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Este projecto partiu de um grupo de professores, alunos e funcionários da UMinho que se assumem como “uma espécie de movimento dos sem terra” em versão académica, mas a estes a terra foi-lhe cedida pela Reitoria da Universidade, tendo presentemente alguns espaços de cultivo nos campi (Congregados, Gualtar e Azurém). No total, existem já 36 talhões disponíveis para cultivo, só na “horta” dos Congregados, onde a “semente” mais tem germinado, existem 13 talhões, nos quais já se podem ver produtos tais como: alfaces, tomates, cebolas, árvores de fruto, couves, feijão verde, pimentos, etc., todos eles cultivados de forma biológica.
Estes espaços para cultivo agrícola “são apenas para a comunidade académica” refere Manuela Melo, da Escola de Enfermagem, cada um cultiva o quer, “o objectivo é que os vários “regedores” das hortas possam trocar experiências”. Cada pessoa inscreve-se gratuitamente e responsabiliza-se pela sua horta, “há muito terreno, por isso, em grupo ou individualmente podem cultivar e colher para consumo próprio, o que acharem melhor” afirma.
O objectivo deste projecto é que a comunidade universitária se sinta desafiada a encontrar novas e sustentáveis soluções para o problema da adaptação da vida humana a uma realidade com o petróleo cada vez mais escasso e caro. Segundo o coordenador do “UMinho in Transition”, Luís Botelho, professor do Departamento de Engenharia Electrónica Industrial “esperamos contribuir para melhorar a qualidade de vida na UMinho, tornar as comunidades mais capazes de sobreviver a uma escassez de alimentos”.
Para além de objectivos económicos, existem também objectivos sociais, pretende-se “promover o convívio e a troca de experiências entre a comunidade académica, dinamizando também a investigação e intervenção cultural sustentáveis” afirma. Segundo o responsável, com este projecto a “Universidade pretende também, ter contacto com problemas que outros agricultores também têm, e através desse contacto, tentar encontrar e propor soluções que possam ajudar outros”. Também se pretende ajudar na resolução de problemas, tais como no contacto com instituições “por exemplo com o Instituto Hidrográfico, onde certamente a Universidade será recebida de forma diferente de uma pessoa individual, mas o que for determinado para uns, não poderá ser recusado aos outros e daí a nossa utilidade”.
Para Luís Botelho, o momento é propício e o ideal para iniciar este projecto, “vivemos uma conjuntura de dificuldades, por isso pensamos que será bom se os estudantes, e restante comunidade académica poder cultivar os produtos para fazer a sua própria sopa” afirma.
Componente solidária e ambiental e até terapêutica
Esta iniciativa tem no seu horizonte a criação de um sistema de “cabaz de legumes” reunindo produção própria e de produtores locais, bem como o lançamento de concursos de ideias “verdes” tendentes à redução dos consumos de energia nas residências, à limitação do número de viagens, à partilha de automóvel, ao aproveitamento local de energias renováveis para um funcionamento sustentável das hortas. Luís Botelho não gosta de traçar objectivos muito ambiciosos, referindo que “inicialmente pretende-se ter uma horta, fabricar a terra, parece que dá saúde física e psicológica, promove o convívio. Posteriormente, tudo é possível fazer, vai depender das pessoas que estarão ligadas ao projecto. Vamos lançando as ideias e esperamos que vão sendo acolhidas” afirma.
Texto: Ana Marques
(Pub. Mai/2011)
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