
UMinho e Grupo CASAIS lançam Cátedra pioneira para a Construção Digital e Sustentável
Ana Marques ⠿ 05-06-2025 11:00
Parceria estratégica reforça a ligação entre academia e indústria para um setor da construção mais sustentável, digital e eficiente.
A Universidade do Minho (UMinho) e o Grupo CASAIS apresentaram esta terça-feira, dia 5 de junho, a primeira Cátedra Não Académica em Portugal, sob o tema “Construção na Era Digital”, numa cerimónia que decorreu no Salão Nobre da Reitoria da UMinho, em Braga. O projeto representa um passo decisivo na aproximação entre o conhecimento académico e as necessidades reais da indústria da construção, num momento de grande transformação do setor.
Durante a sessão, Paulo Cruz, presidente da Escola de Arquitetura, Arte e Design (EAAD), destacou a importância desta iniciativa, enquadrada no programa FCTenure da Fundação para a Ciência e Tecnologia. “Não inauguramos apenas uma nova cátedra, inauguramos uma nova etapa. Um percurso que queremos fazer lado a lado com os nossos parceiros, rumo a uma construção mais inovadora, mais inteligente e mais sustentável”, afirmou, sublinhando que a cátedra representa “a vontade de liderar e não apenas acompanhar a transformação da indústria”.
O reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, reforçou o valor da cátedra para o futuro do setor: “Esta parceria reforça a capacidade da universidade para contribuir de forma direta para os desafios tecnológicos e sociais que enfrentamos. A construção do futuro passa necessariamente pela colaboração estreita entre academia e indústria, e esta cátedra é um exemplo claro dessa sinergia.” O reitor destacou ainda a visão de uma universidade focada na inovação e na colaboração com o setor produtivo: “Este é um momento simbólico, onde a academia assume a sua responsabilidade social e económica, promovendo parcerias que respondem a desafios reais da sociedade. A Cátedra Casais é um exemplo claro de como podemos juntar forças para acelerar a transição para uma construção digital, eficiente e sustentável.” Salientou ainda a importância de apostar na formação de profissionais com “competências multidisciplinares que possam liderar esta revolução tecnológica e ambiental” e acrescentou que “a inovação é um motor essencial para a sustentabilidade e competitividade do setor da construção, e esta iniciativa coloca a UMinho na linha da frente dessa transformação.”
Já António Carlos Rodrigues, CEO do Grupo CASAIS, realçou o caráter estratégico da parceria com a UMinho, reforçando a importância de se construírem “pontes reais entre investigação e aplicação prática”. Lembrou que a construção continua a ser uma das indústrias mais tradicionais, com forte resistência à mudança, mas também uma das mais responsáveis pelas emissões de gases com efeito de estufa e pela extração de recursos naturais. “O futuro da construção só será viável se for mais eficiente, digital e sustentável. Esta cátedra é um passo concreto nessa direção. Os edifícios do futuro têm de nascer digitais, ser produzidos digitalmente e permitir o reaproveitamento de materiais. Esta revolução começa no pensamento e passa pela formação dos profissionais do amanhã”, afirmou. O responsável sublinhou ainda a ligação de longa data do Grupo com a UMinho e a valorização dos profissionais formados na academia minhota. “Não conseguimos pensar o nosso futuro sem pensar nos nossos profissionais e no sítio onde eles são forjados”, disse, acrescentando que este projeto deverá servir de inspiração para outras empresas seguirem o exemplo.
A sessão terminou com um debate moderado por Pedro Norton de Matos (Greenfest), que contou com os contributos de Filipe Brandão (titular da cátedra), Bruno Figueiredo (EAAD – ACTech) e Pedro Andrade (Casais - Blufab). No debate foram abordados os desafios tecnológicos e estratégicos para a construção do futuro, com ênfase na robotização, impressão 3D em betão, modularização, pré-fabricação e integração com modelos BIM.
Pedro Andrade destacou a aposta do Grupo Casais na “industrialização e robotização da construção”, salientando que “estamos a transformar o estaleiro tradicional numa linha de montagem altamente tecnológica, que permite maior controlo de qualidade e menor desperdício”.
Bruno Figueiredo reforçou a necessidade de um “novo paradigma na formação”, com “profissionais capazes de integrar arquitetura, engenharia, programação e operação de sistemas robóticos”, e salientou a importância dos “configuradores digitais que simulam e otimizam o ciclo de vida dos edifícios”.
Filipe Brandão afirmou que “a colaboração entre universidade e indústria é essencial para acelerar a transição para uma construção mais inteligente e sustentável, promovendo abordagens circulares e soluções reutilizáveis”. Destacou ainda o papel da cátedra na criação de conhecimento aplicável e na formação de recursos humanos especializados.
Este evento reforça a ambição de tornar o setor da construção mais competitivo, inovador e consciente do impacto ambiental, através da união de esforços entre academia e indústria.
Atualizado a 05-06-2025 11:00