Saltar para o conteúdo

Sítio Oficial de Informação dos Serviços de Acção Social da Universidade do Minho

Página Inicial/Notícias/

Instituto de Ciências Sociais celebrou 49 anos com apelo à esperança e à reumanização

A imagem pode conter: Sociais, Ciências, Instituto

Instituto de Ciências Sociais celebrou 49 anos com apelo à esperança e à reumanização

Ana Marques ⠿ 11-11-2025 16:00

Cerimónia evocou a missão humanista das Ciências Sociais e marcou o arranque das comemorações dos 50 anos do Instituto, com intervenções que destacaram a esperança, o conhecimento e o compromisso coletivo.

O Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade do Minho assinalou esta segunda-feira, dia 10 de novembro, o seu 49.º aniversário, numa cerimónia que decorreu na Sala de Atos do Instituto, no campus de Gualtar, em Braga. O momento marcou o início do programa “Rumo aos 50 Anos”, que prepara as comemorações do cinquentenário da unidade orgânica, em 2026-2027.

A sessão contou com as intervenções da vice-reitora da UMinho para a Cultura e Território, Joana Aguiar e Silva, da presidente do ICS, Ana Paula Marques, e da presidente das Comemorações dos 50 Anos do Instituto, Teresa Ruão. Foram ainda entregues prémios académicos e homenageados os docentes Joaquim Costa e Paula Mascarenhas.

A vice-reitora Joana Aguiar e Silva sublinhou o papel das Ciências Sociais como “um espaço de resistência democrática, um território onde o pensamento crítico continua a ser cultivado e onde a dúvida é vista não como fraqueza, mas como condição de progresso e de sabedoria”. Destacou o contributo do ICS para “compreender o território e as transformações do nosso tempo”, valorizando “uma ciência que não é apenas uma forma de saber, mas também uma forma de cuidar” e o papel do Instituto na formação de cidadãos informados e conscientes, reforçando o seu “sentido ético de serviço público”.

A presidente do Instituto, Ana Paula Marques, centrou o seu discurso na urgência de uma “reumanização” da sociedade e das instituições, defendendo que “as Ciências Sociais não se podem limitar à descrição do mundo e dos problemas que o caracterizam — devem imaginar as condições da sua superação”. Sublinhou que “vivemos num tempo em que a desumanização se tornou estrutural, difusa e, paradoxalmente, normal”, apelando a que o ICS seja “um espaço de resistência ética e de esperança ativa”. Citando Richard Williams, afirmou que “Ser verdadeiramente radical é tornar a esperança possível em vez de tornar o desespero convincente”.

A presidente do ICS expressou ainda “profunda gratidão” a toda a comunidade académica, destacando o papel de docentes, investigadores, estudantes e pessoal técnico administrativo e de gestão.

Teresa Ruão, presidente da Comissão das Comemorações dos 50 Anos, evocou “um percurso coletivo de quase meio século, feito de sabedoria, de perseverança e de compromisso”, sublinhando que o ICS “é uma comunidade viva de pessoas e de saberes que queremos celebrar”. Apresentou o mote e a filosofia do programa “Rumo aos 50 Anos”, que pretende “celebrar o passado, honrando as pessoas que fundaram e fizeram crescer o ICS, mas também projetar o futuro desta comunidade viva de pessoas e saberes”.

Explicou que as comemorações terão lugar entre novembro de 2026 e novembro de 2027, envolvendo conferências, debates, congressos e outras iniciativas que espelham a história, a excelência e o espírito colaborativo do Instituto. Sublinhou ainda que “se pretende uma celebração participada, plural e à altura da excelência da nossa comunidade”, contando com uma Comissão de Honra e uma Comissão Comemorativa, “que simbolizam o legado e o prestígio do Instituto”, integrando antigos dirigentes, professores eméritos, estudantes, técnicos e parceiros externos.

Lembrou que “o ICS nasceu num contexto de ousadia e reforma, como parte de uma visão humanista e transdisciplinar que marcou para sempre a identidade da Universidade do Minho”. Concluiu, afirmando: “Com este espírito colaborativo e com profundo sentido de pertença, queremos que as comemorações dos 50 anos do ICS tenham a dignidade e o afeto que a nossa comunidade merece”.

O programa do 49.º aniversário incluiu ainda a conferência “Desumanização e Recursos de Esperança”, proferida pelo escritor e jornalista Richard Zimler, sob moderação da professora Madalena Oliveira, e a apresentação do livro “Guerra e Paz: riscos, dinâmicas e horizontes de futuro”, de Conceição Meireles Pereira.

Na sua intervenção, Zimler partilhou uma reflexão emotiva sobre o poder transformador da literatura, evocando a história pessoal da mãe para ilustrar como a leitura pode ser um refúgio e uma forma de sobrevivência. “A leitura salvou a vida da minha mãe — e talvez a minha também”, afirmou, concluindo que “a literatura pode salvar vidas, porque encontrar personagens e autores que compreendem a nossa fragilidade é, muitas vezes, o que nos permite continuar”.

Atualizado a 11-11-2025 16:00