Assunção Flores assumiu presidência do IE com apelo à renovação e reforço dos recursos humanos
Ana Marques ⠿ 27-11-2025 15:00
Tomada de posse ficou marcada por apelo à renovação geracional, à inovação na formação docente e à coesão interna do instituto.
A professora Assunção Flores tomou posse esta terça-feira, dia 25 de novembro, como presidente do Instituto de Educação (IE) da Universidade do Minho, numa cerimónia que contou com a presença do reitor Rui Vieira de Castro, que se dirigiu pela última vez à comunidade do IE enquanto reitor.
Assunção Flores sucede a Beatriz Pereira e presidirá o Instituto no triénio 2025-2028, com os vice-presidentes Ana Paula Pereira, Paulo Varela e Marília Gago, responsáveis pelas áreas da comunicação e interação com a sociedade, ensino e conselho pedagógico, e investigação e internacionalização, respetivamente.
A presidente empossada alertou para a perda de docentes e para a “situação difícil e exigente” que o IE atravessa. Destacando o papel histórico do IE, uma das escolas fundacionais da UMinho, prestes a celebrar 50 anos, sublinhou a importância de respeitar esse legado, mas também de “ampliar a sua capacidade de afirmação e de influência interna e externamente”.
A nova presidente fez um diagnóstico claro da situação atual: o IE perdeu 45 docentes nos últimos 15 anos, entre aposentações e falecimentos; só nos últimos cinco anos, registou 22 saídas (incluindo três professores catedráticos e dez associados); no mesmo período, foram feitas apenas cinco contratações de novos professores auxiliares. Acrescentou ainda que mais 13 docentes estarão em condições de aposentação até 2026. Flores afirmou que a situação “não se pode escamotear” e que “se agudizou nos últimos anos”, sendo agravada por constrangimentos orçamentais e por opções políticas e estratégicas. “Esta realidade tem impacto na motivação, no bem-estar e na capacidade de desenvolver novos projetos e iniciativas”, alertou.
Apontando a crise nacional de professores, reforçou a urgência de investimento, citando dados oficiais que indicam a necessidade de 38 mil novas contratações até 2034-35, com forte impacto na educação pré-escolar, no 3.º ciclo e no ensino secundário. Assinalou ainda que a UMinho não faz parte das dez instituições que assinaram recentemente contratos-programa com o Governo para reforçar a formação inicial de professores. Ainda assim, garantiu que o IE está “disponível para contribuir ativamente” para este desígnio nacional, em colaboração com as restantes escolas da universidade.
No plano estratégico, identificou as linhas centrais do mandato: valorização e reforço dos recursos humanos, criando melhores condições de trabalho e participação; revisão e ampliação da oferta formativa, em áreas consolidadas e emergentes; reforço da investigação, apoiando os centros CIEC e CIEd; intensificação da interação com a sociedade, reforçando a visibilidade local, nacional e internacional; aposta na internacionalização através de parcerias e redes globais; e preparação do IE para os desafios da inteligência artificial no ensino, na organização e na avaliação. “O IE tem ambição e quer fazer mais e melhor”, concluiu, apelando à mobilização coletiva da comunidade académica.
Na sua intervenção, o reitor Rui Vieira de Castro saudou a nova equipa e sublinhou a pertinência do programa apresentado por Assunção Flores num momento que considerou “complexo e difícil” para o instituto. Recordou ainda o percurso pessoal de quase 50 anos na UMinho, grande parte dos quais ligado ao IE, que descreveu como uma escola que sempre respondeu “de forma inovadora” às necessidades do país.
O reitor contextualizou historicamente a importância do IE desde os anos 70, quando a massificação e democratização do ensino exigiram uma formação de professores capaz de responder a novas realidades educativas, e elogiou o modelo pioneiro da UMinho, assente na interdisciplinaridade, que marcou gerações de docentes. Sobre a evolução dos recursos humanos, explicou que a quebra na procura de formação de professores a partir de finais dos anos 90 levou a um “ajustamento inevitável” do corpo docente, mas alertou para o risco de perda de conhecimento sem uma renovação geracional equilibrada.
Com a atual retoma da procura em formação docente, defendeu que o IE deve voltar a ser protagonista na definição de modelos inovadores de formação, adaptados às transformações sociais, tecnológicas e educativas. “A pergunta é: como formamos hoje um professor? Que valências mobilizamos? Que diálogo estabelecemos com outras escolas?” — questionou, apelando a uma atuação proativa, não dependente apenas de iniciativas externas.
Sobre a investigação, destacou a “importância de ter um centro classificado como excelente”, mas lembrou que a existência de outro com classificação inferior exige “enfrentar a realidade com transparência” e definir estratégias de melhoria. Reforçou ainda o papel histórico do IE na internacionalização, sobretudo na cooperação com países da CPLP, e incentivou o reforço de graus conjuntos e parcerias internacionais.
No final do discurso, aquele que foi o último do seu mandato dirigido ao IE, o reitor deixou palavras de apreço: “Foi honrosa a possibilidade de representar esta comunidade”, afirmou, agradecendo a colaboração de docentes, investigadores, técnicos e estudantes ao longo dos anos. E concluiu com um apelo à unidade: “É preciso que todos rememos no mesmo sentido”.
Atualizado a 27-11-2025 15:00
