Publicado em Deixe um comentário

Entrevista à Presidente do Conselho de Ética da Universidade do Minho

Entrevista à Presidente do Conselho de Ética da Universidade do Minho

Cecília Leão, é Professora Catedrática Emérita da Escola de Medicina da Universidade do Minho, desde 2019. É presidente do Conselho de Ética desde novembro de 2022.

Cecília Leão, integrou a UMinho em 1976 por altura da sua fundação, e é aqui na UMinho que tem decorrido o seu percurso académico de docente e investigadora, tendo realizado o seu doutoramento no Instituto Gulbenkian de Ciência (1980-1984). Como professora catedrática na UMinho desde 1994 – primeiro no Departamento de Biologia da Escola de Ciências e, a partir de 2002, na Escola de Ciências da Saúde, atualmente Escola de Medicina – exerceu, entre outras, funções de Presidente da Escola de Ciências (1995-1998), da Escola de Ciências da Saúde / Escola de Medicina (2010-2017), bem como de Vice-reitora (1998-2002).

Quem é Cecília Leão, no lugar de atual presidente do CEUMinho? Como viu a designação do seu nome para este cargo?

A minha designação para este cargo fica, sobretudo, associada a sentimentos de gratidão, privilégio e compromisso. Gratidão e orgulho, pela confiança em mim depositada pelos membros do Conselho Geral da UMinho e pelo Senhor Reitor. Privilégio, e responsabilidade de servir um Órgão, cujo legado recebemos sob a Presidência da Professora Graciete Dias, cujo mandato – correspondente ao 1.º do Conselho de Ética da UMinho – fica marcado indelevelmente pela excelência do trabalho desenvolvido no qual ficou patente a sua abrangência, visão e missão universitária no cumprimento de missão do CEUMinho. Honra, de presidir a um órgão constituído por membros da comunidade académica, interna e externa à UMinho, personalidades com experiências e olhares distintos, que associam à sua área de saber científico toda uma experiência, vivência e conhecimento do saber ético – humanístico. É ainda, e sobretudo, um privilégio poder continuar a participar neste grande projeto da UMinho de compromisso institucional com a ética e bioética, envolvendo individual e coletivamente todos os membros da nossa comunidade académica, no cumprimento de elevados padrões de integridade e de boas práticas éticas em todas as atividades da UMinho.

Foi empossada Presidente no passado dia 4 de novembro. Como vê a pertinência e necessidade de um órgão desta natureza no âmbito das universidades, e em particular na UMinho?

Numa breve nota histórica, as comissões de ética para a saúde assinalaram “um passo decisivo que permitiu passar da pura reflexão sobre os problemas éticos ao estabelecimento de normas consensuais de defesa da dignidade e integridade humanas” (Decreto-Lei n.º 97/95 de 10 de maio). Posteriormente, face à evolução registada da necessidade de integração de todas as dimensões da ética nos domínios sociais, filosóficos, teológicos, políticos e económicos, bem como das exigências da investigação científica na proteção devida ao ser humano, surge em 2018 um novo regime harmonizador das comissões de ética, que passa a ser aplicável também às Instituições de Ensino Superior (Decreto-Lei n.º 80/2018 de 8 de outubro). A UMinho foi uma das primeiras, no panorama nacional, a criar, em 2011, por despacho reitoral, a Comissão de Ética da UMinho, com duas subcomissões – Subcomissão de Ética para as Ciências da Vida e da Saúde e Subcomissão de Ética para as Ciências Sociais e Humanas – que assinalaram o 1.º passo decisivo na institucionalização de estruturas e produção de documentos institucionais, como é exemplo o Código de Conduta Ética da UMinho (1.ª edição). Neste contexto, é de toda a pertinência a existência no seio da Universidade de órgãos/comissões de ética, com reconhecimento institucional, as quais para além de caráter obrigatório no atual enquadramento normativo português, são hoje, mais do que nunca, essenciais como estruturas de apoio à conceção e acompanhamento de políticas e ações de salvaguarda dos princípios éticos e deontológicos nas diferentes áreas de missão da Instituição.

A UMinho sempre assumiu um compromisso institucional inequívoco com a Ética, como vetor fundamental da sua atividade e afirmação. Qual o âmbito de atuação do CEUMinho e quais as suas competências?

Estatutariamente, o CEUMinho é o órgão de consulta da UMinho de apoio à conceção e monitorização de políticas de salvaguarda de princípios éticos e deontológicos nas áreas da investigação científica, do ensino, da interação com a sociedade e no funcionamento geral da Universidade, no respeito pela dignidade da pessoa humana como valor incondicional e inviolável e promove valores da transparência e da integridade académica em todas as suas atividades. Nestes termos, compete ao CEUMinho pronunciar-se sobre questões éticas que lhe sejam colocadas pelo Conselho Geral e pelo Reitor, bem como propor códigos de conduta, diretrizes, recomendações, pareceres e ações de reflexão e debate na sua área de intervenção e nas diversas vertentes da missão da Universidade. Compete ainda ao CEUMinho, através das suas Comissões Especializadas de ética para a investigação, emitir pareceres de avaliação ética sobre projetos de investigação , designadamente todas as atividades que envolvam, sob qualquer forma, pessoas, animais ou material biológico de origem humana, ou animal.

A Professora Cecília Leão tem acompanhado, desde o início, o trabalho do CEUMinho, em particular através da comissão especializada a que pertencia. Qual o objetivo das comissões especializadas –comissões de ética para a investigação?

A ciência vive da sua credibilidade e é consensual que o investigador deve exercer as atividades profissionais subordinadas não só aos valores éticos universais, mas também aos derivados do compromisso com a construção da ciência como património coletivo. É neste contexto que foram criadas as Comissões Especializadas para a ética em investigação, com o objetivo principal de desenvolvimento de práticas responsáveis entre os cientistas, acompanhamento contínuo e formação ética de cientistas responsáveis e promoção da Literacia Ética em investigação, garantindo que a investigação seja realizada de acordo com elevados padrões de integridade científica. Estas comissões, tal como o CEUMinho de que fazem parte integrante, não têm caráter deliberativo. A sua área de competência específica é a emissão de pareceres referentes à apreciação ética – e não científica – de projetos de Investigação e Desenvolvimento (I&D) que envolvam atividades de natureza científica, científico-tecnológica ou de experimentação que decorrem nas unidades orgânicas e subunidades de investigação da UMinho. A composição de cada comissão é multidisciplinar, sendo constituída por membros com ligação a diferentes áreas do saber, designadamente literatura, filosofia, direito, psicologia, ciências da comunicação, sociologia, biologia, enfermagem, medicina, engenharia e ambiente. A existência destas comissões, reconhecidas institucionalmente, revela-se estruturante e decisiva, com papel relevante na formação dos investigadores e monitorização técnico-ética dos projetos de investigação.

No âmbito destas comissões, em que casos/situações são chamados, mais frequentemente, a agir?

A resposta a esta questão terá que naturalmente ser enquadrada nas competências definidas estatutariamente para o CEUMinho que, como já acima exposto, são de natureza consultiva e não deliberativa. No âmbito destas comissões, tem sido efetuada a apreciação ética de projetos submetidos em diversas áreas do conhecimento da UMinho e a realização e participação em numerosas iniciativas de formação e de sensibilização, visando a reflexão e debate em torno de questões éticas, designadamente no âmbito da integridade académica e científica, bem como em iniciativas de divulgação dos princípios e normas do Código de Conduta Ética da UMinho.

Mais especificamente, na dimensão de apreciação ética de projetos que decorrem na UMinho, tem sido crescente o número de projetos de I&D submetidos. Assegurou-se a apreciação ética de elevado número de projetos de I&D, envolvendo verificação dos processos documentais, avaliação ética e emissão de pareceres. Foram analisados até ao momento cerca de 2000 projetos submetidos em diversas áreas do conhecimento, tendo constituído uma tarefa central e muito relevante, com forte envolvimento das Comissões de Ética e do secretariado de apoio. A este propósito, é ainda de referir que a apreciação ética de projetos constituiu, pela sua dimensão, complexidade e envolvimento, uma das atividades centrais no conjunto de tarefas executadas pelo Conselho e as suas Comissões, exigindo forte empenho e dedicação dos seus membros que importa reconhecer institucionalmente.

Informação mais detalhada pode ser encontrada nos planos e relatórios anuais de atividade do CEUMinho e as suas Comissões, que expressam, em síntese, as atividades e resultados obtidos em cada ano, com referência ao grau de execução das atividades planeadas (disponíveis em https://www.uminho.pt/PT/uminho/Etica).

Quais são, atualmente, os maiores desafios/preocupações da Universidade a nível de salvaguarda de princípios éticos?

O sucesso de uma instituição está intimamente ligado à cultura sentida e vivida pelos membros da sua comunidade, sendo indispensável a assunção de princípios estratégicos que conduzam à sua incorporação na comunidade, designadamente na vertente ético-humanística, como um suporte vital, legitimador da sua autonomia, fundamental para a sua credibilização, progresso e afirmação. A salvaguarda dos valores e princípios éticos é assim, e continuará a ser, o centro das preocupações a nível geral da sociedade, e em particular da Universidade. A UMinho assume estatutariamente o dever indeclinável de atuar num quadro de estratégias e políticas de ação essenciais para a promoção da ética e integridade académica. Mas esta tarefa nunca estará acabada, precisa de reflexão permanente, obriga a um esforço conjunto, de persistência e continuidade, envolvendo individual e coletivamente todos os membros da Universidade e todos os órgãos de governo e de aconselhamento. É ainda de sinalizar, a relevância do papel e envolvimento dos responsáveis por órgãos de governo e gestão ao nível central, bem como ao nível das unidades e subunidades orgânicas, diretores de curso, orientadores de teses, dissertações ou estágios, dirigentes de unidades de serviços, entre outros.

 Há alguma novidade sobre o Conselho para os próximos tempos?

 Este mandato está no seu início… A tomada de posse dos seus membros teve lugar no dia 3 de março. No próprio dia, após a tomada de posse dos membros do conselho, fizemos uma reunião plenária que nos permitiu definir uma calendarização global das atividades do Conselho e a sua articulação com as Comissões Especializadas. Estamos a preparar o plano de atividades que será apresentado brevemente ao Sr. Reitor e à Sra. Presidente do Conselho Geral, para subsequente aprovação em sede de Conselho Geral da UMinho.

A missão e desafio estratégico do CEUMinho para os próximos tempos, terá que passar por um compromisso sempre renovado de alinhamento e atualização das suas estratégias de atuação, com os grandes desafios éticos e bioéticos das sociedades contemporâneas.

O CEUMinho realizou em 2019, 2020 e 2021, o Fórum Ética. Qual o objetivo do evento?

O Fórum de Ética UMinho é eminentemente formativo e reflexivo. Pretende-se, sobretudo, viabilizar um espaço de reflexão e de debate em torno de temáticas relevantes promotoras da adoção de princípios éticos e de integridade académica. O Fórum de Ética UMinho, dirigido a todos os membros da comunidade académica, bem como colaboradores, tem, assim, como objetivo central estimular uma discussão alargada que permita captar o pensamento e visão da academia, numa perspetiva de desenvolvimento e interiorização dos valores e princípios éticos, conducentes a uma conduta ética de integridade.

Em 2022 o evento não se concretizou. Qual a razão? Em 2023 será para continuar?  

Em 2022, não foi possível a realização do Fórum de Ética UMinho; tal, ficou a dever-se à limitação temporal de vigência do CEUMinho (término em julho de 2022), e subsequente constituição do mesmo e das suas Comissões Especializadas, processo este que só terminou nos inícios de abril de 2023, altura em que se iniciou o funcionamento do Conselho e suas Comissões.

Sim, com certeza, em 2023 teremos o Fórum de Ética UMinho. A próxima edição do Fórum de Ética UMinho | 2023 está a ser planeada, com data a anunciar brevemente.

Contamos com o UMDicas para a sua divulgação!

No quadro do compromisso institucional com a Ética, como vê o caso particular dos SASUM no contexto académico, o seu trabalho e a sua relação com a comunidade?

Os SASUM são, por natureza e abrangência estatutária, um dos pontos de encontro de toda a comunidade académica, desenvolvendo atividades de grande relevância no contexto institucional. A sensibilização dos dirigentes e restantes trabalhadores dos SASUM para a adoção de boas práticas éticas nas atividades que desenvolvem, é um importante contributo para a melhoria do desempenho dos Serviços. Importa aqui (re)lembrar que os SASUM foram o primeiro serviço desportivo de uma Instituição de Ensino Superior a ser certificado com a atribuição da Bandeira da Ética ao Departamento de Desporto e Cultura dos SASUM, pelo reconhecimento do trabalho desenvolvido no âmbito da promoção dos valores éticos através do desporto. Entre muitas outras iniciativas dos SASUM, não posso deixar de referir que a promoção de entrevistas, editadas no jornal UMDicas, a membros da academia em geral, responsáveis a vários e diferentes níveis de atuação, sobre o que se faz e como se faz na academia, são um bom exemplo do importante contributo que os SASUM podem desempenhar na divulgação e promoção de literacia cultural, em geral, e, em particular, no quadro da presente entrevista, de cultura ético-humanística.

Qualquer pessoa que necessite de um parecer/ajuda do Conselho de Ética, pode contactá-lo? Como pode fazê-lo?

 A sede do CEUMinho é, atualmente, no Edifico dos Congregados da UMinho. Informação sobre o CEUMinho e suas Comissões Especializadas (constituição, competências, organização e funcionamento, notas informativas, planos e relatórios anuais de atividades), bem como sobre o Código de Conduta Ética da UMinho, encontra-se disponível na página Ética do portal da Universidade, em https://www.uminho.pt/PT/uminho/Etica. Contactos para pedidos de informação ou solicitação de pareceres poderão ser estabelecidos com o Secretariado do CEUMinho, através do e-mail conselhoetica@reitoria.uminho.pt ou pelo telefone (+351) 253 601700.

 A propósito do Código de Conduta Ética da UMinho, qual o seu objetivo e importância na UMinho? A quem se aplica na Academia?

 A UMinho dispõe, desde 2012, de um Código de Conduta Ética, elaborado no âmbito da então Comissão de Ética e aprovado por despacho reitoral. Um código de conduta ética é um documento em constante evolução, atento à dinâmica temporal dos grandes desafios, controvérsias e dilemas éticos & bioéticos. Neste enquadramento, o CEUMinho procedeu à revisão e atualização do Código de Conduta Ética da UMinho (CCE-UMinho) que, na sua versão revista, foi objeto de aprovação por deliberação do Conselho Geral da Universidade em outubro de 2020.

O CCE-UMinho (https://www.uminho.pt/PT/uminho/Etica/Codigo-de-conduta-etica), atualmente em vigor, reafirma os valores e princípios éticos adotados pela Universidade e explicita um conjunto de normas de conduta norteadoras da sua atividade, a verificar globalmente pela Instituição e individualmente por todos os membros da comunidade UMinho: docentes, investigadores, bolseiros de investigação, trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão, colaboradores e pelos estudantes dos vários ciclos de estudos, bem como pelos estudantes de outros cursos ou ações de formação levadas a cabo na Instituição, ou em colaboração com esta. Aplica-se ainda aos membros dos órgãos de governo e de consulta da UMinho, bem como a todos os dirigentes académicos.

A este propósito, não posso deixar de destacar a importância de códigos de conduta com responsabilização ética institucional e de todos os membros da comunidade académica na promoção de uma cultura de integridade primordial e indutora de boas práticas. Neste contexto, deixo o desafio/convite para uma permanente curiosidade, empenho e participação de todos na divulgação e adoção do CCE-UMinho, enquanto documento de estudo ético – reflexivo, em ações formativas dirigidas à comunidade académica nas atividades de ensino e aprendizagem, de formação, de investigação científica e de interação com a sociedade, bem como do funcionamento geral da Universidade.

Quer deixar uma mensagem à comunidade académica?

“Marca pessoal” não diria… prefiro antes “marca do órgão – CEUMinho e suas Comissões Especializadas” expressa em compromissos de índole ético-humanística.

Um compromisso de missão, tendo como referência os princípios do respeito pela dignidade da pessoa humana, da responsabilidade pessoal e profissional, da integridade académica, e dos valores de uma cultura social e ético-humanística, nas várias vertentes da atividade da Universidade, designadamente, ensino-aprendizagem, investigação científica, interação com a sociedade e funcionamento geral da Instituição.

Um compromisso com a apreciação ética e bioética de projetos de investigação, ajudando e treinando os investigadores na garantia que a realização dos mesmos, ocorra dentro dos mais elevados padrões éticos de boas práticas em investigação, à luz das normas e diretivas, nacionais e internacionais.

E, finalmente, um compromisso com o futuro, garantindo que o CEUMinho acompanha os novos tempos, no alinhamento e atualização das suas estratégias de atuação, atento à dinâmica temporal dos grandes desafios, controvérsias e dilemas éticos e bioéticos que a ciência e a tecnologia suscitam para a humanidade e para o meio ambiente.

