
Fórum EPIC debateu inovação pedagógica e criação de uma rede imparável
Ana Marques ⠿ 03-02-2025 16:00
A Universidade do Minho (UMinho) acolheu no passado dia 31 de janeiro o primeiro Fórum EPIC (Excelência Pedagógica e Inovação em Cocriação), com mais de 150 participantes, incluindo docentes, estudantes e representantes de várias instituições de ensino superior. O evento, que decorreu no campus de Gualtar, em Braga, teve como objetivo principal a partilha de boas práticas e o debate sobre inovações pedagógicas no ensino superior.
O Fórum contou com a presença do pró-reitor para Assuntos Estudantis e Inovação Pedagógica da UMinho, Manuel João Costa, que iniciou a sessão destacando a importância da colaboração e da cocriação no projeto EPIC. “Quando começámos, a intenção era que a soma fosse maior que as partes. E já estamos a ver que está a ser realmente maior”, afirmou, referindo-se ao impacto positivo que o consórcio tem gerado desde o seu lançamento.
O Consórcio EPIC, liderado pela Universidade do Minho e composto pelas universidades de Aveiro e da Beira Interior, bem como pelos institutos politécnicos do Cávado e Ave, Leiria e Viana do Castelo, abrange cerca de 72.000 estudantes e 6.000 docentes do Norte e Centro do país. O projeto visa transformar o ensino superior em Portugal, através da implementação de metodologias pedagógicas inovadoras e do uso de recursos digitais interativos, com o apoio financeiro do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A sessão de abertura foi seguida pela intervenção de Patrícia Rosado Pinto, Presidente do Conselho Nacional de Inovação Pedagógica no Ensino Superior (CNIPES), que abordou os desafios e oportunidades da inovação pedagógica, destacando a importância de definir e operacionalizar, de forma clara, os conceitos de Centros de Excelência no ensino superior. Para Patrícia Pinto, é fundamental que as instituições de ensino superior esclareçam a forma como interpretam a inovação pedagógica, que, segundo ela, deve ir além da sala de aula. “Inovação pedagógica pode e deve acontecer em diversos espaços como bibliotecas e laboratórios, e não está necessariamente vinculada a tecnologias”, afirmou.
A Presidente do CNIPES também questionou a uniformidade de entendimentos sobre o conceito de Centro de Excelência, apontando que os consórcios participantes no concurso para promover a inovação pedagógica precisam de mais clareza sobre o que exatamente significa ser um “Centro de Excelência”. “É absolutamente essencial que definamos e operacionalizemos etapas claras de desenvolvimento para os centros de excelência”, sublinhou.
Além disso, Rosado Pinto destacou a importância de discutir as práticas concretas de inovação pedagógica, enfatizando que não se trata apenas de teorizar sobre o tema, mas de demonstrar o impacto real dessas inovações nas instituições de ensino. Levantou ainda a questão das métricas necessárias para medir a inovação pedagógica, afirmando que é fundamental medir como a inovação se transforma em resultados concretos no sistema de ensino superior.
A especialista afirmou também que o foco do Conselho deve ser a inovação pedagógica, sem se desviar para debates institucionais mais amplos, como incentivos de carreira ou avaliação de docentes. “O CNIPES não está vocacionado para questões de incentivo de carreira. O nosso foco é revitalizar a inovação pedagógica”, disse.
Rosado Pinto também destacou a importância de criar continuidade e sustentabilidade nas iniciativas de inovação pedagógica. “Se vocês já forem uma rede, se os sete consórcios já forem uma rede, é imparável”, afirmou, reforçando a ideia de que a colaboração entre as diversas instituições é essencial para o sucesso e a expansão dessas práticas inovadoras.
O evento também destacou a importância do staff universitário no processo de inovação pedagógica, com a Presidente do CNIPES a enfatizar o papel fundamental dos técnicos superiores de apoio e de todos os que trabalham nas universidades, muitas vezes esquecidos nos debates sobre o ensino superior. “A universidade é de todos os que nela trabalham. Precisamos muito destes técnicos para fazer as transformações que queremos”, concluiu.
O Fórum EPIC foi o primeiro de uma série de encontros que visam promover a transformação pedagógica nas universidades e politécnicos portugueses, com mais três fóruns agendados até 2026. Além dos painéis e debates, o evento contou com a transmissão em direto, permitindo a participação de colegas de fora da região.
Sobre o EPIC
O Consórcio EPIC é um projeto de transformação pedagógica e inovação em ensino superior, financiado pelo PRR, com a missão de criar ambientes de aprendizagem mais inovadores e digitais. O projeto está a realizar diversas iniciativas, incluindo cursos e jornadas sobre metodologias pedagógicas, e planeia a criação de percursos de transformação pedagógica em várias áreas do conhecimento.
Atualizado a 03-02-2025 16:00