Na UMinho, a saúde mental não é apenas um conceito — é um compromisso
Ana Marques ⠿ 26-06-2025 11:00
Adriana Sampaio e Alexandra Seixas falam da UMind.
A professora Adriana Sampaio, psicóloga e médica, lidera ao lado de Alexandra Seixas, administradora dos SASUM, a UMind, um projeto pioneiro que integra ciência, prática clínica e ação comunitária para responder aos desafios do bem-estar académico.
Numa conversa aberta, Adriana Sampaio e Alexandra Seixas, revelam como nasceu esta iniciativa, os seus pilares estratégicos e o impacto esperado para estudantes, docentes e trabalhadores, num momento em que as universidades se tornam, mais do que nunca, espaços de cuidado e resposta emocional.
Quem é Adriana Sampaio? Pode partilhar connosco um pouco do seu percurso e como se envolveu na área da saúde mental no ensino superior?
Adriana Sampaio: Sou licenciada e doutorada em Psicologia pela Universidade do Minho. Posteriormente decidi fazer uma formação em Medicina, tendo terminado o Mestrado Integrado em Medicina no IBCAS na Universidade do Porto, em 2015. Na Universidade do Minho, além da minha formação académica, iniciei o meu percurso como investigadora de Pós-Doutoramento e, mais tarde nesse mesmo ano, integrei o programa “Compromisso com a Ciência 2007” como Investigadora Auxiliar. Em 2013, fui contratada como Professora na Escola de Psicologia da UMinho, cargo que desempenho até ao presente. Embora o meu percurso de investigação tenha estado, desde o início, fortemente ancorado nas áreas do neurodesenvolvimento e da saúde – com especial ênfase na saúde mental –, foi em 2019 que essa ligação se aprofundou de forma mais direta e interventiva, ao assumir a Presidência da Direção da Associação de Psicologia da Universidade do Minho (APsi-UMinho). Este papel revelou-se particularmente desafiante e marcante durante a pandemia de 2020, um dos períodos mais exigentes e transformadores para a esta associação. Perante a emergência sanitária e social, a APsi-UMinho viu-se confrontada com a necessidade urgente de redefinir o seu posicionamento estratégico, tanto na Universidade do Minho como no relacionamento com a comunidade envolvente através de uma multiplicidade de respostas na área da saúde mental. Esta experiência veio reforçar de forma significativa o meu compromisso e envolvimento nesta área, sublinhando a importância da articulação entre a investigação científica e a intervenção clínica como pilares essenciais para uma resposta eficaz.
Como surgiu o Projeto de Promoção da Saúde Mental e Bem-Estar da Universidade do Minho (UMind) e de que forma se envolveu na sua coordenação?
Adriana Sampaio: O Projeto de Promoção da Saúde Mental e Bem-Estar da Universidade do Minho, designado UMind, surge como uma resposta integrada e articulada aos desafios identificados no contexto do ensino superior no âmbito da saúde mental. Estive, desde o início, envolvida ativamente no desenvolvimento do projeto, coordenando a equipa responsável pela elaboração da candidatura. Um dos primeiros passos consistiu na realização do mapeamento das respostas já existentes na Universidade do Minho, numa primeira tentativa de identificar lacunas e oportunidades de integração e reforço. Este levantamento foi fundamental para a definição da estratégia de ação e para a construção de um plano articulado a apresentar em sede de candidatura.
Este projeto nasce no contexto do Programa Nacional para a Promoção da Saúde Mental no Ensino Superior, lançado pelo Governo. Que importância tem esta iniciativa e como se posicionou a UMinho nesse âmbito?
Adriana Sampaio: Este Programa é uma iniciativa do Governo, que procurou internalizar, nas Instituições de Ensino Superior, o desenvolvimento e reforço de respostas estruturadas e integradas na área da Saúde Mental. Curiosamente, a Universidade do Minho já se encontrava, à data, a ensaiar internamente um modelo de articulação mais eficaz entre os Serviços de Ação Social (SAS-UMinho) e a APsi-UMinho, com vista a uma resposta mais coordenada no apoio psicológico à sua comunidade estudantil. Este alinhamento com a estratégia nacional que estava a ser proposta permitiu à UMinho posicionar-se de forma proativa, submetendo uma candidatura que consolidou não só as iniciativas pré-existentes como permitiu ambicionar e estruturar uma resposta institucional mais articulada.