Texto: Ana Marques

Fotos: Nuno Gonçalves

Publicado em Deixe um comentário

“… o grande objetivo do grupo é perpetuar a tradição do Fado Académico…”

“... o grande objetivo do grupo é perpetuar a tradição do Fado Académico…”

O gosto pela música, em especial pelo Fado de Coimbra, aliado ao desejo de prolongar um passado académico e de não deixar morrer as tradições académicas, juntou-os, nascendo assim o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho (GFSUM).

Fundados em fevereiro de 2002, o grupo estreou-se, oficialmente, nesse mesmo ano, na Serenata do Enterro da Gata da Universidade do Minho (UMinho). Com um trajeto de 21 anos, o grupo conta com um currículo de respeito, e pelo caminho, com a edição de dois CD’s.

O UMdicas esteve à conversa com a direção do grupo para saber mais sobre o GFSUM, sobre a sua origem, trajeto, sobre os seus projetos e sobre o seu futuro.

Podemos dizer que o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho é um grupo jovem. Como surgiu a ideia da sua criação?

O grupo foi fundado em 2002, celebramos em fevereiro deste ano, oficialmente, 21 anos. O grupo surgiu da ideia de perpetuar a tradição do Fado de Coimbra ou Fado Académico. É uma das tradições enraizadas em Braga, nas próprias serenatas que faziam no Sá de Miranda, de onde surgiu depois o Enterro da Gata da Universidade do Minho (UMinho).

Pegamos nessa vertente da Canção Coimbrã, na altura só havia outro grupo que era da Associação Recreativa e Cultural Universitária do Minho (ARCUM), mas estava um pouco desagregado. Há época, éramos ainda todos estudantes, decidimos criar o GFSUM, que integrou também alguns elementos do Grupo de Fados da ARCUM, sendo que foram eles que começaram a fazer, com regularidade, a serenata do Enterro da Gata e do Caloiro, tradição que hoje em dia foi quebrada, infelizmente.  Portanto, podemos dizer que o grande objetivo do grupo é perpetuar a tradição do Fado Académico e das tradições académicas.

De que é feito este grupo e como se caracterizam?

Somos um grupo cultural pequeno. Atualmente, constituído por seis elementos (duas guitarras portuguesas, duas violas e duas vozes), todos alumni da UMinho. Além destes, a participar mais esporadicamente, temos outro cantor, mais uma viola e duas guitarras portuguesas. Ao longo dos anos temos tido alunos que vão integrando o grupo, mas não sendo de Braga, quando concluem o curso o vínculo acaba por se perder.

Ao longo do vosso percurso, o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho tem vivido altos e baixos. Como descrevem o vosso trajeto e como consideram o momento atual?

O grupo está estabilizado. Por sermos um grupo pequeno criam-se laços de amizade mais duradouros. Estamos sempre abertos à entrada de outros elementos, mas a ideia será, caso venham, que adquiram alguma experiência connosco, mas depois, que formem outro grupo, sendo o objetivo perpetuar a tradição dos grupos de fado. Com apenas um grupo de fados há muitas limitações, por isso, apoiamos a formação de outros grupos, que vão seguir o seu caminho, vão chamar mais gente, vão promovendo a divulgação e será mais fácil perpetuar a tradição. Não tem sido fácil, pois além de tocar, é preciso ter gosto pelo fado, pela canção académica.

Em que se destaca e diferencia o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho dos outros grupos culturais?

Os nossos espetáculos, por norma, e atualmente, não se direcionam a grandes públicos. Mas já fizemos espetáculos para muito público, inclusive fomos dos primeiros grupos a atuar no Teatro Circo após a renovação, com o “Serenata ao Fado”. Organizamos três edições, tivemos cá grandes nomes da canção de Coimbra, todas as edições com lotação esgotada.

Atualmente, estamos a ver se retomamos esse espetáculo, mas como somos poucos, há alguma limitação de tempo e de verba, uma vez que as nossas verbas advêm das atuações que fazemos. Como somos independentes da Universidade, monetariamente, apesar de sermos um grupo da Universidade, a vertente financeira torna-se mais complicada.

Para além de termos o propósito de retomar o espetáculo “Serenata ao Fado”, vamos ter uma parceria com a Orquestra de Cordofones Tradicionais de Braga, com a qual deveremos fazer um espetáculo no final do ano, que incluirá Canto, Guitarradas e Música Tradicional.

Como caracterizam as vossas performances em palco? O que trouxeram e trazem ao panorama cultural da Universidade?

Trazemos uma continuidade de tradição. Braga sempre teve muita tradição em guitarra, nós ao criarmos o grupo e ao continuarmos ativos, estamos a manter essa tradição da guitarra, da canção de Coimbra, e isso puxa outros aficionados.

Relativamente aos restantes grupos culturais, a diferença está, essencialmente, na dimensão do grupo e no tipo de instrumentos que usamos, não somos tão exteriónicos.

Quem pode fazer parte do grupo? Como chegar até vós e como é feita a seleção de novos membros?

Qualquer aluno ou ex-aluno da UMinho pode entrar no grupo. Qualquer um que tenha interesse pode demonstrá-lo através de email, através das nossas redes sociais, certamente daremos feedback. Atualmente, os nossos ensaios são a cada 15 dias, a partir das 21:30, num espaço cedido no Colégio de São Caetano, em Maximinos. Aparecendo num dos nossos ensaios, para nós, o fundamental será o gosto pelo Fado, o resto vai-se alcançando.

No vosso percurso, quais os momentos e participações que destacam? Onde podemos encontrar o grupo e qual o vosso ponto alto do ano?

Atualmente, vamos fazendo pequenas atuações na cidade de Braga e na zona do Minho, mas são atuações mais intimistas, o grupo é pequeno e proporciona-se a isso. Costumávamos atuar com regularidade no Enterro da Gata, mas é claro que os momentos que mais destacamos foram as atuações nas três edições do “Serenata ao Fado”, entre 2008 e 2010, momentos que resultaram no lançamento do CD “Serenata ao Fado”, em 2011, um trabalho discográfico com 32 temas, gravado ao vivo. Para além deste CD, editamos ainda o “Tons de Sépia”, em 2005.

Quais os projetos do grupo mais importantes a curto/médio prazo?

O nosso projeto atual mais importante é mesmo reavivar o espetáculo “Serenata ao Fado”. Estamos a ver se conseguiremos verba, e, caso isso seja possível, vamos dimensionar o projeto à verba que possuirmos. Depois temos também o espetáculo, no final do ano, em conjunto com a Orquestra de Cordofones Tradicionais de Braga.

A dinamização do grupo, torná-lo cada vez mais atrativo é, provavelmente, um dos vossos grandes objetivos. O que têm a dizer aos interessados em fazer parte do grupo?

Venham, contactem-nos. O que queremos é que venham até nós, aprendam, embrenhem-se do espírito e que depois ganhem “asas”.

Qual é maior sonho do Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho?

Neste momento, é a retoma do “Serenata ao Fado” e perpetuar o legado que temos, a tradição do fado Coimbrã aqui em Braga.

2020 e 2021 foram anos particularmente difíceis para a cultura. Como viveram este período atípico? Como tem sido voltar à normalidade?

Fomos fazendo pequenas atuações e ensaios online, tentando manter os dedos e as vozes aquecidas! O voltar à normalidade foi sentido, sobretudo, com um maior entusiasmo da parte do público.

Como analisam o contexto dos grupos culturais na vida da Universidade e de um universitário?

Penso que é muito importante para um universitário fazer parte de um grupo cultural, a universidade não pode nem deve ser só letras e números, a parte social é muito importante para quem se forma no ensino superior. A pertença a um grupo cultural cria vínculos de amizade, de conhecimentos, relações que ficam para toda a vida, oferece experiências que não se consegue em qualquer outro contexto, dá mais mundo a quem por lá passa e prepara-os melhor para o futuro, pessoal e profissionalmente.

Uma mensagem à comunidade académica?

Venham conhecer o Grupo de Fados e Serenatas da Universidade do Minho, contactem-nos, apareçam, teremos todo o gosto em recebê-los nos ensaios. Venham preparados para uma tertúlia, para criar laços. 

Texto: Ana Marques

Foto: AAUM

Publicado em Deixe um comentário

PERCURSOS…

PERCURSOS…

José Albano da Silva Conde nasceu em Moçambique há 58 anos e vive em Guimarães há 42. Casado, pai de um rapaz, desempenha funções no Departamento Alimentar desde 1981, do qual faz parte até hoje, juntamente a uma equipa com cerca de 150 trabalhadores.

Nesta entrevista, o trabalhador dos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM), fala-nos do seu percurso de vida e experiência profissional, conta como é vivido o dia a dia, afirmando-se “esperançado” no futuro.

Como chegou aos SASUM e qual o seu percurso profissional?

Trabalho na área da restauração desde os 13 anos, inicialmente na zona do Douro em Santa Marta de Penaguião, depois, e após vir viver para Guimarães, comecei a trabalhar, no final da escola e aos fins de semana, em restaurantes. Na altura em que os SASUM começaram a funcionar aqui em Guimarães, precisaram de uma pessoa, fui à entrevista e fiquei cá a trabalhar como auxiliar de alimentação. Passei por vários setores, inclusive pela cozinha, altura em que tirei formação de cozinheiro. O serviço foi-se expandindo e, quando fomos para o Campus de Azurém, assumi o primeiro bar, o Bar de Engenharia I, como encarregado. Depois, todos os bares que abriram a partir daí, praticamente todos os colegas passaram por formação nesse bar.

Há quantos anos está nos Serviços e quais são, atualmente, as suas funções?

Estou nos SASUM há 42 anos, desde os meus 17 anos, comecei a trabalhar, na altura, no Palácio de Vila Flor.  Neste momento sou encarregado operacional, mais especificamente encarregado de Bar.

Gosta do que faz?

Gosto muito. Aprecio muito a interação com o nosso público académico, por isso estou cá até hoje!

O que mais o motiva e quais as maiores dificuldades, no dia a dia, no desenvolvimento do seu trabalho?

O que mais me motiva é a interação com a comunidade académica, principalmente com os alunos. Somos a extensão dos Serviços, e, naquilo que é a política dos SASUM, tentamos fazer com que o aluno se sinta em casa. Gosto que se sintam bem, que se sintam à vontade, até mesmo para nos chamarem a atenção de alguma coisa não está bem no serviço que prestamos, pois podem ajudar-nos a melhorar. Gosto desta interação, motiva-me a estar aqui, motiva-me a prestar um serviço de qualidade.

O que por vezes me desmotiva é o facto de os próprios responsáveis não terem mais autonomia de decisão, devido à própria burocracia que existe nos serviços do Estado, o que leva a que muitas vezes não consigamos prestar o serviço que gostaríamos.

Como caracteriza o trabalho que é feito no Departamento Alimentar, em particular na sua área?

O trabalho feito no Departamento Alimentar e em todas as suas unidades alimentares é essencial no apoio à população universitária, fornecendo refeições sociais, bem como uma enorme diversidade alimentar. Na minha área, em particular a nível dos bares, somos nós que damos a cara pelo serviço, somos a interação direta com o cliente, e por isso, acabamos por ser a imagem do serviço que prestamos.

Quais são as melhores e as piores memórias que tem do seu trajeto nos SASUM?

As melhores são quando entrei aqui. Éramos muito poucos, tanto trabalhadores como estudantes, viamo-nos como uma família. Mesmo quando isto cresceu, continuamos a ser considerados uma família. Neste momento, o que mais me entristece é ser tratado com demasiado distanciamento, é verdade que temos uma dimensão muito grande e nem sempre é possível a mesma interação, mas é sempre possível tratar o trabalhador pelo nome, com consideração, e não como número. Neste momento sinto apenas que sou um

Também, o que mais me marcou, foi o facto de um dirigente, há uns anos, me ter magoado muito, não teve consideração, não me deu o benefício da dúvida,  “condenou” e depois é que foi investigar. Essa atitude foi o que mais me marcou nesta casa, algo que me fez sair daqui três anos.  Hoje está tudo bem, mas ficou a mágoa.

Como olha para o futuro?

Estou sempre esperançado que o futuro nos possa trazer melhores situações. Em termos de serviço, isto tem tendência a crescer e quanto mais crescer mais problemas vai ter, mas se o trabalhador se sentir acarinhado vai acarinhar o cliente. Aqui será sempre um jogo de interação, se eu estiver alegre vou passar essa boa disposição às pessoas. Pessoas felizes fazem pessoas felizes. Quem gosta do atendimento ao público, esta é a melhor casa para se trabalhar, estes são os melhores clientes. 

Curiosidades

O que o marcou?

O nascimento do meu filho.

O que ainda não fez?

Gostava de concluir o 12.º ano. Estou a tentar, estou-me a esforçar para isso.

Ainda tem um grande sonho?

Sim. Gostava de ter uma infraestrutura minha, um negócio meu neste ramo.

Livro?

Bíblia.

Uma música e/ou um músico?

Sou romântico. Gosto muito de Roberto Carlos.

O que gosta de fazer nos tempos livres? 

Passear e jardinagem. Neste momento tomo conta de jardins.

Vício?

Pelo trabalho.

Um lugar?

Gostava de voltar a Moçambique.

A Universidade do Minho?

A melhor universidade do país. Para mim significa tudo, significa o meu ser, estou cá há 42 anos.

 

Texto: Ana Marques

Foto: Nuno Gonçalves

Publicado em Deixe um comentário

Entrevista ao Reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro

Entrevista ao Reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro

Rui Vieira de Castro é reitor da UMinho desde 2017. A exercer o seu segundo mandato à frente da Academia minhota, assume um olhar de otimismo relativamente ao futuro.

Reeleito reitor da Universidade do Minho (UMinho) em 2021, Rui Vieira de Castro estará à frente dos destinos da Instituição até 2025. Pelo caminho, nestes mais de 5 anos, teve de lidar com uma crise pandémica, com um subfinanciamento cada vez mais estrangulador do esforço da Universidade, e agora, com uma guerra instalada na Europa que tem gerado impactos económicos e sociais avassaladores para a Universidade e para o país.

UMdicas esteve à conversa com o Professor, que numa longa conversa fez balanços, da sua prestação e da Instituição que lidera, traçou caminhos e projetos, deixou desejos e lançou apelos, deixando sempre patente a relevância do projeto da UMinho. 

  • Decorre o segundo mandato como Reitor da UMinho. Que balanço faz destes 5 anos à frente dos destinos da academia e quais são os principais projetos até final do mandato?

Fazer um balanço de 5 anos de Reitor, naqueles que foram os 5 anos que vivemos, é algo que não pode deixar de ponderar aquilo que foram fatores externos, que condicionaram de forma muito significativa e que tiveram grande impacto no funcionamento da Universidade.

Refiro-me muito particularmente àquilo que foram os dois anos em que o funcionamento da instituição esteve fortemente afetado pela crise pandémica. E agora, mais recente, por efeito do conflito instalado no centro da Europa, há um conjunto de impactos na sociedade e na economia que vieram criar uma circunstância nova e inesperada.

Isto não significa que este quadro de dificuldades tenha impedido a consolidação do projeto da UMinho e da sua capacidade de responder àquilo que são os objetivos que orientam a instituição. A este propósito gostaria de relevar alguns aspetos que me parecem fundamentais, e fá-lo-ia considerando aquilo que são as várias dimensões de atuação da Universidade, ou seja, no domínio da educação, no domínio da investigação e da inovação e no domínio da interação com a sociedade.

Relativamente ao domínio da educação, nestes 5 anos, a UMinho continuou a crescer, de forma significativa, em número de estudantes. Estamos hoje com cerca de 21 000 estudantes, um crescimento de aproximadamente de 2000 alunos face àquilo que era o corpo discente da Universidade há 5 anos. Este crescimento representa, evidentemente, aquilo que a instituição é capaz de oferecer, representa também um significativo grau de adequação daquilo que é a nossa oferta educativa, àquilo que são as expectativas e necessidades das pessoas. Mas representa, também, o quadro daquilo que tem sido a chegada ao ensino superior, que se tornou muito evidente ao longo dos últimos anos, de um maior número de pessoas. Há um crescimento generalizado na procura do ensino superior. Esta capacidade da UMinho responder àquilo que é a procura social tem sempre presente a necessidade de adequação da oferta educativa àquilo que são necessidades da economia e da sociedade, àquilo que são aspirações das pessoas. A UMinho é uma instituição de ensino superior cada vez mais relevante para as pessoas, e isso é visível no aumento da procura de que ela é objeto. Temos clara consciência de que a procura da educação superior e a chegada das pessoas à Universidade é apenas uma condição para a Universidade cumprir a sua missão, porque, de seguida, o que se espera é que a Universidade seja capaz de assegurar que as pessoas que cá chegam, cá permaneçam, obtenham os seus graus em tempo útil, que a sua qualificação seja efetiva e que depois a transição para os mercados de trabalho, seja também bem sucedida.

