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“Os Campi são duas pequenas cidades que é preciso gerir”



 


É Vice-Reitor para a Infra-estrutura, Inovação e Projectos Especiais. Qual é a essência desta pasta?


O quadro de responsabilidades e competências que me foram confiadas integra, de facto, as três grandes áreas que refere.


No âmbito da infra-estrutura, cabe-me o planeamento estratégico dos investimentos e a gestão dos sistemas críticos que servem toda a comunidade académica nos dois campi e em todos os outros núcleos e edifícios da Universidade nas cidades de Braga e Guimarães. Em termos operacionais, existe um conjunto de estruturas e pessoas que, sob a minha coordenação, mantêm a Universidade a funcionar em contínuo. Refiro-me aos Serviços Técnicos, ao Serviço de Comunicações e à Direcção de Tecnologia e Sistemas de Informação.


No que se refere à Inovação, cabe-me coordenar as actividades de transferência de tecnologia, articulando com as nossas estruturas de interface com o exterior, nomeadamente a TecMinho, o Ave Park e a incubadora SpinPark. A este respeito, cumpre-me ainda dinamizar o empreendedorismo de base académica. Noutra vertente, sou responsável pela coordenação da participação da Universidade nas cerca de 40 entidades participadas exteriores.


Finalmente, sou responsável, em colaboração com outros membros da equipa reitoral, pelo lançamento de projectos especiais. Trata-se de iniciativas de carácter excepcional e não académico, frequentemente envolvendo entidades externas, nacionais e estrangeiras, que se destinam a projectar a acção e imagem da Universidade.


Quais são os principais objetivos do pelouro que lidera para próximos quatro anos?


A Reitoria apresentou um plano de acção para o quadriénio que se organiza num conjunto de vectores de missão e nalguns vectores de suporte, o qual mereceu a aprovação pelo Conselho Geral da Universidade.


Para o âmbito específico das minhas competências, relevam os vectores de missão 3 e 7, que se designam respectivamente por “Aprofundar a Interacçao com a Sociedade” e “Assumir Opções e Práticas Sustentáveis”.


Genericamente, podemos dizer que a Universidade pretende intensificar aquela que tem sido a sua tradição de diálogo com a sociedade, o que inclui também iniciativas de internacionalização não académica. Ao nível das práticas sustentáveis, pretende-se desenvolver projectos no âmbito da mobilidade e da energia, por exemplo.




Quais os projectos a nível de Infra-estruturas, mais importantes a curto/médio prazo?


Como sabe, o planeamento e realização de grandes projectos infra-estruturais obedece a dois racionais: a satisfação das metas e necessidades da academia e, por outro lado, as oportunidades de captação de financiamento. Esta última dimensão é, na actual conjuntura, verdadeiramente limitativa dos nossos projectos de desenvolvimento.


Não obstante este contexto, a Universidade mantém em agenda a procura de financiamento para o seguinte pacote de projectos: no campus de Gualtar, a reformulação de espaços pedagógicos, os arranjos exteriores, a sede da AAUM e a Escola Superior de Enfermagem; no campus de Azurém, a nova biblioteca central e os arranjos exteriores. 







A Inovação é uma arma contra o desemprego? Como pensa a UMinho ajudar nesta questão o país e a zona norte em particular?


Podemos afirmar genericamente que a Inovação é um factor diferenciador para as empresas que estão no mercado. Na mesma linha, é legítimo dizer que empresas mais competitivas geram mais emprego.


O contributo da Universidade coloca-se em três dimensões: a formação, a transferência de conhecimento e o empreendedorismo.


Na formação, a academia procura integrar lógicas inovadoras nos seus processos de ensino, de forma a produzir profissionais preparados para as exigências de uma economia muito competitiva.


Na  transferência de conhecimento, procura-se sistematizar as parcerias de I&D com as empresas de forma a agilizar a conversão do activo de ciência e tecnologia em valor para o mercado.


Por fim, a Universidade apoia directamente o empreendedorismo através de um conjunto de mecanismos de incentivo, dos quais destaco o programa de apoio à criação de empresas Spin-off. Trata-se, tanto quanto sei, do mais avançado programa das Universidades Portuguesas.   


Na sua perspectiva que medidas adicionais, além das existentes, deveriam ser implementadas para apoio às empresas e às políticas de Investigação e Desenvolvimento das mesmas?


As políticas de apoio ao meio empresarial competem ao governo e decorrem do financiamento central. Penso que Portugal, neste aspecto, está a fazer o seu caminho, está a fazer melhor que muitos países da sua gama de concorrência. A Universidade tem, neste campo, um papel coadjuvante.




Como avalia o desempenho da UMinho na área da inovação nestes últimos anos?


O desempenho na área da inovação mede-se em termos de conhecimento protegido (patentes e marcas), de contratos de I&D, de contratos de prestação de serviços avançados e de apoio à criação de empresas de base tecnológica. Em todas estas vertentes, a Universidade do Minho tem um desempenho muito meritório no quadro nacional, sendo que nalgumas áreas é mesmo referência internacional.