A saúde mental no ensino superior tem vindo a ganhar cada vez mais atenção. Que mudanças mais sente no panorama atual e que sinais urgentes motivaram a criação deste projeto?
Adriana Sampaio: A saúde mental no ensino superior tem vindo a ganhar uma visibilidade crescente, refletindo uma preocupação com a saúde mental dos estudantes do ensino superior, nomeadamente os elevados níveis de ansiedade, depressão, burnout e comportamentos de risco, identificados em múltiplos estudos. Neste contexto, Programa Nacional para a Promoção da Saúde Mental foi lançado para apoiar as instituições de ensino superior na criação ou consolidação de mecanismos de apoio psicológico, promovendo abordagens preventivas e estratégias de intervenção adaptadas. Em paralelo, foram implementadas outras medidas como os Cheques Psicólogo e Nutricionista, que embora orientadas para facilitar o acesso a cuidados, têm um carácter de implementação mais pontual, e sobretudo não tem estado articulado com as respostas que estão a ser consolidadas no contexto do ensino superior.
A UMinho já contava com estruturas como a APsi. O que distingue este projeto de outras abordagens já existentes na universidade? O que vem, de facto, mudar?
Adriana Sampaio: Embora a Universidade do Minho já beneficiasse de estruturas relevantes na área da saúde mental, como a APsi-UMinho, o P5, ou os Serviços de Apoio Clínico dos SAS, a resposta institucional era, até agora, marcada por alguma fragmentação e ausência de um plano coordenado de intervenção. A UMind representa uma mudança de paradigma, tanto ao nível da organização dos serviços, como da estratégia de intervenção. Além disso, o que distingue este projeto é a adoção de um modelo integrado baseado no modelo Stepped Care, que permite articular diferentes níveis de apoio – desde a prevenção e literacia em saúde mental até à intervenção clínica altamente especializada – com base nas necessidades reais dos estudantes, no seu grau de autonomia e na sua prontidão para a ajuda.
Na sessão de apresentação do projeto, a 24 de outubro de 2024, a reitoria destacou a importância de uma visão estratégica para o bem-estar académico. Qual é, na sua perspetiva, a base dessa estratégia?
Adriana Sampaio: Este projeto materializa-se na criação da UMind que assume como pilares a articulação efetiva entre estruturas institucionais da UMinho, garantindo uma abordagem sistémica e de cooperação efetiva na universidade; a monitorização contínua, com avaliação do impacto das intervenções e mecanismos de ajustamento permanente; a capacitação da comunidade académica, através da promoção de literacia em saúde mental, da redução do estigma e do reforço da participação ativa dos estudantes como agentes de bem-estar; e sobretudo a sustentabilidade das respostas, com investimento em recursos humanos e plataformas digitais, que permitam continuidade e acessibilidade no apoio prestado.
Antes da apresentação oficial, foi lançado um inquérito no âmbito do “Projeto PROMETEU” para caracterizar a saúde mental da academia. Que conclusões retiraram desse inquérito? Como está, afinal, a saúde mental da nossa comunidade?
Adriana Sampaio: Antes da apresentação oficial do projeto UMind, foi lançado um inquérito no âmbito do Projeto PROMETEU, promovido pelo Conselho Geral da Universidade do Minho, com o objetivo de realizar uma caracterização aprofundada da saúde mental e do bem-estar da comunidade académica. Este estudo visou identificar não apenas a prevalência de sintomas de sofrimento psicológico, mas também os fatores de risco e de proteção associados, com base em dimensões pessoais, económicas, socioculturais e ambientais. Um dos aspetos inovadores do projeto foi o seu foco nas perceções e experiências dos diferentes grupos da comunidade universitária – estudantes, docentes/investigadores e trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão (TAGs) – relativamente à saúde mental, ao bem-estar e ao papel da universidade na promoção destas dimensões. Ainda que os resultados finais estejam em fase de análise e validação, os dados preliminares confirmam a relevância de se fornecerem respostas promotoras de saúde mental e bem-estar na UMinho.