Nesta perspetiva, e queria também relevar destes 5 anos, na UMinho fomos capazes de desenvolver um conjunto de iniciativas tendentes a acautelar a qualidade dos percursos académicos dos nossos estudantes. São iniciativas de várias naturezas, desenvolvidas em articulação com a Associação Académica, que tem a ver com o acompanhamento dos percursos, tal como a iniciativa que fomos expandindo das Tutorias, as Mentorias, que agora têm uma componente internacional, são excelentes exemplos desta preocupação. Como é também o esforço que tem sido colocado na qualificação pedagógica dos nossos docentes, uma preocupação central na atividade da Universidade, que tem vindo a fazer com que a UMinho venha assumindo, cada vez mais, um papel muito relevante na dinamização de um processo que é visível em Portugal de promoção da capacitação pedagógica dos docentes do ensino superior, e também com expressão no contexto internacional, designadamente no fórum que a Associação Europeia de Universidades tem para trabalhar estas matérias.

Esta preocupação com a qualidade da educação, traduzida num conjunto de iniciativas concretas, é também, do meu ponto de vista, um resultado muito importante da nossa atividade ao longo do tempo.

Olhando ainda para os estudantes, diria ainda que estamos a dar hoje, passos decisivos para uma velha aspiração da Universidade, que era a do alargamento do seu parque de residências universitárias. Este projeto foi iniciado em 2018, no quadro do Plano Nacional de Alojamento de Estudantes do Ensino Superior, que acabou por não ter o efeito esperado, mas que agora, no quadro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), ganhou de facto um impulso novo. Candidatamos dois projetos principais, uma residência em Braga e outra em Guimarães, com circunstâncias distintas. Em Guimarães o projeto é assumido integralmente pela Universidade, em Braga, o dono da obra é a Câmara Municipal de Braga, embora tenha havido aqui uma intervenção muito significativa da Universidade na conceção do próprio projeto, e as coisas encaminhar-se-ão para que a Universidade venha a assumir a gestão do edifício da Fábrica Confiança.

Gostava ainda de relevar que o Colégio Doutoral é uma estrutura que está, de facto, a contribuir de forma muito significativa para a melhoria da qualidade da educação doutoral na UMinho, respondendo àquilo que ela deve ser em termos de práticas associadas, em termos de integridade e ética académica, práticas relacionadas com os modos de promover a orientação dos estudantes, com a capacitação em dimensões transversais dos próprios estudantes de doutoramento, de preparação para a sua inserção também noutros contextos que não apenas os conselhos científicos, também de construção de referenciais de qualidade. Estamos a falar de um projeto que tem sido de qualidade e que se afirmou de forma significativa na nossa instituição.

Quando olho para o campo da Investigação e da Inovação, diria que os aspetos principais se prendem com a consolidação do corpo de investigadores da Universidade. Temos os nossos estatutos, a nossa legislação, a investigação está adequadamente enquadrada, mas a verdade é que só muito recentemente podemos falar de um verdadeiro corpo de investigadores de carreira da Universidade. Por outro lado, e tendo em conta decisões que foram tomadas pelo Governo, temos uma alteração que é qualitativa e significativa do estatuto dos investigadores, da natureza do contrato que têm com a Universidade. A verdade é que em todo este contexto, a Universidade tem hoje à volta de 380/400 investigadores contratados, muitos deles contratados para desenvolvimento de projetos de investigação e inovação, mas, destes, cerca de 10% são já investigadores de carreira. Esta é de facto uma alteração qualitativa muito importante.

Regressando à avaliação dos 5 anos, o que importa notar, apesar de todas as dificuldades que mencionei, é a enorme vitalidade que a instituição tem. Hoje temos mais de 750 projetos de investigação e desenvolvimento em curso na Universidade, com um orçamento que ultrapassa os 200 milhões de euros. Este número de projetos coloca enormes desafios à nossa máquina administrativa que nem sempre tem tido suficiente capacidade de resposta, como também desafios de outra ordem são colocados por aquilo que é alguma dificuldade das entidades financiadoras em, atempadamente, procederem aos reembolsos da Universidade. Depois, é evidente que essa vitalidade tem expressão naquilo que é a avaliação que é feita do nosso sistema de unidades de investigação, temos cerca de 90% dos nossos investigadores em unidades que estão classificadas como “excelente” ou “muito bom” nas avaliações da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), o número de publicações científicas da UMinho continua a crescer regularmente ao longo dos anos. Tivemos também ocasião de ter uma participação que cresceu significativamente: estamos hoje presentes em 9 laboratórios associados, em 13 laboratórios colaborativos e isto representa o salto daquilo que é a atividade científica da Universidade.

Olhando para o plano das infraestruturas, vamos ter, muito proximamente, a abertura do novo edifício do 3Bs, no AveParque, uma infraestrutura científica de grande qualidade.

Ao nível da Interação com a Sociedade, esta faz-se de muitas maneiras. Uma forma de o fazer são os projetos que desenvolvemos em colaboração com entidades de natureza empresarial, Bosch, Continental, Sonae, são exemplos de entidades com as quais vimos desenvolvendo projetos de grande impacto, que envolvem um elevado número de recursos financeiros, supõem a criação de emprego altamente qualificado, que se traduzem na própria alteração da produção destas empresas, da riqueza que são capazes de criar. Isto é uma marca da Universidade que tem de ser sublinhada. Conseguimos também neste período, reforçar a nossa intervenção no quadro de projetos com estas características.

Mas não se restringe a esta dimensão aquilo que são as formas de interação que temos com a sociedade. Há outros instrumentos, há outras figuras, outros recursos que nós temos e que gostaria de relevar. Entre eles encontram-se, evidentemente, a nossa Rede Casas do Conhecimento, um projeto notável, por aquilo que representa de articulação entre a Universidade e as autarquias da região. As nossas unidades culturais que também elas desenvolvem uma atividade sistemática, seja de preservação, seja de disponibilização e divulgação de património cultural. Neste período fizemos exposições que foram marcantes, a exposição sobre o André Soares ou sobre o Espólio da Diamang, foram marcos nesta nossa atividade de divulgação do património cultural. Vamos colaborando com entidades da nossa envolvente através de outras estruturas específicas, como é o caso da Associação de Psicologia ou do Projeto P5 da Escola de Medicina que, operando na área genérica das ciências da saúde, tem dado contributos importantíssimos no quadro das relações que temos vindo a estabelecer com os municípios. Este tipo de intervenção estruturada, sistemática, significa também a passagem para um outro plano dos nossos modos de relação com os municípios e com as populações, nestes casos concretos, através da prestação de cuidados de saúde, seja numa lógica preventiva, seja numa lógica de intervenção. Ainda nesta relação com os municípios, relevo a vitalidade desta relação, desde logo com as cidades onde estão os campi da UMinho, Braga e Guimarães, foi neste período que pudemos começar a contar com as instalações do edifício do Teatro Jordão e da Garagem Avenida, infraestruturas de grande qualidade, mas temos outros projetos com este município. Estamos também a fazê-lo em Braga, recordo o projeto do Convento de São Francisco, como exemplo maior da colaboração que vamos tecendo, sendo que também é verdade que nos vamos articulando com outros municípios, no sentido da instalação de novos polos da Universidade, polos de natureza diferenciada, mas que não deixam de ser polos de atividade da UMinho. Isto tem-se conseguido de uma forma muito interessante com Famalicão, e agora com Esposende, orientando a atividade nestes, sobretudo para a investigação e inovação.

Diria, por fim, que, nesta estratégia de interação com a sociedade, a UMinho Editora tem vindo a fazer um trabalho notável de divulgação daquilo que é a produção académica, mais genericamente, intelectual dos membros da UMinho, aberta também à colaboração de pessoas externas à Universidade, mas que se está a afirmar como um projeto de grande qualidade.

Estes são, de facto, os grandes marcos que, nestes três eixos fundamentais de atuação da Universidade, gostaria de sinalizar. Claro que isto é efeito de uma comunidade que tem sido caracterizada por uma grande capacidade de resiliência, resistindo muitas vezes a condições adversas, mas não esquecendo nunca aquilo que são os nossos objetivos fundamentais.

Sobre os próximos anos, temos no domínio da Educação, uma grande ambição que é a da reorganização da oferta educativa da Universidade. A nossa oferta educativa é fortemente estruturada sobre cursos conferentes de grau, e estamos a procurar complementar, de uma forma que queremos um alargamento e complexificação da oferta educativa, procurando torná-la sensível àquilo que são necessidades que se exprimem na procura de uma oferta que não é necessariamente conferente de grau. Cursos de curta duração, orientados para a promoção da aquisição de determinado tipo de conhecimentos, competências e capacidades. Este é hoje um objetivo que do nosso ponto de vista a instituição deve perseguir, e que já está a ser materializado em outras instituições no plano internacional.

O outro objetivo prende-se com o facto da qualidade da investigação e da inovação produzida na nossa Universidade. O reforço do corpo de investigadores é um objetivo que está assumido, vamos ter uma circunstância particularmente difícil por efeito do término dos contratos das pessoas que estão entre nós ao abrigo da norma transitória do Decreto-Lei nº 57/2016. Estas pessoas vão ter que, de algum modo, ter condições para a prossecução da sua atividade, a Universidade está preocupada com isso, está a fazer o seu percurso, está a fazê-lo através da criação de uma carreira específica de Técnico Superior de Gestão de Ciência e Tecnologia, estamos também a procurar que junto do ministério sejam desencadeadas medidas que confiram maior autonomia às instituições para desenvolverem aquilo que são políticas de ciência próprias. Portanto, vamos ter um período que vai ser muito estimulante deste ponto de vista, sendo que para nós, uma coisa que é clara, queremos reforçar a nossa posição, queremos continuar a aumentar o número e a qualidade da nossa produção científica, queremos reforçar a carreira de investigação dentro da Universidade e queremos prosseguir o desenvolvimento de projetos de inovação. E aqui, as chamadas agenda mobilizadores, projetos que envolvem as universidades, instituições de investigação, entidades do sistema empresarial, são projetos absolutamente fulcrais para nós. Estamos num largo número de agendas mobilizadoras, em 18, agendas que têm como objetivo, contribuir para a transformação do tecido empresarial em Portugal, da qualificação da nossa economia e desenvolvimento da nossa sociedade. A Universidade está fortemente comprometida com esse tipo de projetos, diria que na área da inovação, esse é o grande objetivo que se nos coloca, criação de condições para que a nossa intervenção nas agendas mobilizadoras seja capaz de ajudar, de dar contributos reais para a transformação do país.

Outra área que projeto como de grande relevância para a instituição, prende-se com a internacionalização da Universidade. Esta faz-se a partir de múltiplos instrumentos, mobilidade de estudantes e docentes, práticas de cooperação internacional no âmbito da cooperação estão muito consolidadas dentro da Universidade, agora, temos uma realidade nova que nos é criada pela participação na Aliança Europeia Arqus. A contribuição para a consolidação da Arqus e a internalização na Universidade daquilo que são as possibilidades que a Arqus abre, são também objetivos fundamentais para este mandato.

Em suma, os grandes objetivos serão a aposta na formação não conferente de grau, aproveitando o caminho aberto pelos programas impulsos do PRR, mas que queremos que ultrapassem o tempo de concretização desses programas. Na área da investigação, o reforço das carreiras e o reforço das nossas unidades de investigação. Na interação com a sociedade, as agendas mobilizadoras, não esquecendo também a necessidade de continuarmos a nossa atividade na esfera cultural que estamos a perspetivar, através de uma redefinição das formas de articulação das várias unidades culturais. A ideia é a definição clara das políticas culturais da UMinho, e que não podem ser aquelas que existiam há 5 anos ou 10 anos, porque, entretanto, o tecido cultural, felizmente, tornou-se muito mais rico e complexo, por isso, agora tem de ser apropriado de uma forma diferente e muito em rede com aquilo que são as outras entidades que compõem o tecido cultural. 

Olhando para dentro da instituição, diria que há dois tipos de projetos principais. Um prende-se com o repensar da Universidade como organização, a Universidade cresceu muito, tornou-se muito mais complexa, o contexto envolvente é muito mais desafiante, coloca-nos novos problemas e requer novas respostas, e nós temos de adequar a nossa organização a esta realidade interna e externa. A revisão dos estatutos, que está já lançada e que esperamos que esteja concluída ao longo de 2023, busca precisamente isso. A proposta está entregue no Conselho Geral, ela admite a criação de novas unidades dentro da Universidade. Vamos ainda este mês, desencadear o processo de revisão do Plano Estratégico da Universidade, documentos importantes para a definição daquilo que é o nosso futuro.

Ainda nesta esfera interna, é nossa grande ambição, criar outro pelouro, que está previsto na equipa reitoral, sobre simplificação e modernização administrativa, aspetos que, para nós, são absolutamente fundamentais. As exigências hoje colocadas sobre a administração da Universidade são muito grandes e, por isso, temos de encontrar caminhos de simplificação administrativa por um lado, e temos de encontrar também caminhos de modernização de todos os nossos sistemas de informação. Esses são dois grandes objetivos, duas grandes ambições neste particular para a Universidade, isto é, precisamos de tornar mais simples os nossos procedimentos, mas também sermos capazes de nos dotar das ferramentas, dos instrumentos que permitam essa simplificação. São dois projetos que estão já em curso e que passam, desde logo, pela revisitação de tudo o que são processos administrativos dentro da Universidade, passa também pela aquisição de novas ferramentas, de novas plataformas informáticas que nos permitam gerir, designadamente, tudo aquilo que são os recursos humanos da instituição e toda a área financeira.

Falando agora da área financeira, diria que uma grande preocupação e objetivo, prende-se com a sustentabilidade financeira da própria instituição. Se não tivermos garantida essa sustentabilidade, não conseguimos concretizar, de forma adequada, a nossa missão. Foi nesse sentido que lançamos o novo modelo de elaboração e aplicação dos orçamentos, criando condições para uma maior autonomia e responsabilidade das nossas unidades orgânicas. 

  • Como vê o papel do Reitor neste meio diverso que é o da Universidade? Sente que tem sido um bom líder?

O que eu sei é que as circunstâncias em que estamos são particularmente difíceis e desafiantes, pelos condicionalismos externos, também por aquilo que é um processo doloroso de transformação interna da própria Universidade, isto num contexto de rarefação de recursos financeiros, que não nos permitem contratar as pessoas que gostaríamos, que não nos permite adquirir todas as ferramentas que necessitaríamos, por efeito daquilo que é subfinanciamento, que é crónico da UMinho face a outras instituições de ensino superior. Estas são as condições objetivas, evidentemente, seria muito mais feliz se tivesse outras condições externas, mas eu sabia que essas eram as minhas circunstâncias. O que posso dizer é que tenho feito o meu melhor, estou rodeado de pessoas em quem deposito grande confiança, procuramos permanentemente incutir nas pessoas, dentro da organização, a importância de não perdermos de vista aquilo que são os objetivos essenciais da Universidade, e, portanto, de não perdermos energia face à adversidade das condições.

O meu papel, entendo-o como o de ser capaz de carrear para dentro da Universidade um capital de esperança, e faço-o recordando aquilo que de muito bom temos feito, mesmo em circunstâncias muito difíceis, e também sinalizando que há no horizonte novas possibilidades, sobretudo aquelas que podem decorrer da alteração do modelo de financiamento das instituições de ensino superior. Esse tem sido o nosso problema fundamental. A UMinho não está a ser adequadamente financiada, isso foi reconhecido pela Senhora Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior aquando da preparação do Orçamento do Estado (OE) para 2023. A nossa Universidade deveria ter sido dotada de mais 14 milhões no orçamento e isto faria toda a diferença para nós. Lamento muito esta circunstância, tenho procurado dizer à comunidade que estando todos nós conscientes da injustiça enorme que está a ser cometida com a Universidade, tenho para mim que não podemos, em caso algum, desistir do nosso compromisso que não é alienável com as pessoas, com a região e com o país, que espera os contributos da UMinho e tem-no demonstrado em contínuo.

Não me cabe fazer uma avaliação da minha atuação, apenas posso dizer que tenho muito claro qual é o caminho que a Universidade deve seguir, estou rodeado de pessoas que interpretam, do meu ponto de vista, de forma adequada esse rumo para a instituição. Temos uma preocupação fundamental de mobilizar a comunidade em torno desses objetivos, aliás, é isso que explica todo o esforço que temos feito para partilhar com as unidades orgânicas, indo às unidades, reunindo com a frequência necessária com as nossas unidades, no sentido de, em permanência, procurar motivar as pessoas, o que às vezes não é fácil dada a adversidade das circunstâncias. 

  • É um “filho” da UMinho. Foi aluno, professor, investigador, teve cargos de gestão e de responsabilidade em várias funções. Revisitando este trajeto, o que lhe apraz dizer em relação a si e sobre a UMinho? Para além da faceta de Reitor, como se interpreta como pessoa e como cidadão? Consegue ter tempo para fazer coisas por prazer e não só por obrigação?

