dissertações ou estágios, dirigentes de unidades de serviços, entre outros.

 Há alguma novidade sobre o Conselho para os próximos tempos?

 Este mandato está no seu início… A tomada de posse dos seus membros teve lugar no dia 3 de março. No próprio dia, após a tomada de posse dos membros do conselho, fizemos uma reunião plenária que nos permitiu definir uma calendarização global das atividades do Conselho e a sua articulação com as Comissões Especializadas. Estamos a preparar o plano de atividades que será apresentado brevemente ao Sr. Reitor e à Sra. Presidente do Conselho Geral, para subsequente aprovação em sede de Conselho Geral da UMinho.

A missão e desafio estratégico do CEUMinho para os próximos tempos, terá que passar por um compromisso sempre renovado de alinhamento e atualização das suas estratégias de atuação, com os grandes desafios éticos e bioéticos das sociedades contemporâneas.

O CEUMinho realizou em 2019, 2020 e 2021, o Fórum Ética. Qual o objetivo do evento?

O Fórum de Ética UMinho é eminentemente formativo e reflexivo. Pretende-se, sobretudo, viabilizar um espaço de reflexão e de debate em torno de temáticas relevantes promotoras da adoção de princípios éticos e de integridade académica. O Fórum de Ética UMinho, dirigido a todos os membros da comunidade académica, bem como colaboradores, tem, assim, como objetivo central estimular uma discussão alargada que permita captar o pensamento e visão da academia, numa perspetiva de desenvolvimento e interiorização dos valores e princípios éticos, conducentes a uma conduta ética de integridade.

Em 2022 o evento não se concretizou. Qual a razão? Em 2023 será para continuar?  

Em 2022, não foi possível a realização do Fórum de Ética UMinho; tal, ficou a dever-se à limitação temporal de vigência do CEUMinho (término em julho de 2022), e subsequente constituição do mesmo e das suas Comissões Especializadas, processo este que só terminou nos inícios de abril de 2023, altura em que se iniciou o funcionamento do Conselho e suas Comissões.

Sim, com certeza, em 2023 teremos o Fórum de Ética UMinho. A próxima edição do Fórum de Ética UMinho | 2023 está a ser planeada, com data a anunciar brevemente.

Contamos com o UMDicas para a sua divulgação!

No quadro do compromisso institucional com a Ética, como vê o caso particular dos SASUM no contexto académico, o seu trabalho e a sua relação com a comunidade?

Os SASUM são, por natureza e abrangência estatutária, um dos pontos de encontro de toda a comunidade académica, desenvolvendo atividades de grande relevância no contexto institucional. A sensibilização dos dirigentes e restantes trabalhadores dos SASUM para a adoção de boas práticas éticas nas atividades que desenvolvem, é um importante contributo para a melhoria do desempenho dos Serviços. Importa aqui (re)lembrar que os SASUM foram o primeiro serviço desportivo de uma Instituição de Ensino Superior a ser certificado com a atribuição da Bandeira da Ética ao Departamento de Desporto e Cultura dos SASUM, pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido no âmbito da promoção dos valores éticos através do desporto. Entre muitas outras iniciativas dos SASUM, não posso deixar de referir que a promoção de entrevistas, editadas no jornal UMDicas, a membros da academia em geral, responsáveis a vários e diferentes níveis de atuação, sobre o que se faz e como se faz na academia, são um bom exemplo do importante contributo que os SASUM podem desempenhar na divulgação e promoção de literacia cultural, em geral, e, em particular, no quadro da presente entrevista, de cultura ético-humanística.

Qualquer pessoa que necessite de um parecer/ajuda do Conselho de Ética, pode contactá-lo? Como pode fazê-lo?

 A sede do CEUMinho é, atualmente, no Edifico dos Congregados da UMinho. Informação sobre o CEUMinho e suas Comissões Especializadas (constituição, competências, organização e funcionamento, notas informativas, planos e relatórios anuais de atividades), bem como sobre o Código de Conduta Ética da UMinho, encontra-se disponível na página Ética do portal da Universidade, em https://www.uminho.pt/PT/uminho/Etica. Contactos para pedidos de informação ou solicitação de pareceres poderão ser estabelecidos com o Secretariado do CEUMinho, através do e-mail conselhoetica@reitoria.uminho.pt ou pelo telefone (+351) 253 601700.

 A propósito do Código de Conduta Ética da UMinho, qual o seu objetivo e importância na UMinho? A quem se aplica na Academia?

 A UMinho dispõe, desde 2012, de um Código de Conduta Ética, elaborado no âmbito da então Comissão de Ética e aprovado por despacho reitoral. Um código de conduta ética é um documento em constante evolução, atento à dinâmica temporal dos grandes desafios, controvérsias e dilemas éticos & bioéticos. Neste enquadramento, o CEUMinho procedeu à revisão e atualização do Código de Conduta Ética da UMinho (CCE-UMinho) que, na sua versão revista, foi objeto de aprovação por deliberação do Conselho Geral da Universidade em outubro de 2020.

O CCE-UMinho (https://www.uminho.pt/PT/uminho/Etica/Codigo-de-conduta-etica), atualmente em vigor, reafirma os valores e princípios éticos adotados pela Universidade e explicita um conjunto de normas de conduta norteadoras da sua atividade, a verificar globalmente pela Instituição e individualmente por todos os membros da comunidade UMinho: docentes, investigadores, bolseiros de investigação, trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão, colaboradores e pelos estudantes dos vários ciclos de estudos, bem como pelos estudantes de outros cursos ou ações de formação levadas a cabo na Instituição, ou em colaboração com esta. Aplica-se ainda aos membros dos órgãos de governo e de consulta da UMinho, bem como a todos os dirigentes académicos.

A este propósito, não posso deixar de destacar a importância de códigos de conduta com responsabilização ética institucional e de todos os membros da comunidade académica na promoção de uma cultura de integridade primordial e indutora de boas práticas. Neste contexto, deixo o desafio/convite para uma permanente curiosidade, empenho e participação de todos na divulgação e adoção do CCE-UMinho, enquanto documento de estudo ético – reflexivo, em ações formativas dirigidas à comunidade académica nas atividades de ensino e aprendizagem, de formação, de investigação científica e de interação com a sociedade, bem como do funcionamento geral da Universidade.

Quer deixar uma mensagem à comunidade académica?

“Marca pessoal” não diria… prefiro antes “marca do órgão – CEUMinho e suas Comissões Especializadas” expressa em compromissos de índole ético-humanística.

Um compromisso de missão, tendo como referência os princípios do respeito pela dignidade da pessoa humana, da responsabilidade pessoal e profissional, da integridade académica, e dos valores de uma cultura social e ético-humanística, nas várias vertentes da atividade da Universidade, designadamente, ensino-aprendizagem, investigação científica, interação com a sociedade e funcionamento geral da Instituição.

Um compromisso com a apreciação ética e bioética de projetos de investigação, ajudando e treinando os investigadores na garantia que a realização dos mesmos, ocorra dentro dos mais elevados padrões éticos de boas práticas em investigação, à luz das normas e diretivas, nacionais e internacionais.

E, finalmente, um compromisso com o futuro, garantindo que o CEUMinho acompanha os novos tempos, no alinhamento e atualização das suas estratégias de atuação, atento à dinâmica temporal dos grandes desafios, controvérsias e dilemas éticos e bioéticos que a ciência e a tecnologia suscitam para a humanidade e para o meio ambiente.

Texto: Ana Marques

Fotos: Nuno Gonçalves