Embora a amostra dos respondentes não seja representativa da população da UMinho, os dados obtidos indicam níveis de sofrimento psicológico significativo, com algumas especificidades nos grupos de participantes e com custos na vida profissional e académica. Este levantamento é crucial para assegurar que a ação multidisciplinar da UMind seja efetivamente orientada pelas necessidades reais da comunidade académica da UMinho, em geral ou considerando grupos específicos. Além disso, fornece uma base empírica sólida para o desenho e ajustamento contínuo das medidas de intervenção, uma vez que se pretende que continue de forma longitudinal, e que contribuia para a definição de boas práticas, sustentadas por evidência científica, mas também e sobretudo contextualizadas à realidade da UMinho.
Desde a apresentação oficial, que desenvolvimentos têm sido feitos no âmbito do projeto? Que ações concretas têm vindo a ser implementadas?
Adriana Sampaio: As ações específicas estão sobretudo relacionadas com o reforço dos recursos humanos para este projeto. Além disso, estão em curso a criação de itinerários de acesso às respostas terapêuticas, com fluxogramas de triagem e referenciação clínica, e o desenvolvimento de indicadores de monitorização e avaliação, que permitem avaliar em tempo real a eficácia das intervenções, o acesso aos serviços e a satisfação dos utilizadores, garantindo melhorias contínuas. Paralelamente, temos já algumas iniciativas em curso, como o podcast Espaço UMind e ações específicas de promoção de literacia em Saúde Mental, como o encontro com o Guilherme Geirinhas e o artista Samuel Coelho nas comemorações do Dia da Saúde Mental. Estão em curso programas de intervenção de diferentes intensidades dirigidos aos estudantes. Por exemplo, está em curso um programa online de avaliação e promoção da tomada de consciência de dimensões pessoais com impacto na mudança efetiva de hábitos de saudáveis, nomeadamente os relacionados com o exercício físico e a alimentação, e que é dirigido a todos os estudantes. Outro exemplo, é a implementação em curso de um protocolo de intervenção em grupo, de orientação cognitivo-comportamental, para estudantes com diagnóstico clínico de ansiedade social.
Quais são os principais objetivos definidos para o curto e médio prazo? E o que torna este projeto verdadeiramente inovador?
Adriana Sampaio: O projeto UMind assenta no modelo Stepped Care, um modelo de intervenção amplamente reconhecido na área da saúde mental, que propõe uma resposta escalonada, ajustada às necessidades e ao grau de autonomia de cada pessoa. De forma simples, este modelo organiza as intervenções em diferentes “degraus” de intensidade – desde ações de prevenção e promoção de bem-estar até intervenções clínicas especializadas – permitindo que cada estudante receba o tipo de apoio mais adequado, no momento certo e com os recursos certos. Assim, evita-se a sobrecarga de serviços mais intensivos e assegura-se uma utilização eficiente dos recursos disponíveis, ao mesmo tempo que se respeita o ritmo e a prontidão individual de quem procura ajuda.
Na Universidade do Minho, o Stepped Care é aplicado através de um plano de ação estruturado em cinco níveis:
- Promoção e prevenção (nível 1): ações de literacia em saúde mental, workshops, campanhas de sensibilização, programas de tutoria e estilos de vida saudáveis;
- Ajustamento académico e pessoal (nível 2): apoio psicológico breve, grupos de apoio e estratégias de autorregulação emocional;
- Intervenção clínica especializada (nível 3): psicoterapia individual ou em grupo, presencial ou online, para casos com maior complexidade;
- Encaminhamento psiquiátrico e ligação ao SNS (nível 4): para situações clínicas que exigem acompanhamento médico especializado;
- Apoio em situações de crise (nível 5): nomeadamente através da linha SOS-Psi e de grupos de resposta rápida em unidades orgânicas.