O meu percurso de vida é quase indissociável da Universidade. Cheguei à UMinho, como estudante, em 1976, e com uma escassa interrupção de 4 anos, fiz a minha vida nesta Universidade. Pude acompanhar e viver a notável transformação que a Universidade teve, só possível, a meu ver, por duas circunstâncias. Primeiro, os fundadores da UMinho tinham uma visão muito clara de qual deveria ser o projeto da Universidade e dos seus objetivos, as articulações, as conexões, as relações que a Universidade tinha de procurar estabelecer, e também sobre a forma de organização da própria Universidade. Foi isso que tornou possível, também em situações extremamente difíceis, que a UMinho se tivesse conseguido afirmar. Segundo, as pessoas que fizeram a Universidade, as sucessivas gerações de estudantes, professores, trabalhadores que construíram esta instituição e a tornaram uma instituição de referência como é hoje. A perceção desta história e também a minha participação, responsabiliza-me. O meu tempo organiza-se, sobretudo, em função daquilo que é a vida da Universidade, sobretudo quando o contexto é difícil. Isto acontece também, primeiro, porque consigo encontrar compreensão por parte da minha família, que é, objetivamente, prejudicada pelo exercício destas funções, nestas circunstâncias. Mas isto não me anula como pessoa multidimensional, tenho que, obviamente, encontrar espaços para estar com as pessoas de quem mais gosto e para fazer coisas de que gosto muito. Não prescindo de ler, sempre fui um grande leitor de ficção, de ensaio e de poesia, e continuo a sê-lo, sempre fui um grande apreciador de cinema e continuo a sê-lo, gostaria de praticar mais desporto do que aquilo que pratico, mas é assim. É uma circunstância de vida muito desafiante, mas que não anula a minha multidimensionalidade. 

  • Quais foram os maiores desejos que formulou neste 49.º aniversário desta Academia?

Aquilo que exprimi foi a aspiração de que a UMinho pudesse olhar para aquilo que é a sua missão, revisitando-a, repensando-a em função de novas circunstâncias. O mundo está a mudar de forma muito acelerada, não imaginaríamos que uma crise pandémica se iria abater sobre nós como se abateu, não imaginaríamos que teríamos hoje, a situação política que temos, bem perto de nós, e nos afeta, obviamente, também. Aliás, estamos numa situação política que é muito complexa por efeito da guerra. Estas circunstâncias vão-se alterando de forma cada vez mais rápida, a Universidade deve ser capaz de ver um pouco além da sua circunstância imediata, de se projetar no futuro a partir das antecipações desse mesmo futuro. Portanto, o meu desejo é que a Universidade possa fazer isso, seja capaz de se adequar, sendo que esta adequação não pode inibir a sua natureza de universidade, de casa do conhecimento, e que por isso, tem responsabilidades muito particulares, mesmo de intervenção. A Universidade tem que, por um lado, ser capaz de considerar, de ponderar aquilo que a rodeia, mas fazê-lo também na perspetiva da ação sobre o que a rodeia, enquanto se torna capaz de incorporar aquilo que sobre ela é projetado no exterior. Esta capacidade de se moldar em torno do seu papel transformador, é também aquilo que eu gostaria que a Universidade conseguisse fazer.

Fazer isto, obriga-nos a considerar a organização da Universidade, a considerar aquilo que queremos fazer enquanto instituição de educação, de investigação, promotora do desenvolvimento cultural, social, económico da região e do país onde estamos. O meu voto maior é que a Universidade seja capaz de se continuar a perspetivar como instituição que corresponde às aspirações que sobre ela são projetadas, mas também como instituição que é capaz de transformar o seu contexto. 

  • A UMinho faz, em 2024, 50 anos. Como será assinalada esta data e que marca se pretende deixar?

O programa das comemorações foi apresentado no 49.º aniversário da Universidade, é um programa ambicioso que se vai estender por 2023 e 2024, é um programa que está orientado por algumas ideias fundamentais. A primeira ideia quer-se que seja um momento de celebração de um percurso (a Universidade fez coisas muito relevantes, transformou-se, ajudou a transformar a região e o país) e isso deve ser festejado. Depois, as celebrações não são um momento de natureza nostálgica, nem estão centradas na celebração de um percurso até aqui, elas assumem claramente outro objetivo, o da projeção do futuro na Universidade. Há uma série de eventos que vamos realizar que tem precisamente essa orientação, ou seja, chegados aqui, como é que pensamos os próximos 10, os próximos 20 ou os próximos 50 anos da Universidade.

Depois, como qualquer comemoração, ela tem que ter uma natureza de festa da própria comunidade, vai haver momentos dessa natureza com os quais se vai procurar também consolidar o próprio espírito de solidariedade dentro da Universidade.

É um programa ambicioso, com objetivos bem definidos, que pretende sinalizar a Universidade como detentora de um património relevante, mas sobretudo, como detentora de uma visão para o futuro da instituição, da região e do país. 

  • Considera-se que a UMinho integra o painel das chamadas “Universidades jovens”. Quais os principais aspetos que destaca neste projeto e que a diferenciam de universidades mais clássicas como a de Lisboa, do Porto ou de Coimbra?

A criação da UMinho em 1973, acontece no contexto de transformação muito profunda do ensino superior em Portugal. De alguma forma tinha sido iniciada um ano antes, com a criação do ISCTE, depois com a criação da UMinho, Aveiro, Nova de Lisboa e Évora. O aparecimento destas universidades reconfigura radicalmente o sistema de ensino superior em Portugal, que até então estava limitado a Lisboa, Coimbra e Porto.

Estas universidades, quando chegam, encontram um programa muito consolidado e têm que se afirmar, por isso, têm que ser capazes de construir um projeto diferente e inovador, era isso que nelas estava depositado. A verdade é que o conseguiram e hoje não há quem não reconheça a importância que estas universidades novas tiveram. Conseguiram inovar na educação, desenhando novas ofertas educativas, pensando formas diferentes de organização dos cursos, apostando na interdisciplinaridade, articulando-se de uma forma nova com o meio envolvente, olhando também de uma forma diferente a questão das carreiras dos professores, estimulando o recrutamento de pessoas de outras instituições e instituições estrangeiras ou colocando os seus professores a fazer formação no estrangeiro, consolidando relações internacionais, tudo isto alterou significativamente o panorama do ensino superior em Portugal.

O que nós somos hoje é devedor daquilo que são as nossas instituições mais antigas, mas é muito devedor daquilo que as novas instituições foram capazes de aportar e, estou em crer, contaminaram as outras universidades.

Diria que quem, nos anos 70, pensou este futuro para o ensino superior, e figura maior desse pensamento foi o Professor Doutor Veiga Simão, tinha, de facto, uma visão justa para o ensino superior em Portugal e para o país.

O que as instituições de ensino superior têm vindo a fazer, de facto, é dar corpo a essa visão, naturalmente, com projetos diferenciados, mas acho que o balanço a fazer é francamente positivo. 

  • A história recente da Universidade ficará, naturalmente, marcada pela crise sanitária provocada pela Covid19. Apesar de tudo de negativo que trouxe, podemos dizer que o período foi aproveitado pela Universidade como uma oportunidade? Em que aspeto/dimensão?

Num primeiro momento, a crise sanitária é percecionada, sobretudo, como uma ameaça para a Universidade. Veio pôr em causa modos tradicionais de funcionamento das organizações universitárias. Aquilo a que a crise sanitária nos obrigou foi, de alguma forma, a reinventarmo-nos, a procurar forças e saberes que não sabíamos que tínhamos, para se procurar garantir aquilo que era o essencial para a Universidade.

Aprendemos muito neste processo. Em relação à organização interna, desenvolvemos processos internos, percebemos que o teletrabalho é uma possibilidade real para certos setores de atividades em que as funções sejam compatíveis, aprendemos que muito do nosso trabalho académico podia ter outras formas mais expeditas de realização, aprendemos que a nossa ação educativa pode beneficiar muito para além daquilo que nos era percetível de novos instrumentos tecnológicos. Hoje olhamos para a educação no ensino superior de um modo diferente do que olhávamos antes. Não se pensa regressar aos tempos pré-pandemia, o que se pensa é em novas formas de previsão da educação, com recurso a ferramentas tecnológicas que podem traduzir-se em ganhos efetivos para as pessoas. Portanto, diria que sim, há aprendizagens feitas que nos levam a valorizar mais aquilo que tínhamos antes da crise pandémica, há novas forma de nos organizarmos, novas formas de fazer que fomos adotando. Portanto, é indesmentível que há um impacto real da crise pandémica. 

  • A situação de subfinanciamento da UMinho continua a subsistir? Que valor foi transferido para a UMinho pelo Governo no Orçamento do Estado de 2023. Houve mudanças com a alteração de ministro na pasta do Ensino Superior relativamente ao financiamento do ensino superior e, em particular, desta Universidade?

Há uma alteração que é verdadeiramente importante. As universidades estavam a ser financiadas de acordo com um histórico, quer isto dizer que em 2009, o financiamento disponível no OE para distribuir às universidades foi dividido de acordo com um determinado modelo (número de estudantes, massa salarial), isso significou que “A” teve determinada percentagem de financiamento, “B” teve tanto, e “C” tanto… e, aquilo que se passou de lá até agora foi praticamente a manutenção dessa distribuição percentual. Isto implicou que as universidades que foram crescendo, em número de alunos, cursos, intensidade de trabalho científico, não viram reconhecido esse esforço. A UMinho cresceu muito significativamente em número de alunos e esse crescimento não teve tradução em crescimento de financiamento. Portanto, a Universidade, desse ponto de vista, quantos mais alunos admitia, dando resposta positiva à procura social, mais prejudicada foi ficando. Isto criou-nos, em determinado momento, uma situação muito difícil, de que foi sendo dada conta aos responsáveis políticos que permaneceram na aplicação desse modelo. Na verdade, quando a UMinho cresceu, foi penalizada por isso. Nós tivemos, ao longo de 2022, uma ação muito intensa de várias universidades, junto dos vários atores políticos, procurando sensibilizá-los para o desastre a que estavam a conduzir estas instituições, caso não fossem sensíveis à necessidade de responder àquilo que eram os requisitos de que as universidades tinham que dispor para cumprir a sua missão.

E, pela primeira vez, em 2022, os responsáveis do ministério e o Governo, reconheceram que esta era uma situação iníqua. Foi reconhecido no papel que a UMinho e outras universidades, que se aplicadas as regras que estão em vigor para financiamento da instituição, a UMinho deveria ter um aumento na ordem dos 17 milhões de euros. Não teve 17 milhões, mas, pela primeira vez, a UMinho foi diferenciada positivamente, foi-lhe atribuído um financiamento adicional corretivo de cerca de 2,5 milhões de euros. É um valor claramente insuficiente relativamente ao que devia caber à Universidade, mas é um sinal importantíssimo, pois assenta no reconhecimento que de facto a Universidade não está a ser adequadamente financiada. Há aquele valor que a este propósito costumamos sempre mobilizar: o estudante da UMinho é financiado em 1/3 do que são financiadas algumas instituições em Portugal. Isto é absolutamente inaceitável, traduz-se em prejuízos enormíssimos para a Universidade. Nós, com a atualização daquilo que decorre do contrato-programa para as universidades portuguesas, e depois com esta diferenciação da UMinho e das outras universidades mais subfinanciadas, passamos de 68 milhões para 73 milhões de OE, mas devíamos estar na ordem dos 85 milhões. A Sra. ministra tem anunciado a intenção de rever a fórmula de financiamento, de forma a que ela tenha impacto já no próximo ano, ou seja, no orçamento de 2024. Se tal não se verificar, ela manterá a sua opção de diferenciar positivamente as instituições que estão a ser mais fortemente penalizadas. Portanto, estou relativamente otimista, não em relação à correção repentinamente, não me parece que haja condições para isso se verificar, mas para uma correção num tempo razoável, que permita que a Universidade deixe de ser tão gravemente penalizada como tem sido. 

  • Muito se falou e continua a falar do PRR. Sobre as candidaturas da UMinho ao PRR, o que foi aprovado, que financiamento já recebeu a UMinho, que mudanças estamos a ver e vamos ver no futuro como reflexo das candidaturas aprovadas e outras que ainda vão ser feitas?

A UMinho, naquilo que lhe é possível, tem concorrido a todos os programas. Concorremos ao programa impulsos, a candidatura da UMinho foi das melhores classificadas, foi-nos atribuído um financiamento de cerca de 13,5 milhões, que nos está já a permitir proporcionar formação para adultos e para jovens, mas também suportar intervenções na nossa estrutura pedagógica, tecnológica e física. É um financiamento limitado, mas que nos vai permitir algum tipo de intervenções e requalificação das condições de trabalho e criação de condições para que as pessoas possam ser confrontadas com estas possibilidades de novas formações. Estamos a falar de um programa de 112 cursos, elaborado em articulação direta com empregadores, estamos muito esperançados naquilo que vão ser bons resultados.

Fizemos também candidaturas às residências, foi-nos já transferido um adiantamento dos 5 milhões que nos foi atribuído, portanto, também aí, um bom resultado para a Universidade. Apoiamos também a candidatura da Câmara Municipal de Braga que vai ser também financiada. Vamos ter, portanto, duas novas residências, e desse ponto de vista tivemos também boa capacidade de resposta daquilo que resultou da abertura de candidaturas. Terceiro eixo fundamental, eficiência energética dos edifícios. Apresentamos, há cerca de um ano, uma candidatura a um programa que abriu. Estamos ainda à espera dos resultados, o que é absolutamente incompreensível, quando se considera que este tipo de intervenções é prioritário. Essa candidatura, a ser aprovada como estamos convictos, permitir-nos-á intervenções em vários edifícios, nomeadamente nas cantinas.

Por outro lado, vários dos nossos investigadores, grupos, centros, estão fortemente envolvidos nas agendas mobilizadoras para transformação da economia, é um eixo fundamental do PRR. Estamos envolvidos em 18 agendas mobilizadoras, isso envolverá um financiamento para a Universidade acima dos 30 milhões. São projetos cuja execução se vai iniciar já.

Diria que, naquilo que são as possibilidades que nos estão abertas, estamos a fazer boas candidaturas, que estão a ser aprovadas, portanto, estamos a aproveitar estas possibilidades. Para nós, a lentidão dos processos e, por vezes, a indefinição é, às vezes, incompreensível. 

  • Existe, como todos sabemos, uma necessidade gritante de alojamento específico para estudantes. A UMinho tem, atualmente, uma oferta total de cerca de 1400 camas para cerca de 6000 alunos bolseiros. Quando estarão operacionais as novas residências em Braga e Guimarães? Estas vão resolver os problemas do alojamento? Estão a ser estudadas outras soluções neste âmbito?

Dos cerca de 6000 estudantes bolseiros que temos, a esmagadora maioria são estudantes deslocados. Temos cerca de 1400 camas. Estas duas novas residências representam um acréscimo na ordem das 900 camas, o que é bom, mas insuficiente, é necessário encontrar novos mecanismos. Na minha opinião, as decisões que foram tomadas relativamente a uma distribuição pelas residências universitárias por muitíssimos Concelhos, não é, do meu ponto de vista, a melhor das opções, deveriam ser nos centros onde há realmente estudantes em número significativo e carências reais. Não foi essa a opção que foi tomada. Esperamos que esta situação mais crítica para várias instituições e vários polos universitários continue a ser tida em conta pelo Governo. Isto vem minimizar o problema, mas não vai resolver o problema.

Há que reconhecer que, neste momento, há várias iniciativas de natureza privada que estão a decorrer, quer aqui em Braga, quer em Guimarães. O que não pode acontecer é o Estado prescindir da criação de condições para que todos os estudantes que assim o desejam, possam ter acesso a alojamento no ensino superior. 

  • Naturalmente, também os SASUM sofrem com o subfinanciamento. As queixas têm ocorrido, da parte dos estudantes e não só, em relação à degradação de serviços e instalações. O que nos pode dizer e que soluções estão a ser equacionadas?

Primeiro ponto, existe, de facto, um problema de subfinanciamento da ação social da UMinho. É mais um caso incompreensível. Não se percebe porque é que o financiamento per capita do estudante da UMinho, via ação social, há de ser menor do que o de outras instituições. Isto penaliza-nos uma vez mais, obriga-nos a assentar muito mais do que gostaríamos sobre receitas próprias, obriga-nos a desenvolver a nossa atividade no quadro de grandes constrangimentos, de não poder responder de forma tão imediata como gostaríamos que acontecesse relativamente às necessidades dos nossos estudantes. Estamos a procurar evitar aumentos, ao nível de transportes e alimentação, estamos a procurar encontrar respostas às deficiências que temos nas nossas residências que estão em funcionamento, há uma indicação clara aos Serviços para ser feito um levantamento dos problemas existentes nas várias residências e para a elaboração de um plano que, gradualmente, nos permita melhorar as condições de habitação dos nossos estudantes.

