“EEG Business Day” debateu inteligência artificial e aproximou estudantes do mercado de trabalho
Ana Marques ⠿ 14-11-2025 09:00
Evento da UMinho reuniu mais de 900 estudantes, 24 empresas e especialistas para debater oportunidades e desafios da IA.
Mais de 900 estudantes da Escola de Economia, Gestão e Ciência Política (EEG) da Universidade do Minho participaram esta quarta-feira, dia 12, na 15.ª edição do “EEG Business Day”. O evento teve como objetivo aproximar os alunos do mercado de trabalho, promovendo o contacto direto com empresas e profissionais de referência.
De manhã, os estudantes conheceram oportunidades de carreira nas áreas de Administração Pública, Ciência Política, Contabilidade, Economia, Gestão, Marketing, Negócios e Relações Internacionais, com representantes de 24 organizações, incluindo Accenture, Banco Carregosa, Bosch, Deloitte, dst group, Nestlé, PwC, Sonae e Super Bock, entre outras.
À tarde, a mesa-redonda “IA no contexto empresarial: riscos, desafios e oportunidades” reuniu diferentes perspetivas sobre o papel da inteligência artificial no futuro do trabalho, moderada pelo docente Miguel Portela.
O presidente da EEG, Luís Aguiar-Conraria, abriu o debate com uma mensagem clara sobre a utilização da IA: “A inteligência artificial não nos vai substituir. O que vai é distinguir quem usa e quem não usa. Bem utilizada, torna-nos muito melhores; mal utilizada, torna-nos apenas aparentemente melhores e, a longo prazo, menos capazes.” Conraria alertou ainda para o risco de usar estas ferramentas de forma preguiçosa, comparando o cérebro a um músculo que precisa de ser exercitado: “Se forem mal usadas, tornam-nos mais preguiçosos. A longo prazo, isso vai ter efeito negativo.”
Miguel Gonçalves, empresário e fundador da Spark Agency, reforçou o alerta, acrescentando uma perspetiva prática: “No curto prazo, modelos como GPT ou Gemini podem tornar-nos mais patetas; a médio e longo prazo, aumentam a probabilidade de problemas cognitivos. Mas, se usados estrategicamente, são uma ferramenta poderosa. Quem dominar a criação de agentes ou automação inteligente terá uma vantagem competitiva enorme no mercado de trabalho.” Para Miguel, o conhecimento de IA já não é apenas uma competência técnica, é um “ativo diferenciador” capaz de abrir portas em qualquer organização.
Vitor Soares, da Deloitte, complementou, destacando que a IA já faz parte do quotidiano: “Está nos nossos telemóveis, nos updates das ferramentas que usamos todos os dias. Mas é essencial manter o humano no loop, validar resultados e ter atenção ao uso de dados sensíveis. A IA não vai roubar empregos, mas vai redefinir funções e criar oportunidades. Quem souber colaborar com estas ferramentas fará parte da equipa que lidera a mudança.”
Ao mesmo tempo, Filipa Correia, da Crowe Global, enfatizou a importância das competências humanas e éticas: “O futuro é profundamente humano. Aprendam e invistam em tecnologia, mas estejam conscientes das suas implicações; desenvolvam empatia e comunicação. Vivemos tempos de mudança, mas também de oportunidade.” Segundo Filipa, o reskilling e o upskilling constantes serão essenciais para acompanhar a evolução tecnológica.
Sílvia Araújo, professora de Humanidades Digitais na Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho, trouxe uma visão educativa e interdisciplinar, contrapondo a ideia de que a IA diminui capacidades cognitivas: “Não é apenas uma questão tecnológica, é uma mudança de mindset. Ensinar a interagir com a máquina, criar pensamento computacional e aplicar a IA de forma responsável, desenvolve competências e democratiza o conhecimento. A inovação responsável exige pensamento crítico e humanístico, equilibrando o técnico, o ético e o humano.” A professora destacou ainda experiências pedagógicas com professores de diversas áreas, mostrando como a IA pode transformar métodos de ensino e aprendizagem.
O debate combinou alertas e oportunidades, com os especialistas a enfatizarem que a IA não substitui, mas potencializa, desde que usada de forma estratégica, ética e consciente.
A sessão terminou com a palestra “Enfrentar tempestades com inteligência emocional”, de Ricardo Cabete, que abordou competências socioemocionais essenciais para lidar com pressão e incerteza no mercado de trabalho.
O “EEG Business Day” deixou uma mensagem clara: a IA é uma ferramenta poderosa, mas o sucesso dependerá de como os estudantes a utilizam, desenvolvem competências humanas e se preparam para um mercado em rápida transformação.
Atualizado a 14-11-2025 09:00