A aplicação deste modelo na UMinho é ainda acompanhada por um plano de monitorização e avaliação, que utiliza indicadores específicos de bem-estar e saúde mental, triagens com algoritmos e procedimentos clínicos, assegurando o ajustamento contínuo das medidas em função dos resultados obtidos.
Em suma, o Stepped Care permite uma resposta personalizada, flexível e baseada na evidência, contribuindo para uma cultura universitária mais saudável e inclusiva.
De que forma este modelo pode ajudar a responder melhor às necessidades específicas de estudantes, docentes e trabalhadores?
Adriana Sampaio: O modelo Stepped Care, adotado neste projeto, permite uma resposta mais eficaz às necessidades específicas dos estudantes, docentes/investigadores e trabalhadores técnicos, administrativos e de gestão, através da sua estrutura escalonada e centrada na pessoa. Este modelo reconhece que cada grupo da comunidade académica enfrenta desafios distintos no que diz respeito ao bem-estar psicológico, e por isso organiza as intervenções em vários níveis de intensidade, desde ações universais de promoção da saúde e prevenção, até cuidados especializados em saúde mental, garantindo a sua adaptação ao nível/tipo de necessidade, contexto e autonomia de cada individuo. No contexto da UMinho, pretende-se que a implementação deste modelo seja articulada com os resultados do projeto Prometeu, e com a monitorização contínua da sua eficácia, apoiada por sistemas de feedback apropriados ao nível da intervenção.
Que papel têm os diferentes setores da comunidade académica na construção e implementação deste projeto?
Adriana Sampaio: Os diferentes setores da comunidade académica da UMinho desempenham um papel central na construção, implementação e monitorização deste programa, assumindo responsabilidades diretas através da sua representação formal nas diversas comissões. Desde a fase de conceção, o projeto foi desenvolvido com base num modelo participativo e multidisciplinar, garantindo a inclusão de representantes de diferentes estruturas da Universidade.
A USMBE está organizada em três comissões principais (uma comissão executiva, uma comissão consultiva e uma comissão de avaliação e monitorização) que integram diferentes estruturas governativas da UMinho, permitindo uma gestão partilhada, assegurando que as decisões são informadas pelas necessidades concretas de cada setor da comunidade académica.
Que entidades, internas e externas, estão envolvidas no UMind? E como tem sido feita essa articulação interinstitucional?
Adriana Sampaio: O projeto UMind assenta numa lógica de colaboração interinstitucional, envolvendo uma ampla rede de entidades internas e externas à Universidade do Minho. A constituição das equipas assegura uma representação abrangente da comunidade universitária, integrando estudantes, docentes, investigadores e trabalhadores técnicos e administrativos (TAGs). Internamente, o projeto foi desenhado de forma a articular-se com diversas estruturas e serviços da UMinho, incluindo os Serviços de Ação Social, diferentes Unidades Orgânicas, o Centro de Medicina Digital P5, Associação Académica da UMinho, USAAE, entre outros. Esta articulação é operacionalizada através das três comissões onde estão representados os diferentes programas, serviços e unidades orgânicas, garantindo uma abordagem integrada e participada. Externamente, foram já estabelecidos protocolos de cooperação com entidades do sistema de saúde pública, que reforçam a capacidade de resposta clínica e a continuidade de cuidados. Destacam-se as seguintes parcerias Unidade Local de Saúde de Braga, E.P.E, Unidade Local de Saúde do Alto Ave, E.P.E e Instituto para os Comportamentos Aditivos e as Dependências, I.P. (ICAD).
Os SASUM assumem um papel de destaque neste projeto. Como avalia o seu envolvimento e compromisso nesta área? Qual a importância do envolvimento institucional dos Serviços de Acção Social na promoção da saúde mental na universidade?
Adriana Sampaio: Os Serviços de Ação Social da Universidade do Minho (SASUM) assumem um papel de particular destaque no âmbito do projeto UMind, funcionando como eixo aglutinador das ações e estruturas de apoio à saúde mental e ao bem-estar da comunidade académica.