  • A UMinho continua a crescer em várias dimensões. Número de alunos, docentes, trabalhadores técnicos administrativos e de gestão, a nível da investigação e da internacionalização. Temos margem e queremos continuar a crescer em todas estas dimensões? Em que condições?

A Universidade adotou, ao longo da última década, uma estratégia de crescimento. Quando anunciamos esse objetivo institucional, fizemo-lo sempre na presunção de que esse crescimento beneficiaria das adequadas contrapartidas da parte do Estado, mas não é isso que tem acontecido. Pode a Universidade alhear-se daquilo que é a procura social? A meu ver, não. Não pode frustrar as expectativas legítimas das pessoas que querem procurar a Universidade. Mas é evidente que, ou esta situação de subfinanciamento é invertida, ou a Universidade se verá obrigada a repensar a sua própria estratégia.

Esta será uma matéria muito interessante para ser discutida no Plano Estratégico da instituição. 

  • No passado dia 20 de janeiro, foi discutida, em reunião do Conselho Geral, a Proposta de revisão dos Estatutos da Universidade do Minho. Em que ponto estamos do processo e quais as principais alterações que se pretende implementar? Quando será aprovado o documento?

O documento que foi entregue ao Conselho, é um documento em cuja elaboração a comunidade participou de forma muito ativa. Esta proposta assenta num determinado conjunto de vetores, entre os quais o vetor principal é o reforço da autonomia das Unidades Orgânicas. Isso estrutura muitas das alterações que estão a ser feitas. Prevê-se alguma simplificação dos órgãos da Universidade, prevê-se a criação de novas unidades, aquilo a que chamamos unidades interdisciplinares, de forma a permitir acolher projetos que não são enquadráveis apenas numa determinada unidade orgânica. Assumimos um princípio que nos parece importante de dupla afiliação interna, procuramos resolver a questão da pertença, quem é que é ou não membro da Universidade. Há de facto aqui um conjunto de alterações que são importantes, há uma simplificação do próprio documento. A ideia é termos uma instituição, mas ágil, mais policêntrica, e por essa via, mais capaz de responder às alterações no nosso contexto. 

  • Como caracteriza a relação com os municípios que acolhem a UMinho? Que projetos/planos mais relevantes existem atualmente, que visam acrescentar valor às várias partes?

É uma relação francamente boa. Temos, no caso de Braga, projetos partilhados em curso, temos agora a expectativa de, em todo o campus de Gualtar e a zona envolvente, podermos assumir soluções de mobilidade partilhadas com o próprio município e vamos trabalhar nesse sentido.

No caso de Guimarães, temos também uma relação muito especial, e que vai ser proximamente reforçada por aquilo que é já uma decisão tomada pelo município, relativamente à cedência de novos espaços, nomeadamente a Fábrica do Arquinho, espaço onde esperamos vir a alojar alguns projetos fundamentais para a Universidade, como são aqueles que se prendem com a Engenharia Aeroespacial, mas também a atividade de uma importante participada da UMinho, a Fibrenamics.

A propósito da comemoração dos 50 anos, vamos ter também um envolvimento muito forte destes dois municípios, que têm sido parceiros da Universidade, têm beneficiado muito da presença da Universidade, e querem também com esta associação às comemorações, marcar esta natureza própria de Guimarães e Braga como cidades universitárias. 

  • A Universidade, as suas Escolas, continuam a reclamar a falta de recursos humanos, muitos deles na academia quase desde a sua criação e, por isso, muito próximos da aposentação. O que está a ser feito, de forma a resolver e prevenir o problema futuramente, assegurando, inclusivamente, a transferência de conhecimento?

Esta questão do envelhecimento dos corpos da Universidade é conhecida, aliás, a administração pública portuguesa carece de uma resposta efetiva a este problema que é transversal a muitas organizações e instituições. No caso da UMinho, isto tem contornos muito particulares porque a contratação inicial dos professores da instituição aparece centrada num tempo bastante curto. Portanto, temos um número muito significativo de pessoas que foi conjuntamente envelhecendo ao longo do tempo e que agora se aproximam do momento da reforma, e isto pode colocar em causa uma questão essencial para a Universidade, que é assegurar uma transferência intergeracional do saber que foi sendo acumulado. Não é, no entanto, uma situação fácil de resolver no atual quadro. O que estamos a fazer é ir, na medida do possível, integrando pessoas novas para fazer face a necessidades decorrentes de novos projetos de ensino que temos, mas, não podemos deixar de o fazer de uma forma cautelosa, assegurando, por outro lado, que os docentes de raiz ou no quadro da progressiva substituição de pessoas, correspondem a necessidades efetivas que temos. É um problema que está identificado, é muito sério pelas implicações que pode ter na vida da Universidade, mas que não pode ser tratado de ânimo leve pelas questões da sustentabilidade financeira da Universidade, com as quais tenho de estar estatutariamente comprometido. 

  • Os SASUM fecharam 2022 com uma nova administradora e com o Plano de Atividades e Orçamento 2023 aprovado. Após um período muito complicado, já podemos falar em recuperação da sustentabilidade financeira?

Atravessamos anos muito difíceis, os anos da pandemia afetaram muito severamente a atividade dos SASUM e, na verdade, estávamos todos muito esperançados que o ano de 2022 e agora o ano 2023, fossem anos mais tranquilos e permitissem uma efetiva recuperação dos Serviços. Recordo que em áreas centrais como a alimentação, por exemplo, tivemos largos períodos em que a Universidade esteve encerrada, e de alguma forma, os públicos que os SASUM servem não estavam nos campi. Com a diminuição do impacto da pandemia, evidentemente, estávamos todos convictos que os Serviços iriam recuperar a sua atividade regular. Assim foi acontecendo, mas isto não significou que tivéssemos entrado num período propriamente de grande tranquilidade, porque estamos a ser apanhados por aquilo que é resultado de um processo inflacionário muito significativo e que tem impacto em bens que os SASUM utilizam para a sua atividade, e que vem colocando sobre nós especial pressão. Falo dos bens alimentares, mas podia falar da energia e do gás, que tiveram aumentos fortíssimos nos seus custos, e que, naturalmente, por isso, vão afetando também o funcionamento dos Serviços. Mas, dito isto, diria que teremos, em 2023, um ano de equilíbrio das nossas contas e até de alguma recuperação. Sendo certo que se nos vão impondo outras necessidades, designadamente aquelas que decorrem das obras de intervenção que temos de fazer em algumas das nossas residências.

Diria que estamos num quadro que é mais favorável que os dois anos anteriores, mas não deixa de ser um quadro onde existem algumas nuvens, e por isso, conseguimos antecipar algumas dificuldades.

Quero acreditar que aquilo que tem sido habitual nos Serviços, a disponibilidade das pessoas, o compromisso com a nossa atividade, nos vais ajudar a enfrentar melhor situações que são difíceis, mas que não nos impedem de continuar a perseguir aquilo é a razão fundamental de ser dos Serviços, que é de facto, prestar apoio em áreas essenciais aos nossos estudantes (alimentação, alojamento, desporto) e também à comunidade académica. Neste momento, está aprovado o Plano de Atividades e Orçamento para 2023, temos uma nova Administradora que saberá imprimir um rumo, certamente diferente aos SASUM, fruto da sua visão própria, mas garantindo que continuem a ser aquilo que é a sua razão fundamental ser, apoio à comunidade universitária e particularmente aos estudantes. 

  • Muito se fala na promoção do bem-estar e saúde mental dos trabalhadores nas instituições. O que tem sido feito na UMinho nessa direção, como tem sido avaliado junto da comunidade académica e qual a importância do tema para o Reitor da UMinho?

Esta é hoje uma preocupação essencial da direção da Universidade e é uma preocupação partilhada pelos responsáveis das instituições de ensino superior e de outras instituições e organizações do nosso país. Na verdade, a pandemia veio-nos pôr de sobreaviso e chamar a atenção para a importância da criação de condições que sejam fatores de bem-estar e de preservação da saúde mental das pessoas. Deste ponto de vista, os anos da pandemia foram, de facto, muito duros, por aquilo que representaram de alteração radical das formas de interação a que estávamos habituados, isso tornou-nos, de certa forma, mais sós, os laços relacionais foram afetados, o modo de viver alterou-se substancialmente, e modificações deste tipo têm naturalmente muito impacto sobre o bem-estar e sobre a saúde de todos nós.

Vivemos agora tempos difíceis por efeito da crise económica, a situação de guerra na Europa paira sobre todos nós e isto torna ainda mais premente uma atenção e cuidado especial às questões do bem-estar e da saúde mental.

Diria que, neste particular, aquilo que vem sendo feito, é a assunção de que estas são áreas de atuação relevantes para as comunidades e para a nossa comunidade universitária. É algo sobre o qual vale a pena pensarmos e refletirmos, algo sobre o qual vale a pena intervirmos. Tem havido várias iniciativas dentro da Universidade que têm vindo a funcionar como uma espécie de alertas para esta realidade. O objetivo é aumentar o nosso grau de consciência relativamente as estas matérias, depois, temos de estar preparados para desenvolver iniciativas concretas que de facto transformem o modo em que vivemos e trabalhamos dentro da instituição, de forma a torná-lo mais amigável. Aqui, há iniciativas que a Universidade pode tomar, mas esta é, claramente, uma daquelas áreas para a qual todos nos devemos sentir convocados. Passa por cada um nós, passa pela nossa ação, passa pela seleção de formas adequadas desta relação com os outros, a criação de um ambiente que nos torne desejosos de estar na Universidade e que não torne a presença na Universidade um fator adicional de pressão sobre as pessoas. Esta é uma responsabilidade de todos nós, todos nos devemos sentir obrigados a criar um bom ambiente de trabalho que permita que cada um de nós exprima aquilo que tem de melhor na sua atividade. Mas este é um percurso que estamos a fazer, diria que estamos ainda em sede de tomada de consciência da relevância destas matérias, mas há passos mais sólidos que têm de ser dados no sentido de se passar para a ação. Esta passa pela identificação de situações de risco, por iniciativas capazes de obviar essas situações de risco e também por iniciativas corretoras de situações mais críticas que possam ser identificadas. 

  • O arranque da construção da nova sede da Associação Académica (AAUMinho) será uma realidade em 2023? O que nos pode dizer neste âmbito?

Essa é a minha expectativa. Nós afirmamos um acordo com Associação Académica para a cedência de espaço, também apoiamos, em alguma medida, a elaboração do projeto que ficará no campus de Gualtar, e das últimas interações que tenho tido com a Associação, esse projeto, depois de alguns acertos, está muito próximo de estar pronto. A partir daí, o que se tratará é da formalização da cedência do espaço e depois o início da obra propriamente dita.

É uma obra que vai ser exigente no plano financeiro, vamos ter de encontrar formas de financiamento do edifício, felizmente, a Associação Académica foi capaz de ao longo do tempo ir acumulando verbas que permitem dar passos importantes no projeto. A Universidade, dentro daquilo que forem as suas possibilidades, cuidará de apoiar uma iniciativa que achamos que é absolutamente fundamental para melhorar as condições de atividade dos nossos estudantes, dos grupos culturais, das estruturas associativas. Como é sabido, o edifício da Rua D. Pedro V já não cumpre, adequadamente, este tipo de funções. 

  • A Universidade, através dos SASUM e em cooperação com a AAUMinho organizará, entre 16 e 23 de julho, o Campeonato Europeu Universitário de Voleibol 2023. Quais as perspetivas para este evento?

A UMinho, através dos SASUM e a AAUMinho têm uma já larga tradição de organização de eventos desportivos, seja à escala europeia, seja à escala mundial. Este é mais um evento cuja organização nos foi atribuída, temos uma experiência grande acumulada, que nos permite antecipar que este, como tem acontecido noutros casos, será um sucesso organizativo. É mais um evento que nos vai colocar especiais exigências pelas centenas de pessoas que vai envolver, não só atletas, como dirigentes, acompanhantes, técnicos, etc. Mas estamos a fazer a preparação que é necessário fazer em ocasiões como esta, os SASUM, e em especial o departamento de Desporto e Cultura, está fortemente comprometido com a preparação desta organização. Estamos certos que vai correr dentro daquilo que são as nossas melhores expectativas. 

  • Dos vários projetos, dos vários processos, dos vários temas que tem em mãos: qual é aquele que, manifestamente, quer concluir antes de terminar o seu mandato?

No desenho de ação que fiz para este quadriénio de 21-25, desenhei aquilo que me parece ser um programa exequível. Naturalmente, alguns dos projetos que estão ali equacionados, dar-me-ia especial gosto que fossem concluídos neste período. Refiro-me, em particular, às residências universitárias, porque elas responderiam a uma aspiração muito profunda e muito justa da Universidade e dos seus estudantes. Seria um projeto que me daria especial prazer.

Num outro plano, gostaria muito que no momento em que cessasse funções como reitor, tivéssemos já redirecionada a nossa oferta educativa, adequando-a às novas circunstâncias, gostaria também que a Universidade consolidasse ainda mais o seu papel de Universidade de investigação, gostaria ainda que a nossa instituição, no plano do seu funcionamento interno e da sua organização, fosse uma Universidade mais ajustada aquilo que são as necessidades próprias do nosso tempo. São algumas das iniciativas que gostaria de ver concluídas ao longo deste mandato. Sei, por outro lado, e é uma certeza que tenho, que a Universidade se manterá como um ator fundamental de desenvolvimento da região norte e do nosso país.

Finalmente, algo que me deixaria muito tranquilo e com o sentido de dever cumprido, seria ter contribuído, de forma significativa, para a melhoria da situação financeira da instituição, criando condições mais fortes para a sua sustentabilidade financeira, o que supõe, sobretudo, a revisão daquilo que tem sido o modelo de financiamento das universidades portuguesas e da UMinho, em particular.

São ambições significativas, que do meu ponto de vista são exequíveis, e se assim for, obviamente, ficarei satisfeito. 

  • Como habitualmente e para finalizar, que mensagem gostaria de deixar à Academia?

É uma mensagem que não pode ignorar os tempos de dificuldade que atravessamos, mas considerando esta natureza desafiante das nossas circunstâncias, a palavra que eu gostaria sobretudo de deixar, é uma palavra de esperança e uma palavra de otimismo no futuro da instituição.

A UMinho foi uma Universidade que cresceu continuamente em condições que lhe foram bastante adversas, mas foi capaz de contornar, de ultrapassar todas essas dificuldades, todos os obstáculos que lhe surgiram para se afirmar como uma Universidade de referência. É esta história que nos responsabiliza, que, do meu ponto de vista, deve suportar um olhar esperançoso e ambicioso para o futuro da instituição. Futuro que só se conseguirá construir se houver, da parte de toda a comunidade, um efetivo envolvimento. Um efetivo envolvimento com aquilo que são os grandes objetivos da instituição, tais como prover uma educação de nível superior para as pessoas, alargar as fronteiras do conhecimento humano, contribuir para o desenvolvimento social, cultural e económico da região e das pessoas e, dessa maneira, contribuir para um futuro mais promissor para todos nós e para o nosso país.

Queria ainda deixar uma palavra de agradecimento à resiliência evidenciada por todos, no modo como vamos enfrentando um tempo que é marcado por profundas dificuldades.

Mas o meu olhar é ainda e sempre, um olhar de otimismo relativamente ao futuro, que se baseia naquilo que é a nossa realidade atual, naquilo que é a nossa história, que não esconde dificuldades, mas que se baseia numa convicção forte acerca da relevância do projeto da UMinho para todos.

Texto: Ana Marques 

Foto: Nuno Gonçalves 

Publicado em Deixe um comentário

Percursos…Marco Monteiro

PERCURSOS…

Marco Monteiro é natural e vive em Braga há 46 anos.
Casado e pai de dois filhos, desempenha funções nos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM) há 17 anos.
Atualmente, faz parte do DAA, uma equipa com cerca de 23 trabalhadores.
 
Nesta entrevista, o trabalhador, adstrito ao Departamento de Apoio ao Administrador (DAA), mais especificamente, à Divisão de Fiscalização, Manutenção e Segurança, que se caracteriza como otimista, fala-nos do seu percurso de vida e experiência profissional, conta como é vivido o dia a dia, afirmando que a sua maior motivação é gostar do que faz.
 
Como chegou aos SASUM e qual o seu percurso profissional?

A minha vinda para os SASUM aconteceu um pouco por acaso. Fazia manutenção nos SASUM, na área da eletricidade, por conta de uma empresa externa. Em 2006, quando surgiu a oportunidade de vir trabalhar para os SASUM para a função de eletricista, vi uma oportunidade de me integrar no serviço público e melhorar as minhas competências. 

Há quantos anos está nos Serviços e quais são, atualmente, as suas funções?

