UMinho lança MarUMinho, programa pioneiro para valorizar o Litoral Norte através da ciência marinha

Ana Marques ⠿ 07-07-2025 15:00

Projeto envolve mais de 60 investigadores, é financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian com 1,5 milhões de euros e prevê a criação de um Instituto em Apúlia.

A Universidade do Minho (UMinho) apresentou na passada quarta-feira, dia 2 de julho, o MarUMinho – Programa de Investigação Multidisciplinar em Ciência e Tecnologia Marinha, um projeto com financiamento de 1,5 milhões de euros da Fundação Calouste Gulbenkian e que envolve mais de 60 investigadores de quatro escolas e nove centros de investigação da academia. A cerimónia decorreu no salão nobre da Reitoria, em Braga, e assinalou o arranque formal desta iniciativa que pretende promover a ciência marinha e o desenvolvimento sustentável do Litoral Norte.

O programa terá a duração de três anos e organiza-se em torno de seis linhas estratégicas de investigação, como Biotecnologia azul e biorrecursos marinhos sustentáveis, Observação e monitorização do litoral, Interfaces costeiras, Poluição por (micro)plásticos, Sustentabilidade e inovação estrutural, e (Bio)Economia azul. O objetivo é desenvolver soluções científicas e tecnológicas inovadoras para os desafios ambientais, económicos e sociais da região.

Na sessão de apresentação, o investigador responsável, Eugénio Campos Ferreira, sublinhou que o MarUMinho constitui “um momento de enorme significado para a Universidade do Minho e para a região” e representa “um compromisso claro com a ciência e com a sustentabilidade”. Referiu ainda o alinhamento do projeto com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, em particular o ODS 14, que promove a conservação dos oceanos e a utilização responsável dos seus recursos.

Já o reitor da UMinho, Rui Vieira de Castro, destacou que o financiamento agora obtido é “mais do que um apoio financeiro: é um catalisador de articulação interna e de impacto externo”, acrescentando que o MarUMinho “responde ao desafio atual de maior integração da investigação produzida na universidade”. “A UMinho tem no seu ADN a missão de promover o desenvolvimento regional e nacional, e este é um excelente exemplo dessa vocação”, afirmou.

Por parte da Fundação Calouste Gulbenkian, o presidente do Conselho de Administração, António Feijó, justificou o apoio com a estratégia da instituição de financiar investigação com potencial transformador fora da área de Lisboa. “Identificámos no MarUMinho um projeto com alinhamento estratégico e real potencial de impacto. A palavra ‘sustentabilidade’, tantas vezes usada, aqui ganha um significado concreto e prático”, afirmou. Também o administrador executivo da fundação, António Cruz Serra, reforçou a aposta em propostas “diferenciadoras e de elevado mérito científico”, mostrando-se confiante de que “este investimento fará a diferença entre o que poderia acontecer e o que nunca aconteceria sem este impulso”.

O MarUMinho prevê ainda a criação de um Instituto Multidisciplinar de Ciência e Tecnologia Marinha, a instalar em Apúlia, no concelho de Esposende, em cooperação com a Câmara Municipal. O futuro instituto será um polo de excelência dedicado à investigação aplicada, transferência de conhecimento, capacitação e envolvimento de stakeholders locais e internacionais. Presente na cerimónia, o presidente da Câmara de Esposende, Guilherme Emílio, revelou que o município e a UMinho aguardam a abertura de aviso para submeter uma candidatura a fundos europeus para as obras de reabilitação da antiga Estação Radionaval de Apúlia, onde o instituto será instalado.

O MarUMinho representa, assim, uma abordagem integrada e sustentável, aliando ciência, tecnologia e inovação ao serviço da valorização ambiental, económica e social do Litoral Norte.

Atualizado a 07-07-2025 15:00