BRT em Braga: Reitoria da UMinho debateu impacto do traçado no Campus de Gualtar

Ana Marques ⠿ 08-05-2025 18:00

A Universidade do Minho acolheu ontem, dia 7 de maio, mais uma edição das conversas do Reitor com a comunidade académica, centrada no sistema Bus Rapid Transport (BRT) de Braga e no seu impacto no campus de Gualtar.

O BRT, um sistema de transporte rápido em fase de implementação na cidade de Braga, prevê, na sua fase conhecida como “Linha Vermelha”, uma ligação estratégica entre a Estação Ferroviária, o Hospital de Braga e a Universidade do Minho. Este trajeto inclui a passagem por terrenos pertencentes à Universidade, tornando a instituição um interveniente direto na discussão sobre o traçado final.

Durante a sessão, o Reitor Rui Vieira de Castro destacou a importância da participação da Universidade na definição do projeto, sublinhando que "em todo este processo, a Universidade, até determinado momento, não foi ouvida no contexto da preparação e da submissão da candidatura ao Plano de Recuperação e Resiliência. Descobrimos a existência deste sistema e das linhas pelos jornais". Segundo o Reitor, o percurso inicialmente proposto atravessava o campus, passando junto à Escola de Economia, Gestão e Ciência Política, o que foi considerado inaceitável pela administração da Universidade, uma vez que "quebraria a harmonia do campus e introduziria uma circulação intensa dentro da Universidade, com intervalos de seis em seis minutos".

Em resposta, a Universidade apresentou duas alternativas, sugerindo um percurso pelas margens do campus. Após várias negociações, os Transportes Urbanos de Braga (TUB) aceitaram a solução da Rua da Universidade, que envolve a subida pela Rua da Universidade, inflexão junto ao Edifício 10 e saída próxima à Rotunda do Hospital.

O Vice-Reitor Luís Amaral, por sua vez, traçou um histórico detalhado das negociações entre a Universidade, a Câmara Municipal e os TUB, desde janeiro de 2024. "Foram quatro reuniões formais, entre janeiro de 2024 e março de 2025, com muita correspondência trocada entre as partes", afirmou. Durante essas reuniões, a Universidade apresentou várias alternativas para mitigar o impacto da circulação do BRT no campus. "O principal problema eram os atravessamentos e os riscos associados a um trajeto que cortasse o campus ao meio", explicou.

Luís Amaral destacou que a solução agora acolhida, com passagem pela Rua da Universidade, foi inicialmente sugerida pela Universidade, sendo considerada a opção mais segura. "Não há atravessamentos funcionais da Universidade no percurso agora proposto, reduzindo o risco de acidentes e os impactos no funcionamento do campus", concluiu.

A discussão no auditório foi marcada por opiniões divergentes entre os presentes. Alguns manifestaram-se a favor da solução encontrada, defendendo que o BRT deve passar o menos possível pelo interior do campus, enquanto outros consideraram que a passagem pelo centro do campus seria uma oportunidade para aumentar a atratividade da Universidade. Houve também quem sugerisse a necessidade de estudos mais aprofundados sobre o impacto da obra na Universidade e na mobilidade urbana.

Ainda durante a sessão, Rui Vieira de Castro reiterou que "o entendimento foi que cabia à Reitoria da Universidade recusar soluções que prejudicassem o campus". O Reitor acrescentou que "é fundamental que a Universidade colabore na procura de soluções mais eficazes, mas o caminho que está em cima da mesa implica uma cedência ao domínio público". Segundo Rui Vieira de Castro, este processo envolve a aprovação do Conselho-Geral e, posteriormente, do Conselho de Curadores, sendo um procedimento estatutário indispensável para garantir que as decisões estejam alinhadas com os interesses da instituição.

O Reitor reforçou que "Braga tem um problema de mobilidade" e que a Universidade, pelo seu impacto na cidade, não pode ficar alheia às soluções propostas. No entanto, salientou a necessidade de preservar a harmonia do campus e garantir que as intervenções sirvam tanto à comunidade académica quanto à cidade de Braga.

O evento insere-se num ciclo contínuo de conversas promovidas pelo Reitor, destinadas a aproximar a administração da Universidade dos seus corpos docente, discente e técnico-administrativo, abordando temas estratégicos e de interesse comum para toda a Academia.

Atualizado a 08-05-2025 18:00