Estou nos SASUM há 17 anos. Sou Assistente Operacional com funções específicas de eletricista. O meu trabalho é na base da eletricidade, no entanto, faço um pouco de tudo a nível da manutenção. No dia a dia, o meu coordenador retira da plataforma os pedidos para execução dos trabalhos a realizar naquele dia, a equipa segue o cronograma de forma a responder o mais rápido possível aos pedidos.

Gosta do que faz?

Gosto. 

O que mais o motiva e quais as maiores dificuldades, no dia a dia, no desenvolvimento do seu trabalho?                                                                                                                              

Gosto do que faço e essa é a minha grande motivação. O dia a dia é feito de desafios, uns trabalhos mais simples, outros mais complicados, e depois temos as situações/trabalhos em que não havendo constrangimentos de recursos materiais, torna-se mais fácil cumprir a nossa função. Tentamos sempre resolver os problemas, as situações da melhor forma possível para que as infraestruturas dos SASUM estejam sempre o mais operacionais possível e sem problemas. 

Como caracteriza o trabalho que é feito na Divisão de Fiscalização, Manutenção e Segurança, em particular na sua área?

A nossa Divisão é uma área transversal a todos os SASUM, os quais desenvolvem a sua atividade gerindo um parque de 16 edifícios de diferentes tipologias, entre eles unidades de serviço alimentares (24), desportivas (3), residências (10), armazéns (2) e a Sede dos SASUM. Nestes edifícios estão instalados vastos conjuntos diferenciados de equipamentos de suporte ao seu funcionamento, o que se reflete no amplo número operações de manutenção/intervenções em causa.

Falando especificamente da minha área, considero-o um trabalho gratificante e essencial para os Serviços, empenho-me sempre para que os pedidos sejam resolvidos o melhor possível e no menor tempo possível. 

Quais são as melhores e as piores memórias que tem do seu trajeto nos SASUM?

Guardo muito boas memórias do convívio que era feito na festa de Natal dos SASUM, era um momento muito bonito, era a única altura em que a família SASUM se juntava toda, Braga e Guimarães, era um momento de união, uma oportunidade de vermos e revermos pessoas que, por trabalharmos em locais diferentes, não temos grande contacto no dia a dia. Era um dia feliz de convívio e fiquei triste quando o momento deixou de acontecer. 

Como foi passar pela pandemia, a nível pessoal e profissional?

Foi uma altura complicada, inicialmente com medo de tudo e de todos, foi bastante confuso. Foi um período que me marcou por alguma solidão, tanto em termos de família como no trabalho. No serviço começamos a trabalhar por turnos para não nos cruzarmos, foi um período bastante triste em que passamos muito tempos sós. 

Como olha para o futuro?

Vejo o futuro com alguma incerteza, até pela conjuntura atual, mas espero que as coisas mudem para melhor, sou otimista por natureza. 

Curiosidades

O que o marcou?

O falecimento do meu pai tão repentino.

O que ainda não fez?

Uma viagem de avião.

Ainda tem um grande sonho?

Era pilotar um fórmula 1.

Livro?

Não sou de ler muito, na praia por vezes leio uma banda desenhada.

Filme?

Rambo 4 Sylvester Stallone.

Uma música e/ou um músico?

U2 Beautiful Day.

O que gosta de fazer nos tempos livres? Sou operador pirotécnico, dou luz e cor aos céus.

Vício?

Conduzir.

Um lugar?

Praia.

A Universidade do Minho?

Onde passo o maior tempo de vida.

Fonte: SASUM

Publicado em Deixe um comentário

“Profeta já nasce Profeta, apenas não o sabe”

“Profeta já nasce Profeta, apenas não o sabe”

Fundados a 13 de maio de 1991, a OPUM DEI são um dos grupos mais antigos da Universidade do Minho, irreverentes e polémicos, têm como grande marca o “SECRETISMO”.
 
Com um longo trajeto de 32 anos, nas suas aparições a Ordem Profética hostilizou e entreteve as massas, com sátiras, músicas e encenações, performances que prezam pela capacidade de improvisação. Tendo como pontos altos do ano, o “Velório da Gata” e o 1.º de dezembro, o grupo é composto por centenas de Profetas, constituído, na sua génese, por elementos do género masculino,

O UMdicas esteve à conversa com a direção do grupo para saber mais sobre a OPUM DEI, sobre a sua origem, trajeto, sobre os seus projetos e sobre o seu futuro.

A OPUM DEI – Ordem Profética da Universidade do Minho é um dos grupos culturais mais antigos da Academia Minhota. Como surgiu a ideia da sua criação?

Ser um dos grupos mais antigos da Fundação Minhota traz uma bagagem que poucas costas Minhotas conseguem carregar. Graças à genialidade de Profetas e à irreverência que só a eles pertencia, algures num barracão em parte incerta, dizem os registos que vigorava o ano de 1991, juntavam-se ilustres figuras para conviver e hostilizar. Foi então que algo maior do que eles, surgiu com a naturalidade com que estas coisas acontecem. Ficou fora do controlo deles e de todos os seus descendentes. Trilharam-se caminhos de glória onde só os predestinados vingaram, porque afinal: “Profeta já nasce Profeta, apenas não o sabe”. 

De que é feito este grupo e como se caracterizam?

Este é um grupo irreverente e, dizem as massas, o grupo mais polémico a pisar as humildes tijoleiras desta Fundação. A palavra da Ordem continua a ser SECRETISMO, é algo que prezamos imenso e que mantém a chama do grupo acesa. Somos feitos de Profetas e de planos sérios e devidamente organizados para, ao mínimo deslize, tomar os fascistas e imperialistas que reinam no cenário académico de assalto. 

Em que ano/data foi fundado o grupo?

Estamos desde 13 de maio de 1991, e desde que há memória, nos corações de todos os jovens cujas vidas se quiseram entrelaçar nas nossas. Mesmo assim correm rumores de que existem, na Grécia Antiga, registos que indicam a já presença de Profetas em concílio no Monte Olimpo. É só fazer as contas. 

Historicamente, a Ordem tem vivido altos e baixos. Como descrevem o vosso trajeto e como consideram o momento atual?

Tal como 97% do território Lusitano é mar, também 97% da Ordem Profética da Universidade do Minho são marés. Tal como o mar, também a Ordem é pura beleza natural e sal das lágrimas de Portugal. Os 3% restantes são grãos de areia que ficam presos no calção de banho. Segundo o Profeta Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu; Tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de saltar de alegria.” 

Em que se destaca e diferencia a OPUM DEI dos outros grupos culturais?

Desde a sua fundação, sucederam-se as inúmeras aparições em que a Ordem Profética hostilizou e entreteve as massas, com sátiras, músicas e encenações.

Ao longo dos anos fomos vigiados pelo Serviço de Informações de Segurança (SIS), que nos considera uma célula terrorista ativa e sabemos, de fonte segura, que somos os únicos na Fundação do Minho com tamanha distinção. Tal como acontecia no Estado Novo àqueles que se identificavam contra o poder, também nós somos alvo das mais variadas tentativas de censura. 

Como caracterizam as vossas performances em palco? O que trouxeram e trazem ao panorama cultural da Universidade?

As nossas performances prezam pela capacidade de improvisação, nunca um exemplar de Homo sapiens sapiens presenciou duas atuações iguais da Ordem Profética, é algo que não nos motiva, ao contrário das tunas. Para toda e qualquer atuação preparamos o nosso mais poético repertório, bem como as fragâncias mais afrodisíacas. A Ordem foi, é e continuará a ser o sal dos eventos académicos. 

Por quantos elementos é constituído o grupo atualmente, e quem pode fazer parte dele? Como chegar até vós e como é feita a seleção de novos membros?

A Ordem Profética da Universidade do Minho é composta por centenas de Profetas que já nasceram Profetas e que por ela foram confirmados. O consórcio Profético é constituído, na sua génese, por exemplares de Homo sapiens sapiens do género masculino. A História vive de profecias e se o destino de um aluno da UMinho for a confirmação Profética, então ser-lhe-á revelado, por obra divina ou profética. Nas palavras do Profeta Constelações: “Se tiver de ser, será. Se não tiver de ser, podes sempre fazer com que aconteça”. 

No vosso percurso, quais os momentos e participações que destacam? Onde podemos encontrar o grupo e qual o vosso ponto alto do ano?

O momento alto do ano Profético será sempre o Velório da Gata, é neste dia que renovámos os nossos votos Proféticos e quando sentimos com mais força o chamamento da Ordem. Ainda assim, o 1.º de dezembro ganhou, pela voz do povo, o subtítulo de Festival da OPUM DEI, e faz sentido que assim o seja. Este dia e este evento são sinónimos da liberdade, independência e irreverência e a Ordem é, nesse dia, o único grupo que faz jus ao mote. 

Quais os projetos do grupo mais importantes a curto/médio prazo?

A longo prazo o projeto mais importante e que não deixa dormir à noite todo e qualquer membro deste grupo é: Encontrar a melhor empresa de mudanças para nos instalarmos na sala de ensaios que nos foi prometida pela AAUMinho nos anos 90. A nossa independência dos poderes instalados tem os seus custos e este é um deles. No tempo da ditadura bloqueavam-se organizações proibindo o ajuntamento dos mesmos, pelo que estes permaneciam na clandestinidade. Mas tal como os “clandestinos” do tempo do regime, também nós vivemos fortes na penumbra e somos aquela “pedra no sapato” que não se consegue tirar. 

A dinamização do grupo, torna-lo cada vez mais atrativo é, provavelmente, um dos vossos grandes objetivos. O que têm a dizer aos interessados em fazer parte do grupo?

Sendo um dos grupos mais dinâmicos da Fundação Minhota, com membros de vários países da Europa e até mesmo dos cinco continentes, é claro que todos aqueles que forem brindados com a confirmação Profética para entrarem no núcleo Profético serão banhados com uma chapada cultural de diversidade astronómica. É uma experiência nunca antes vista que até mesmo astronautas dizem ser: “O apogeu da vida na Terra”. 

Qual é maior sonho da OPUM DEI?

Pamela Anderson no Bar Académico a servir Jagermeister em copos de ginja. O maior sonho da OPUM DEI está entre isto, que o Anselmo Ralph volte a fazer a primeira parte da nossa atuação no Enterro da Gata ou que a Associação Académica se chegue à frente e nos entregue, rapidamente, o seu destino, para que possamos assim responder ao forte chamamento da massa estudantil, que partilha do mesmo sonho. 

2020 e 2021 foram anos particularmente difíceis para a cultura. Como viveram este período atípico?

No 11.º andar, a casa que, apesar das diversidades da vida, nunca nos negou a entrada. Todos aqueles, que por contratos legais, não se puderam juntar nesta humilde residência, foi-lhes possível deliciar os olhos e acariciar a alma com telechamadas Proféticas. Nas palavras dos sobreviventes: “Foi um ano para esquecer, procurando sobreviver.” – in Um ano sem fim de OPUM DEI. 

Que iniciativas têm sido levadas a cabo pela OPUM DEI, no sentido de, nestes tempos complicados, continuarem a estar próximos dos vossos públicos?

“Eis o meu segredo, é muito simples: Já se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos.”   Profeta Principezinho. 

Como veem o panorama dos grupos culturais universitários em Portugal e a nível internacional?

OPUM DEI 

Como analisam o contexto dos grupos culturais na vida da Universidade e de um universitário?

O Profeta conhece o caminho capaz de levar o homem até Ele, pois Ele percorreu-o no mesmo sentido. Há ainda muitos condenados por recusarem a profecia. Trata-se de uma escolha, de uma escolha feliz e intransferível. 

Uma mensagem à comunidade académica?

“Ouves por fim um rumor. De que, há uma Ordem a fazer furor. Chamam-lhe a OPUM DEI”. Viagem seguro, OK.

Texto: Ana Marques 

Fotos: OPUM DEI

Publicado em Deixe um comentário

Entrevista a Margarida Isaías, presidente da AAUMinho

Entrevista a Margarida Isaías, presidente da AAUMinho

Margarida Isaías foi eleita presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUMinho) no passado dia 6 de dezembro, com a tomada de posse a realizar-se a 7 de janeiro. Com 23 anos e um longo historial de ligação à Associação Académica, a estudante assume que o facto de ser a segunda mulher a conseguir chegar ao cargo em 45 anos de existência da instituição, “deve ser visto como um reflexo da mudança da sociedade em que vivemos”. A estudante do 6.º ano do Mestrado Integrado em Medicina é a 31.ª presidente AAUMinho.
 
O UMdicas esteve à conversa com a dirigente associativa que nos deu a conhecer os projetos, objetivos, prioridades e perspetivas para 2023, entre outras coisas. 
 

Quem é Margarida Isaías e o que a levou a abraçar o desafio da presidência da AAUMinho?

A Margarida Isaías é uma estudante que foi abraçando os desafios académicos e que o mundo associativo lhe lançou. Fui respondendo e evoluindo ao longo do meu percurso, aliando a medicina ao gosto e à vontade de trabalhar com os e para os meus colegas, os estudantes da Universidade do Minho. A minha atitude curiosa levou-me a querer sempre expandir os meus horizontes e foi na Associação Académica que encontrei o local ideal para o fazer. O desafio da presidência surgiu naturalmente: a experiência na estrutura e a contínua vontade de defender os estudantes do Minho fez com que este fosse o próximo passo. 

É a segunda mulher a ocupar a função na história da academia minhota. Entende que este facto, de certa forma, condiciona a forma como vai levar a cabo o seu mandato ou, por outro lado, entende que não tem qualquer relevância?

Não considero que altere a forma como o mandato deve ser conduzido. No entanto, acho sobretudo importante marcar esta posição histórica como um reflexo da mudança da sociedade em que vivemos. Veem-se já muitas mulheres em cargos de responsabilidade na Universidade (desde órgãos de gestão da mesma a associações juvenis: núcleos, secções, delegações e grupos culturais) e hoje, a direção da AAUMinho tem inclusive mais mulheres que homens. É o princípio da igualdade que nos define que fará, sem dúvida, no futuro, mais mulheres assumirem esta função de liderança na comunidade académica do Minho. 

O que significa para si ser presidente de uma instituição como a AAUMinho, muito consolidada e com um percurso de 45 anos?

É uma espada de dois gumes. Por um lado, um grande orgulho por representar os estudantes da Universidade do Minho e fazer parte da história desta já muito reputada instituição. Por outro, uma grande responsabilidade, exatamente pelos mesmos motivos. A celebração dos 45 anos de história da AAUMinho foi uma ótima oportunidade de revisitar um pouco das experiências de antigos presidentes, das dificuldades e dos sucessos e dos grandes feitos alcançados. Carregar agora connosco tudo isto e ter podido testemunhar um pouco desta evolução é uma enorme responsabilidade, que acredito estarmos à altura. 

Já era dirigente associativa. Em que medida entende que essa experiência poderá contribuir para o desempenho destas novas funções?

Considero a minha experiência como dirigente associativa como fundamental, especialmente a minha passagem pela AAUMinho. Tive a oportunidade de passar um pouco por todas as funções dentro da estrutura, o que me tornou conhecedora de várias das suas dimensões e me permitiu capacitar das ferramentas certas para desempenhar, agora, a função de presidente. Penso ser importante ter a versatilidade de entender os diversos pontos de vista dos estudantes e a capacidade de ir de encontro aos seus direitos e necessidades, e foi enquanto dirigente associativa que desenvolvi estas vertentes. 

Encabeçou uma das duas listas à direção da AAUM e alcançou a vitória com 82,51% dos votos. Esperava um resultado tão expressivo?

Trabalhamos com esse objetivo em mente: dar a conhecer o nosso projeto aos estudantes, que o reconheceram como sólido, representativo dos seus interesses e capaz de agir no agora, mantendo sempre os horizontes no futuro. Este é um resultado que nos dá, por parte dos estudantes, um voto de confiança para exercermos a nossa atividade e sentimos o peso da responsabilidade de um resultado tão positivo. Contudo, não estamos alheios à abstenção eleitoral e iremos trabalhar, durante todo o ano, para a reduzir. 

Como caracteriza a equipa que a acompanha?

É uma equipa altamente diversa e com provas dadas nos diferentes departamentos. Temos dirigentes de todos os ciclos de estudo, de uma grande variedade de escolas e todos com experiência associativa, entre Núcleos, Secções, Delegações, Grupos Culturais e Órgãos de Representação Estudantil da Academia. Além disso, é uma equipa que preserva a experiência de dirigentes com passagem pela AAUMinho, especialmente nos cargos de liderança. Consideramos esta continuidade crucial para o desenvolvimento de um projeto de qualidade, já que o conhecimento e a perceção da estrutura fazem com que seja possível perceber os seus pontos de melhoria. No entanto, não deixamos de apresentar uma grande renovação na conjuntura total, reflexo da importância que damos à inserção de novas ideias e mentalidades na AAUMinho. 

Pensa que este percurso de associativismo será relevante para o seu futuro. Em que medida?