O envolvimento dos SASUM neste projeto tem sido pautado por um compromisso efetivo, não apenas pela sua disponibilidade de recursos, mas também pela sua experiência acumulada no acompanhamento dos estudantes. A sua capacidade instalada – que inclui um Centro Médico com consultas de psicologia, serviços de enfermagem, bem como as respostas no âmbito da atividade física- constitui a base das múltiplas respostas previstas no plano de ação.
Contudo, reconhece-se que a resposta existente ao nível do apoio psicológico é, atualmente, insuficiente face à procura e às necessidades identificadas. Neste sentido, os SASUM assumem a coordenação de uma resposta que será integrada com outros agentes da UMinho, incluindo a APsi-UMinho, o Centro de Medicina Digital P5, diferentes UOs, diferentes unidades de serviços e AAUM.
Quais têm sido os principais desafios na implementação e consolidação do projeto até agora?
Adriana Sampaio: Um dos principais desafios refere-se à necessidade de reforço de recursos humanos especializados, nomeadamente psicólogos e técnicos com formação específica em saúde mental no contexto do Ensino Superior. Outro desafio importante é o processo de articulação inter-estruturas, essencial para garantir a coerência do modelo Stepped Care. Finalmente, a sustentabilidade a longo prazo é também um ponto crítico. Apesar do financiamento inicial da DGES, garantir que os recursos, serviços e plataformas digitais possam manter-se ativos e evoluir exige um esforço contínuo e sobretudo a integração nas estruturas da universidade.
Alexandra Seixas: sim, efetivamente, o desafio dos Recursos Humanos é real e estamos a trabalhar ativamente para construir uma equipa que nos permita alargar a capacidade de resposta, que é, aliás, o objetivo central deste programa. Para além dos pontos já referidos pela Professora Adriana Sampaio, destacaria também a necessidade de requalificação e adaptação de espaço e infraestruturas, de forma a proporcionar um acolhimento adequado aos estudantes desde o primeiro contacto presencial com os nossos serviços. Por fim, sublinharia a importância de criar as condições necessárias para que tudo o que formos capazes de construir durante a execução do projeto tenha continuidade e se mantenha relevante a longo prazo.
O financiamento inicial tem um horizonte temporal definido. Está a ser pensada alguma estratégia para garantir a sustentabilidade do projeto a longo prazo?
Adriana Sampaio: Sim, de facto o financiamento inicial tem um horizonte temporal definido. Temos antecipado uma estratégia de sustentabilidade a longo prazo, mas sabemos que o equilíbrio entre sustentabilidade e qualidade e consistência da resposta é fundamental e requer um planeamento rigoroso, que passa pelo reforço de recursos humanos especializados de forma permanente, bem como o desenvolvimento de recursos digitais e estruturas tecnológicas que permitam a sua rentabilização no tempo.
Que impacto espera ver a médio e longo prazo, fruto deste investimento na saúde mental da comunidade académica?
Adriana Sampaio: Num plano mais imediato, desejamos ver um aumento da literacia em saúde mental, e sobretudo um maior conhecimento, acesso e utilização dos serviços de apoio. A longo prazo, integrar uma cultura de promoção e bem-estar na missão das políticas institucionais da UMinho, garantindo um compromisso estratégico para a melhoria do bem-estar da academia.
Alexandra Seixas: Esperamos, acima de tudo, conseguir dar uma resposta significativamente mais abrangente e eficaz às necessidades dos estudantes nesta área. A resposta disponibilizada pelos SASUM, nos últimos anos, revelou-se insuficiente face à crescente procura identificada.
Este programa oferece-nos a possibilidade de transformar essa realidade, permitindo-nos alargar substancialmente a capacidade de resposta, tanto em termos quantitativos como qualitativos — não apenas durante a execução do projeto, mas também de forma duradoura, após a sua conclusão.
O que distingue o UMind de outras iniciativas semelhantes já em curso noutras instituições de ensino superior?
