Supercomputador Deucalion foi inaugurado na UMinho
O supercomputador português foi inaugurado no passado dia 6 de setembro, na Escola de Arquitetura, Arte e Design da Universidade do Minho, no campus de Azurém, em Guimarães. A sessão contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, que disse tratar-se de um passo no sentido de transpor o “Made in” para o “Created in Portugal”.
A inauguração contou ainda com a presença da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, da Presidente da FCT, Madalena Alves, do Reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, entre outras personalidades.
O Deucalion custou perto de 20 milhões de euros, dos quais 35% provém da União Europeia e os restantes 65% do orçamento da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). Este é o mais rápido de sempre e estará acessível à comunidade académica, empresas e administração pública.
O Deucalion é o sétimo supercomputador da European High Performance Computing (EuroHPC) instalado na União Europeia, e o recurso computacional mais potente e avançado em Portugal. Com 26 toneladas, está previsto que este supercomputador tenha capacidade para executar 10 milhões de biliões de cálculos por segundo, visando acelerar a produção de ciência e inovação de excelência em Portugal em domínios como inteligência artificial, medicina personalizada, design de fármacos e novos materiais, observação da Terra e oceanos, combate às alterações climáticas e fogos, criação de smart cities, ordenamento do território, mobilidade e veículos autónomos são alguns exemplos. O novo equipamento significa assim um salto para a ciência portuguesa na capacidade de cálculo e na velocidade com que analisa dados ou problemas, ou seja, o supercomputador demora uma hora a analisar um problema que um computador portátil demoraria 20 ou 30 anos.
Este agregado computacional ocupa duas filas de 26 armários de dois metros de altura, pelo menos 1900 metros de fibra ótica e 2359 cabos de alta velocidade, que garantem a rapidez de processamento e um sistema de armazenamento de dados de alto desempenho, a par de uma alta eficiência energética. Apelidado como supercomputador “verde”, prevê-se que o Deucalion venha a consumir mais de um megawatt-hora, o equivalente à quantidade de eletricidade usada por cerca de 330 casas durante uma hora, porém, o objetivo é que não use qualquer fonte de energia fóssil.
Segundo António Costa ?hoje temos condições que antes não tínhamos, condições essas que permitirão acelerar o processo de crescimento do país. Temos um sistema científico e empresarial que nos garante que esta ferramenta não será em vão?, afirmou. Frisando que o Deucalion permite que Portugal ?se orgulhe em estar na primeira linha da supercomputação europeia?.
Para Elvira Fortunato, a infraestrutura, ?além de ser fundamental para responder às crescentes necessidades de processamento de grandes volumes de dados, permitirá a execução de simulações complexas e análises de dados de grande escala?.
O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, destacou o significado do dia para a Universidade, e para todas as universidades, dado o papel decisivo que estas desempenham no desenvolvimento tecnológico do país e no progresso da ciência. ?Assumimos esta instalação como uma oportunidade única para integrar comunidades e estruturar a investigação?, disse.
Neste momento, o Deucalion ainda não está a funcionar em pleno. De acordo com Rui Vieira de Castro, seguem-se testes em que “as comunidades científicas estão a ser mobilizadas”.
A FCT irá lançar concursos de acesso a esta infraestrutura e estão igualmente previstos programas específicos de apoio às Pequenas e Médias Empresas (PME), administração pública e permitir o acesso a tempo de cálculo para projetos já financiados. ?O supercomputador está preparado para apoiar mais de 200 projetos por ano e multiplica por dez a capacidade de computação nacional?, referiu Madalena Alves.
Texto: Ana Marques
Foto: Nuno Gonçalves