O percurso associativo e sobretudo a vontade do estudante em se envolver noutros projetos, que não os puramente académicos, acrescenta valências essenciais aos profissionais do futuro. Num mundo em constante mudança, a adaptabilidade é uma das mais valorizadas características no mercado de trabalho. Um dirigente associativo é um estudante mais preparado para lidar com a mudança e com a diversidade de circunstâncias; é um estudante que demonstra interesse na comunidade e no desenvolvimento da mesma, seja em que área for. Assim, deste meu percurso levo algo que o meu curso, sozinho, nunca me poderia dar. Sou hoje uma estudante, futura profissional, uma cidadã mais completa. 

Quais são os vossos planos, propostas e objetivos para 2023?

A atividade da AAUMinho tem-se dividido entre, por um lado, a reivindicação e política educativa e, por outro, os eventos e atividades departamentais. Uma estrutura tão grande tem sempre objetivos, planos, propostas e objetivos igualmente extensos, mas irei tentar resumir.

Assim, numa vertente social, pretende-se alargar as ofertas de voluntariado na Academia, com o Projeto UMFuturo na linha da frente; construir uma Academia mais inclusiva, promovendo um sentimento de igualdade e, ainda, advogar pelo Bem-estar da Academia, tendo um papel ativo na concretização da prevenção do assédio e da promoção de saúde mental.

Na temática do emprego jovem e da emancipação dos jovens, o objetivo passa por consolidar a marca START POINT, promovendo formações, discussões, o empreendedorismo e o contacto com o mercado de trabalho.

O excelente legado desportivo do Minho deixado pelas sucessivas direções impõe para 2023 o objetivo de, tanto a nível nacional como internacional, ser feito jus ao bom nome, realçando nesta vertente, a organização do Campeonato Europeu de Voleibol Universitário.

Dado o contexto nacional, tem-se sentido a falta de condições para o exercício de muitas atividades culturais, causando uma crise na área. Assim, para 2023, é fundamental a ação da AAUMinho na proteção e reforço de atividades e dinâmicas que promovam a cultura nos estudantes.

De forma a melhor conhecer as cidades que nos acolhem e que elas nos conheçam melhor, queremos abrir as portas do Recinto das Monumentais Festas do Enterro da Gata às crianças finalistas nos infantários e escolas primárias da cidade, numa tarde precedida por um pequeno cortejo pela cidade de Braga.

Naturalmente, também em 2023 haverá espaço para os eventos recreativos já amplamente conhecidos, sempre acoplados a uma iniciativa social, cultural ou desportiva, inovando nesta senda, com uma celebração final do ano letivo.

A promoção de uma Universidade democrática, coloca no cerne da questão a participação estudantil, conseguida através da capacitação dos dirigentes associativos e dos delegados potenciada pela AAUMinho.

No que concerne à reivindicação, ao lado do Movimento Associativo Estudantil, os planos enfatizam a valorização do Ensino Superior e o aumento do financiamento ao mesmo. Um dos focos será garantir o acesso ao Ensino Superior justo, universal e gratuito; assim como assegurar a frequência no ES pelo compromisso por uma ação social direta e indireta robusta, rápida e abrangente.

A abstenção voltou a ser muito expressiva nestas eleições. Que estratégias para uma maior aproximação a todos os estudantes de forma a alargar a representatividade?

Eu acredito que a abstenção é algo que se deve trabalhar durante todo o ano e não apenas na altura da campanha eleitoral. É essencial demonstrar o impacto que a AAUMinho tem na vida do estudante e, de forma mais importante e acentuada, comunicar de forma eficaz e alargada as suas ações, as suas atividades e a sua presença nos campi. Esta é uma tarefa difícil, mas com uma comunicação eficiente, acreditamos ser possível envolver mais estudantes no reconhecimento da importância da Associação Académica na sua vida, demonstrando a importância da estrutura e, consequentemente, reduzindo a abstenção. Neste sentido, lançamos já uma nova rubrica, a AAUMinho Presente, que visa ir de encontro a isto mesmo, com um conjunto de sessões de auscultação, de artigos explicativos dos mais variados temas de ação da AAUMinho, entre outros. 

Na sua opinião, a AAUMinho tem contribuído para melhorar o desempenho/funcionamento da Universidade? Em que aspetos?

O contributo da AAUMinho é extremamente importante e necessário para o contínuo desenvolvimento do funcionamento e do ensino na Universidade do Minho. A essência da Universidade é formar estudantes, pelo que nunca será possível encontrar as soluções corretas sem a auscultação dos mesmos. O trabalho de foco da Associação Académica passa muito por esta vertente, a de perceber junto dos estudantes quais são as suas maiores dificuldades, preocupações e constrangimentos. Após entender essas necessidades, cabe à AAUMinho fazê-las chegar aos decisores, dentro da Universidade, e arquitetar soluções em conjunto para que a experiência associada a um estudante da UMinho seja a melhor possível. Utilizando um exemplo atual, no caso da falta de condições das residências estudantis, este mesmo processo foi levado a cabo. Os estudantes acusam um problema no funcionamento – precariedade e degradação das instalações, que as tornam muitas vezes inabitáveis – a Associação Académica utiliza o seu contacto próximo para identificar junto dos estudantes o foco do mesmo e em sequência fazem notar a sua representação junto da Universidade, que, por sua vez, deve, em uníssono com aquelas que são as preocupações dos estudantes, trabalhar para a sua resolução, mantendo sempre também os estudantes como integrantes do processo. Ainda de notar que a AAUMinho exerce ainda muitas vezes um papel complementar ao da próxima Universidade, nomeadamente com marcas como a marca RECURSO ou a marca START POINT. Estas marcas oferecem mais valências à Academia, quer, por exemplo, no caso do RECURSO, com os seus pontos de proximidade e o serviço de transportes, quer a START POINT, com um complemento ao desenvolvimento de carreiras. 

Muitas são, obviamente, as preocupações dos estudantes da UMinho. Questões como “preços justos de arrendamento”, a “abolição das propinas” ou até mesmo o apoio à saúde mental dos estudantes estão na ordem do dia. Que estratégia delinearam para levar estas preocupações às diversas sedes em que podem ser resolvidas?

O papel da AAUMinho passa justamente por esse contacto entre as preocupações dos estudantes e os decisores políticos. Para isso, este ano temos o objetivo de desenvolver uma Moção Global, um documento completo que englobe verdadeiramente as dificuldades e sugestões de resposta dos estudantes, em que todos sejam ouvidos e façam parte da tomada de decisão. Um documento que possa servir de mote para a ação da Associação Académica. E, porque muitos destes temas estão inseridos num contexto nacional, queremos trabalhar em conjunto com o movimento estudantil Académicas Ponto. Este aglomera as Associações Académicas nacionais em prol da defesa dos seus estudantes, que tanto apresentam semelhanças entre si. Esta reunião permite sobretudo credibilizar ainda mais as ideias da AAUMinho, que se vê também apoiada e suportada pelas outras Associações e, por consequência, com mais voz para dar a conhecer as suas preocupações e sugestões junto dos decisores políticos. 

Qual a situação e quais os últimos desenvolvimentos sobre o projeto da nova sede da AAUMinho? Já há data para o arranque da obra?

O projeto da nova sede da AAUMinho é já há muito uma grande ambição da estrutura. É um projeto já de alguns anos e que tem vindo a estar, felizmente, cada vez mais perto da realidade. Queremos lançar o concurso público ainda este ano e estamos dedicados para que este projeto seja levado a cabo com maior celeridade quanto possível. Ainda assim, durante o ano, muitos dos esforços, no que diz respeito à nova sede, estarão ainda na obtenção de financiamento, que é, ainda ele, insuficiente, dada a grandeza e o impacto da obra em questão. 

A Gata na Praia e o Enterro da Gata são duas das iniciativas mais aguardadas pelos estudantes ao longo do ano. Alguma antecipação ou novidade para estas atividades este ano?

Não é de toda a nossa intenção “inventar a roda” no que toca a estas já tão históricas e adoradas atividades da AAUMinho. O ano passado ocorreu precisamente a retoma destes dois eventos, após dois anos interrompidos pela pandemia, o que fez com que fosse um ano de exploração e de reaprendizagem. Este ano, após retomados os processos, será uma oportunidade de limar arestas e acrescentar mais qualidade ainda àqueles que já são imagens de marca da Associação Académica. Então, vemos também com bons olhos algumas adições na já típica rotina: falo do cortejo dos pequeninos, em que se prevê alargar a tradição académica a toda a cidade, nomeadamente com crianças, também elas a ter o seu momento de despedida de ciclo. Também na Gata na Praia o cenário da inovação não está descartado, mantendo até a possibilidade de envolver outras Associações Académicas nesta aventura pelo litoral. 

A AAUMinho e os SASUM são parceiros estratégicos em várias áreas de atuação. Como vê o trabalho prestado pelos SASUM e que importância lhes atribui na prossecução da missão da AAUM e que contribuição para o bem-estar e qualidade de vida dos estudantes?

A AAUMinho e os SASUM têm trilhado um caminho próximo e profícuo na sua relação institucional. Seria difícil não salientar o desporto, onde esta relação, além de benéfica, tem mesmo sido vista como um exemplo para outras instituições do Ensino Superior do país. Os resultados desportivos estão à vista e a capacidade demonstrada na organização de grandes eventos não é um acaso e responsabiliza de forma positiva esta cooperação. Ainda há aspetos a melhorar, como é o caso da cultura, que ainda é uma área pouco explorada nesta parceria. No entanto, a escassez no financiamento dos SASUM acaba por condicionar também aquele que é o seu trabalho, havendo espaço para melhorar o seu funcionamento. 

A UMinho vai poder oferecer alojamento aos estudantes, contando com mais duas residências universitárias, em Braga e em Guimarães. Como vê estes projetos no âmbito das dificuldades de alojamento para os estudantes que se vêm verificando e acentuando?

Obviamente que é uma notícia que nos alegra. O alojamento estudantil no país e na Universidade do Minho, em específico, já há muito tempo que é um dos principais problemas que os estudantes enfrentam no acesso e frequência no Ensino Superior. Estas duas residências vêm combater esse mesmo défice, pelo que a nota é positiva. Apesar disto, há que ter os pés bem assentes na terra no que toca ao alojamento estudantil. A inflação continua a preocupar-nos e com melhores condições nestas novas residências, a procura por esta solução aumentará bastante, tanto por um previsto aumento de estudantes bolseiros, como um previsto aumento de estudantes não bolseiros a procurar uma opção de alojamento mais em conta. É também ainda essencial não esquecer as condições das atuais residências, com uma necessidade urgente de reabilitação das mesmas. 

A UMinho irá receber este ano o Campeonato Europeu Universitário de Voleibol. Quais as expectativas em torno deste importante evento?

Estamos ansiosos e preparados. A UMinho conta já com um bom histórico como anfitriã de competições internacionais e o Campeonato Mundial de Futsal Universitário do ano passado é prova disso. Já mostramos por diversas vezes estar à altura de organizar eventos desta dimensão e esperamos que este ano não seja diferente, recebendo cerca de 600 atletas de toda a Europa com o toque minhoto. Esta responsabilidade remete também para uma clara necessidade de reabilitação dos complexos desportivos da Universidade. A capacidade de albergar eventos desta dimensão no Minho está, cada vez mais, limitada pela qualidade das infraestruturas existentes, tanto nos complexos desportivos como nas residências universitárias, preocupando-nos que tal não seja possível enquanto estas condições não sejam asseguradas. 

Que avaliação faz da política que tem sido seguida a nível da ação social no ensino superior pelo Governo?

É sobretudo importante ser realista na abordagem a esta questão e perceber que há um claro desinvestimento e desconsideração política naquilo ao que o Ensino Superior concerne. Há de facto muitas lacunas no Ensino Superior, mas, apesar disso, foram dados alguns passos largos naquilo que já eram há muito reivindicações dos estudantes no último ano. Falo, por exemplo, do aumento do limiar de atribuição das bolsas e do aumento das mesmas, à luz da inflação. Ou mesmo do já tão reivindicado complemento de transporte, que veio colmatar um grande défice já há muito sentido pelos estudantes. Mas, como disse, por muita satisfação que estas conquistas nos tragam, não consideramos ser ainda suficientes estas alterações, tendo proposto novas medidas no nosso manifesto eleitoral. Dentro destas medidas, incluímos alguns possíveis novos complementos, como um para o caso dos estudantes duplamente deslocados ou para o material indispensável ao curso. Ainda objetivamos extensões àquilo que já existe, como um limiar ainda maior para a atribuição de bolsas e maiores valores. 

Na sua opinião, as nossas instituições de ensino superior estão a conseguir acompanhar as mudanças no mercado de trabalho e a preparar corretamente os nossos alunos?

Acredito que as instituições de ensino superior caminham para isso, mas se calhar não na velocidade à qual o mundo do trabalho muda e que os estudantes exigem. O método de ensino não é, em muitos casos, o mais inovador ou adequado e as competências trabalhadas e avaliadas não são, em muitos casos, as mesmas que são requeridas no mercado de trabalho. Ainda há um vasto caminho a percorrer e são muitas as áreas nas quais eu poderia indicar défices. Prefiro, no entanto, dar a conhecer aquilo que de bom já se faz no Minho, recorrendo à nossa marca START POINT e dando especial atenção à Summit, uma feira de empreendedorismo com selo AAUMinho, que é justamente a representação da aproximação dos estudantes da Universidade do Minho à realidade laboral, onde estes podem de facto ter este contacto próximo e adaptar mais rapidamente as suas competências ao que lhes é útil nessa nova fase. 

E a par do futuro da Associação Académica, desenha também o seu próprio futuro. Porquê Medicina e o que se vê a fazer nesta área?

No meu discurso de tomada de posse tive a oportunidade de refletir um pouco sobre aquele que tem sido o meu percurso pela Universidade: “a jovem de 17 anos que tudo o que queria era entrar no curso de Medicina, pouco pensou sobre aquele que iria ser o seu percurso durante os longos 6 anos de curso. Ora bem, tem ido muito mais para além da saúde, da medicina e da prática médica, tem ido na direção dos jovens, da educação, do ensino superior e do país”. Este é, de facto, um resumo do meu percurso que penso que definirá o meu futuro. Escolhi medicina pelo gosto de trabalhar com pessoas e para pessoas aliado à curiosidade de perceber como tudo funciona. No associativismo tenho a oportunidade de ir para além da medicina, de ir de encontro ao mundo que me rodeia e espero que no futuro consiga conciliar todas estas dimensões da minha vida. 

Que “marca” gostaria de deixar enquanto presidente da AAUMinho?

A verdadeira “marca” na Associação Académica é aquela que continua a impulsionar e a suportar a sua atividade futura. A AAUMinho é já, por si só, uma estrutura altamente trabalhada, organizada, inovadora e diversificada. Os objetivos passam sempre por esta se reinventar e se moldar às necessidades dos estudantes de hoje e do futuro. Este ano queremos sobretudo fortalecer as nossas atividades, quase todas a acontecerem pela segunda vez, depois da paragem pandémica, quer na melhoria dos processos, quer na reinvenção das próprias. Além destas “marcas”, acho importantíssimo dar também algum destaque à experiência passada aos dirigentes. No meu percurso, a marca dos ex-presidentes e dirigentes mais experientes moldou também aquilo que eu sou, fora de toda aquela que é experiência universitária ou de vivência. Foi na AAUMinho que aprendi, que ensinei e que tomei, por exemplo, muitos dos bons dirigentes que por cá passaram. É também esta “marca” que quero deixar nos dirigentes que este ano me acompanham. 

Uma mensagem aos estudantes da UMinho e aos estudantes do ensino superior?

A mensagem que tenho a deixar aos estudantes pode ser transmitida num simples verbo: “participar”. Participem, interessem-se pelo mundo que vos rodeia e façam parte da mudança. Quer seja na vossa turma, no vosso ano, no vosso curso, na vossa escola ou por toda a universidade, queiram saber mais e conhecer mais realidades, queiram estar um pouco por todo o lado e aproveitar também um pouco do melhor que todos esses lados têm a oferecer. Sejam ativos politicamente em sociedade e não tenham medo de dar a vossa opinião e de defender os vossos interesses, contribuindo para o debate saudável e o alargar de horizontes por parte de toda a Academia.

Texto: Ana Marques

Fotos: Nuno Gonçalves 

Publicado em Deixe um comentário

Percursos…Óscar Melo

PERCURSOS…

Óscar Melo é natural de Lamego, mas vive em Guimarães. Com 47 anos, é casado e pai de um filho, desempenhando funções nos Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM) há 17 anos. Atualmente, faz parte do DAS, uma equipa com cerca de 50 trabalhadores.
 
Nesta entrevista, o trabalhador, adstrito ao Departamento de Apoio Social (DAS), e mais especificamente, à Divisão de Apoio ao Bem-Estar do Estudante, que se caracteriza como otimista, fala-nos do seu percurso de vida e experiência profissional, conta como é vivido o dia a dia, afirmando que a sua maior motivação é saber que o seu trabalho ajuda os estudantes de uma forma direta. 