Adriana Sampaio: No âmbito do financiamento atribuído pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), temos acompanhado de perto outras iniciativas semelhantes desenvolvidas por instituições de ensino superior a nível nacional. No entanto, tal como previsto pelo próprio programa, estas respostas devem ser adaptadas aos contextos institucionais e às especificidades das suas comunidades académicas. O que distingue o UMind é precisamente essa adaptação profunda ao ecossistema da Universidade do Minho, marcado por um modelo organizativo particular, com entidades participadas altamente especializadas, como a APsi-UMinho e o Centro de Medicina Digital P5. Estas estruturas oferecem um valor acrescentado muito específico da UMinho ao projeto.
Que tipo de iniciativas têm vindo a ser promovidas no âmbito do projeto — como o Dia Mundial do Sono ou os podcasts — e que impacto têm sentido junto da comunidade?
Adriana Sampaio: Uma das iniciativas de maior destaque tem sido o podcast mensal “Espaço UMin(D)”, desenvolvido em parceria com a Rádio Universitária do Minho (RUM). Esta ação procura envolver de forma progressiva todas as UOs da UMinho, abordando temas relevantes e ajustados às diferentes fases do percurso académico, com linguagem acessível e adaptada ao público-alvo. Outro exemplo relevante foi a Oficina do Sono, organizada no âmbito do Dia Mundial do Sono
Alexandra Seixas: São iniciativas que, no seu conjunto e por diferentes vias, têm contribuído para aumentar a literacia em saúde mental dentro da comunidade académica. Simultaneamente, têm permitido divulgar o projeto e tornar mais visível o trabalho que está a ser desenvolvido pela UMinho nesta área.
É fundamental que os estudantes conheçam os recursos e serviços disponíveis, e estas ações têm sido essenciais para promover esse conhecimento e criar uma maior proximidade com os temas da saúde mental e do bem-estar.
Como têm sido escolhidos os temas e formatos destas iniciativas? Existe uma estratégia definida ou têm existido contributos da própria comunidade académica?
Adriana Sampaio: A escolha dos temas e formatos das iniciativas promovidas no âmbito do projeto UMind tem sido orientado por uma estratégia que articule contributos da comunidade académica e dos SASUM. Por um lado, existe uma agenda orientadora, que procura alinhar as ações com datas e campanhas internacionais, como o Dia Mundial da Obesidade, o Dia Mundial da Saúde, que traz para a arena de reflexão, temas atuais no domínio da saúde e bem-estar. Por outro lado, o projeto tem dado espaço ao desenvolvimento de iniciativas piloto, como o caso das “pausas ativas”, que têm sido testadas em diferentes públicos alvo, como os estudantes e foi já tema do podcast.
Para terminar, que mensagem gostaria de deixar aos estudantes, professores e aos técnicos administrativos e de gestão da UMinho sobre a importância da saúde mental nos dias de hoje?
Adriana Sampaio: A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma claramente que a saúde mental é um direito humano universal, o que reforça importância de considerar a saúde mental não apenas como uma questão de bem-estar individual. Iniciativas como o projeto UMind refletem precisamente este compromisso de assumir a saúde mental e bem-estar como prioridade coletiva e institucional.
Alexandra Seixas: A saúde mental e o bem-estar dos nossos estudantes são, hoje, um dos grandes desígnios dos Serviços de Ação Social da UMinho. Face aos desafios e exigências dos tempos que vivemos, esta dimensão tornou-se cada vez mais urgente e visível. As instituições de ensino superior devem ser capazes de oferecer respostas adequadas, que permitam aos estudantes viver a sua experiência académica de forma plena, segura e saudável.
É essa missão que nos orienta diariamente nos SASUM: construir soluções que estejam ao serviço dos nossos estudantes, de forma próxima e eficaz. Esperamos que todos aqueles que sintam necessidade ou vontade de recorrer aos nossos serviços o façam com confiança, sem receios nem hesitações. Estamos aqui para apoiar, sempre.
Atualizado a 26-06-2025 11:00