Como chegou aos SASUM e qual o seu percurso académico e profissional?

Terminei a Licenciatura em Engenharia do Vestuário em 2004, mais tarde, em 2012, tirei uma especialização em Engenharia Humana, ambas na Universidade do Minho. Após ter terminado a minha ligação com a empresa onde fiz um estágio profissional, surgiu a hipótese, em 2005, de poder colaborar com os SASUM, inicialmente como prestador de serviços, tendo, posteriormente, integrado o Quadro de Pessoal como Técnico Superior. Durante estes anos, estive a maioria deles afeto ao Gabinete do Administrador, em 2019, com a alteração do Regulamento Orgânico dos SASUM, mudei para o DAS. 

Há quantos anos está nos Serviços e quais são, atualmente, as suas funções?

Estou há 17 anos nestes Serviços, neste momento afeto à Divisão de Apoio ao Bem-Estar do Estudante do DAS. As principais funções nas Residências Universitárias passam por assegurar a conservação dos espaços e equipamentos e interagir com os estudantes e trabalhadores, visando manter uma boa organização e convivência entre todos. No âmbito do Apoio Clínico, outro dos serviços ao qual estou ligado, as principais funções são de apoio à gestão e organização interna do serviço. 

Gosta do que faz?

Globalmente posso dizer que sim, mas como em tudo, a rotina acaba por tirar um pouco de entusiasmo ao que fazemos. 

O que mais o motiva e quais as maiores dificuldades, no dia a dia, no desenvolvimento do seu trabalho?

A maior motivação é saber que grande parte do nosso trabalho ajuda os estudantes de uma forma direta e podermos ver essa satisfação no rosto de muitos, variadas vezes. As maiores dificuldades passam pela falta de recursos ou pela burocracia inerente aos processos de aquisição, que, muitas vezes, não nos permitem dar a resposta rápida que desejaríamos.   

Como caracteriza o trabalho feito no DAS, em particular na sua área?

Exatamente como o próprio nome do departamento indica, um trabalho de apoio ao estudante em várias vertentes, desde a económica à social, passando pelo próprio bem-estar físico e psicológico de cada estudante. 

Quais são as melhores/piores memórias que tem do seu trajeto nos SASUM?

As melhores memórias são sempre as pessoas e os momentos de convívio, sejam eles colegas de trabalho ou estudantes. Pior memória, abrir a porta de um quarto a uma mãe, que veio recolher os pertences da filha falecida dias antes. 

Como foi passar pela pandemia, pessoal e profissionalmente?

Foi complicado como para a maioria. Pessoalmente porque o isolamento nos privou de muitos momentos com a família e amigos. Profissionalmente foi desafiante, porque as Residências Universitárias sempre mantiveram a atividade, num período com demasiadas regras sanitárias e num ambiente com pessoas das mais variadas origens e nacionalidades, que era necessário proteger e apoiar quando necessário.   

Como olha para o futuro?

Com um otimismo prudente.

Curiosidades

O que o marcou?

Um cliché, mas é o que é, o nascimento do meu filho.

O que ainda não fez?

Salto de paraquedas.

Ainda tem um grande sonho?

Uma viagem aos confins do mundo.

Livro?

“A sangue frio” de Truman Capote.

Filme?

“O caçador” do realizador Michael Cimino.

Uma música e/ou um músico?

“Generation Sex” dos The Divine Comedy.

O que gosta de fazer nos tempos livres?

Andar de mota.

Vício?

Ver as capas dos jornais diariamente.

Um lugar?

São Leonardo de Galafura.

A Universidade do Minho?

Mais de metade dos meus anos de vida.

 

Texto: Ana Marques

Fotos: Nuno Gonçalves 

Publicado em Deixe um comentário

“O nosso trajeto faz-se de muita ambição e humildade”

“O nosso trajeto faz-se de muita ambição e humildade”

Fundados a 25 de abril de 2008, a IPUM é um grupo irreverente e inovador, marcado por ritmos contagiantes.
 
Apenas com 14 anos, mas já com muitos quilómetros nas pernas, o grupo foi formado em 2008 por um grupo de amigos que procurava explorar vertentes musicais diferentes das que já existiam na academia. O gosto pela recolha e desenvolvimento de ritmos tradicionais, acompanhados pelo potente som das gaitas transmontanas, deram origem à identidade da IPUM (Percussão Universitária do Minho). A data da sua fundação, 25 de abril de 2008, dizem eles “condiz bem com os nossos valores de irreverência e inovação”.
 

O UMdicas esteve à conversa com a direção do grupo para saber mais sobre os IPUM, sobre a sua origem, trajeto, sobre os seus projetos e sobre o seu futuro.

De que é feito este grupo e como se caracterizam?

O grupo é aberto a todos, sendo ele misto, quer sejam alunos da academia minhota, quer sejam ex-alunos, que ajudam a compor o departamento de reumáticos do grupo. Os únicos pré-requisitos são o gosto pela música, boa disposição e energia para pôr as peles a vibrar com os nossos ritmos contagiantes. Damos formação a todos os membros seja na percussão, gaita de foles, danças e degustação de boa bebida e comida.

Como descrevem o vosso trajeto?

O nosso trajeto faz-se de muita ambição e humildade. Sabíamos das dificuldades da criação de um novo grupo e sempre tentamos apontar aos grandes eventos nacionais. Ao levarmos o nome da IPUM a todas as regiões portuguesas levamos também o nome da nossa academia, a Universidade do Minho. Neste trajeto destacamos a participação em várias edições do Festival Geada (Miranda do Douro), Flaviae Fest/Identidades (Chaves), L Burro i l Gueiteiro (Miranda do Douro), programa Verão Total da RTP1 e participação em várias feiras medievais e recriações históricas.

Em que se destacam e diferenciam os IPUM dos outros grupos culturais?

A IPUM é um grupo inclusivo que não olha necessariamente ao background musical que os elementos possam ter. Os azuis do Minho promovem aprendizagem, camaradagem e crescimento, tanto musical como humano. Somos um grupo de amigos que levamos para a vida toda.

Como caracterizam as vossas performances em palco? O que trouxeram e trazem de novo ao panorama cultural da Universidade?

A nossa performance só tem um segredo: dar sempre 100%. Não importa o tamanho do palco ou da plateia, o nosso som vai contagiar toda a gente. As gaitas transmontanas são certamente a parte que melhor nos destaca no panorama cultural da universidade.

Por quantos elementos é constituído o grupo atualmente e quem pode fazer parte dele?

Atualmente o grupo é constituído por cerca de 15 elementos ativos, sendo que qualquer aluno ou ex-aluno se pode juntar a nós.

No vosso percurso, quais os momentos e participações que destacam? Qual o vosso ponto alto do ano?

Destacamos as participações na récita do 1.º de Dezembro e as edições do festival Geada. A primeira por ser uma atuação da nossa academia para o público de Braga, em pleno Theatro Circo, a segunda por estarmos no nosso habitat natural, da nossa cultura musical. O nosso ponto alto deste ano, pós-pandemia, foi precisamente o regresso aos palcos na récita, juntamente com a Literatuna.

Quais os projetos do grupo mais importantes a curto/médio prazo?

A curto/médio prazo, temos o objetivo de expandir a nossa comunicação e divulgação, no sentido de cativar mais membros e aumentar o nosso leque de atuações. Em 2023, abrirão também aulas de gaita de foles e percussão tradicional, a todo o público.

A dinamização do grupo, torná-lo cada vez mais atrativo é, provavelmente, um dos vossos grandes objetivos. O que têm a dizer aos interessados em fazer parte do grupo?

É simples, “quem pratica música nela fica e com ela levamos a memória”. A IPUM é um grupo cultural irreverente onde para além de música, irão encontrar uma família.

Qual é maior sonho do IPUM?

O maior sonho da IPUM não pode ser descrito por palavras, porque nem o céu azul é o limite. 

2020 e 2021 foram anos particularmente difíceis para a cultura. Como viveram este período atípico? 

A pandemia trouxe bastantes constrangimentos, não só a nós como a todos os grupos culturais. Reinventámo-nos, procuramos manter o contacto virtualmente, compusemos uma música e videoclipe, procurando também estar junto do nosso público.

Que iniciativas têm sido levadas a cabo pelo IPUM, no sentido de, nestes tempos complicados, continuarem a estar próximos dos vossos públicos?

Aumentar o número de partilhas nas redes sociais, relembrar bons momentos através de fotografias e vídeos, sempre com a promessa que não foi um adeus, mas um até já.

Como veem o panorama dos grupos culturais universitários em Portugal e a nível internacional?

Os grupos culturais têm um papel importantíssimo no que é a tradição académica portuguesa. Os universitários que neles participam levam uma bagagem que não encontram em mais lado nenhum, isso distingue-nos das universidades internacionais, excetuando a tradição académica espanhola. Por isso é bom ver, não só a IPUM, mas também os outros grupos da Universidade do Minho a representar Portugal além-fronteiras.

Como analisam o contexto dos grupos culturais na vida da Universidade e de um universitário?

Os grupos culturais, sendo constituídos por elementos de diferentes cursos, permitem um intercâmbio de conhecimentos e valências. Sendo um grupo organizado também são adquiridas soft skills tão importantes no mercado profissional de hoje em dia. Aquilo que somos está ligado à nossa cultura e se esta for esquecida então também seremos esquecidos.

Uma mensagem à comunidade académica?

Está cientificamente comprovado que duas horas de ensaio por semana na IPUM ajuda a reduzir os efeitos do stress induzido por frequências e exames. Para mais informações consulte as redes sociais, acompanhem o nosso trabalho e venham experimentar, todas a terças e sextas-feiras, às 21h30 no auditório 0.08 do CP1!

Texto: Ana Marques 

Fotos: IPUM

Publicado em Deixe um comentário

PERCURSOS…Filipa Oliveira

PERCURSOS…

Filipa Oliveira nasceu e vive em Braga há 44 anos. Casada, mãe de 3 filhos, desempenha funções nos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho (SASUM) há 20 anos. Atualmente, faz parte do Departamento Contabilístico e Financeiro, uma equipa com cerca de 20 trabalhadores.
 
Nesta entrevista, a trabalhadora, adstrita ao Departamento Contabilístico e Financeiro (DFC), que se caracteriza como otimista, fala-nos do seu percurso de vida e experiência profissional, conta como é vivido o dia a dia, afirmando esperar novos desafios que a façam crescer.   
 

Como chegou aos SASUM e qual o seu percurso académico e profissional?

Licenciei-me em Administração Pública aqui na Universidade do Minho (UMinho), tenho uma Pós-Graduação em Contabilidade Pública pela Universidade Lusíada e terminei no início de 2014 o CADAP – Curso de Alta Direção da Administração Pública, também aqui na UMinho. Ingressei no mestrado em Administração Pública, que não conclui.

Tive a oportunidade de fazer o meu estágio curricular no DAF – Departamento Administrativo e Financeiro e por aqui fiquei, entretanto, em 2019, o departamento passou a designar-se Departamento Contabilístico e Financeiro.

Iniciei o meu percurso nos SASUM no ano 2002, a classificar documentos de receita e despesa, o que me permitiu trabalhar em contabilidade pública e ter uma noção mais geral da instituição. Depois, com o aumento das unidades do Departamento Alimentar e com a necessidade de informação que era requerida, fui ficando nesta área. O aumento das unidades alimentares trouxe a necessidade de controlo, que, por sua vez, trouxe a aquisição de sistemas de informação, com o qual aprendi a trabalhar e que foram as minhas ferramentas de trabalho enquanto estive no Setor de Contabilidade e Gestão de Stocks.

Em 2008 é publicado o Código de Contratos Públicos, que introduziu uma normalização da tramitação de procedimentos de aquisição de bens, serviços e empreitadas, desenvolvido em plataformas eletrónicas. Surge aqui a oportunidade de mudar de setor e desenvolver novas tarefas e competências. 

Há quantos anos está nos Serviços e quais são, atualmente, as suas funções?

Há 20 anos. Atualmente exerço funções no Setor da Contratação, em tudo o que diga respeito à tramitação de um procedimento de contratação.

Assim, resumidamente, este setor dá apoio na preparação das peças de todos os procedimentos de contratação pública dos SASUM, incluindo a verificação dos requisitos legais, lançamento na plataforma eletrónica de contratação pública os procedimentos acima referidos; publicitá-los no portal base.gov, Diário da República Eletrónico e outros suportes exigidos por Lei; acompanhamento dos procedimentos apoiando o júri e os responsáveis dos departamentos/divisões/setores/gabinetes e gestores de contrato, com vista à correta constituição do processo.

Faz parte das minhas competências elaborar o Relatório de Contratação Administrativa e mantê-lo atualizado, elaborar e manter atualizado o Manual de Contratação Pública. Ainda auxílio na prestação de contas a enviar para o Tribunal de Contas. Auxilio a Diretora do Departamento em outras tarefas diversas que entenda que sou uma mais-valia. 

Gosta do que faz?

Gosto muito! Aparentemente parece um trabalho repetitivo, mas cada procedimento é isolado dos restantes e tem as suas particularidades. Há sempre aspetos diferentes, aliados à evolução do próprio Código de Contratos Públicos, que nos obriga a estudar, aprender, evoluir e crescer. Depois aparece sempre uma tarefa “fora da caixa”, um estudo, uma análise, que ajuda a quebrar a rotina do que parece idêntico. 

O que mais a motiva e quais as maiores dificuldades, no dia a dia, no desenvolvimento do seu trabalho?

A minha motivação é gostar do que faço, com as pessoas com quem o faço. As grandes dificuldades são os prazos, a dependência das plataformas que necessitamos. Por vezes a interoperabilidade entre elas é fraca e/ou inexistente, tornando o trabalho mais moroso e burocrático. 

Como caracteriza o trabalho feito no Departamento Contabilístico e Financeiro, em particular na sua área?

É um trabalho de extrema importância, não só de cumprimento da legalidade, mas sobretudo de apoio à gestão, permitindo que a informação contabilística seja sempre o mais transparente e fidedigna possível. A decisão superior tem por base informações prestadas por este departamento, transversal a toda a instituição. Ela deve estar sempre o mais atualizada possível, o que nem sempre é fácil. A documentação que chega ao departamento, segue um fluxo documental, onde há vários intervenientes, e este fluxo nem sempre é fluído, pois cada um deles tem múltiplas tarefas em simultâneo.

Mas esta informação não é apenas para os stakeholders internos. Há reportes mensais, trimestrais, semestrais e anuais para os externos, com deadlines reduzidos.

Relativamente à contratação, passa por disponibilizar aos vários responsáveis quais as ferramentas possíveis de aquisição em cada caso concreto, verificado sempre os requisitos legais, permitindo-lhes que a tomada de decisão seja a mais correta tendo em conta a todas as informações de que dispõem e não apenas as da contratação. 

Quais são as melhores e as piores memórias que tem do seu trajeto nos SASUM?

Tenho muito boas memórias dos sítios por onde passei, principalmente das pessoas com quem fui trabalhando mais de perto. Há períodos de mais trabalho, pressão, stress que se aguentam melhor com bom ambiente, onde reina o espírito de equipa, com boa disposição, onde se partilham experiências, vivências e sobretudo onde há entre ajuda.

Não me ocorre nada que possa classificar como pior memória. 

Como foi passar pela pandemia, a nível pessoal e profissional?

Prestei apoio aos miúdos, por isso a nível profissional estive ausente, pois o mais novo era ainda bebé e as minhas duas filhas gémeas tinham 8 anos na altura.

Elas não tinham grande destreza na informática, por isso as aulas online foram um grande desafio, para elas e para mim. Não foi um período fácil para ninguém. 

Como olha para o futuro?

Com otimismo, sempre! Tento ver o copo sempre “meio cheio”.

A nível profissional, espero que haja mais desafios que me façam crescer, desenvolver novas competências e capacidades.

Curiosidades

O que a marcou? A maternidade

 que ainda não fez? Acabar o mestrado

Ainda tem um grande sonho? …acho que não

Livro? Gostaria de ler mais, mas neste momento estou a ler Pecados Santos de Nuno Nepomuceno. Um thriller com bastante suspense e reviravoltas que me cativou logo nos primeiros capítulos.

Filme? Adoro cinema, apesar de não ser especialista, há alguns filmes que me marcaram, como: ET; Braveheart; A paixão de Cristo; Indiana Jones.

Uma música e/ou um músico? Sou muito eclética no que toca a gostos musicais, dependendo sempre do estado de espírito…

O que gosta de fazer nos tempos livres? Passar tempo de qualidade com os meus

Vício? Acho que não tenho :)… talvez comer 🙂

Um lugar? A minha casa.

A Universidade do Minho? Um orgulho trabalhar aqui.

Texto: Ana Marques 

Fotos: Nuno Gonçalves