O Alargamento do horário de abertura dos campi decorrente da abertura dos cursos pós-laborais vai ter implicações em termos de gestão da infra-estrutura. Quais as medidas que serão adoptadas? 


A Universidade vai estender a sua oferta de ensino no próximo ano lectivo, sobretudo através de cursos em horário pós-laboral previstos no Contrato de Confiança celebrado com a tutela.


As alterações na gestão do campus implicarão a abertura de um Complexo Pedagógico até mais tarde, para além de um conjunto de serviços básicos.




A Agência UM para a Energia e o Ambiente (AUMEA) foi criada em 2007. Qual foi o objectivo da sua criação?


A criação da Agência corresponde à convergência de duas realidades. Uma primeira é a constatação de que a Universidade detém um valioso quadro de competências em matéria de energia e ambiente. A segunda é o facto deste tipo de temáticas ter entrado na agenda das preocupações porque a energia é cara, porque é preciso racionalizar e porque a Universidade paga uma factura muito grande de energia.


A missão da Agência passará necessariamente pelo projecto energético da Universidade, mas também pela articulação com outras entidades ao nível regional e nacional.



Queremos ser uma instituição de referência no domínio da energia e do ambiente. Como está a ser desenvolvido este objectivo?


A Universidade pretende ser referência em muitas áreas. No âmbito energético integramos uma organização (TER) que se dedica às energias renováveis. Essa organização tem um conjunto de projectos e estudos que certamente resultarão em boas práticas neste importante sector. Dizer que a UMinho vai ser uma instituição de referência é um pouco pretensioso, mas que a Universidade está de corpo e alma a participar nas organizações que vão definir os padrões daqui para a frente, isso já podemos dizê-lo.


O que está a ser feito no âmbito do desenvolvimento da mobilidade sustentável nos campi?


A Universidade teve sempre uma lógica de mobilidade clássica, ou seja, utilização pouco intensa do transporte público para aceder ao campus, o que significa um convite à utilização do transporte individual. Isso é, como sabe, observável no quotidiano.


Evidentemente que é preciso fazer algo no sentido da sustentabilidade de todo o sistema de mobilidade associado à Academia. Nesse sentido, procuramos criar condições para uma mais efectiva entrada dos transportes públicos nos campi universitários. A outro nível, é preciso que aquilo a que se chamam modos suaves (bicicleta e a pé) sejam, de facto, promovidos e adoptados pela comunidade. Há ainda duas outras áreas onde estamos a trabalhar, em articulação com a Câmara Municipal: a mobilidade eléctrica e o estudo de uma possível solução de metro de superfície num grande eixo da cidade.




A mobilidade eléctrica dos campi de Gualtar e Azurém será uma realidade?


Em relação à mobilidade eléctrica, existe um plano nacional, designado MOBI-E, que está a ser desenvolvido pelo governo. O objectivo é implementar uma rede de carregamento em 25 cidades do país, nas quais se incluem Braga e Guimarães. Esta rede está a ser planeada com o apoio de uma equipa da Universidade do Minho.


A própria Universidade pretende lançar um projecto de mobilidade eléctrica, que será articulado com o projecto nacional e das cidades onde se situam os campi.


Melhorar as acessibilidades para os alunos com necessidades especiais é uma das medidas propostas. Quais são os projectos?


O que está previsto no plano de acções é a criação de melhores condições para as pessoas com necessidades especiais, o que inclui as necessidades de mobilidade. A Universidade fez há uns anos um trabalho de fundo, que incluiu a construção de passadeiras, o rebaixamento dos passeios e dos balcões, o alargamento das entradas dos edifícios e das casas de banho, a instalação de escadas rolantes, etc. O que se pretende é manter essa infra-estrutura a funcionar e, nalguns casos, melhorá-la.


Em termos de projectos especiais, o que pode esperar a comunidade académica nos próximos tempos?


O planeamento dos projectos especiais decorre de ideias de interacção com a sociedade e, também, da mobilização de parceiros. Nalguns, como, por exemplo, os projectos internacionais não académicos, é ainda necessário consolidar as opções político-estratégicas.


Pela sua relevância, destaco o plano de agendas de colaboração com as Câmaras Municipais de Braga e de Guimarães.


Ao nível dos projectos, é de sublinhar a importância da participação da Universidade no evento Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012 e a candidatura para o financiamento do Instituto de Biosustentabilidade e Construção, que terá expressão nos dois campi.




Muito se tem falado de insegurança. Os Campi estão inseridos num ambiente seguro? Foram ou estão a ser tomadas algumas medidas para diminuir este clima de medo instalado à volta do campus de Gualtar?


A questão da segurança na zona envolvente aos campi é, naturalmente, um problema de segurança pública. Os acontecimentos dos últimos meses têm ocorrido fora dos campi, o que naturalmente não me deixa descansado, porque envolvem estudantes.


A Reitoria tem mantido um diálogo frequente com a polícia, na sequência do qual foi enviada uma comunicação à comunidade onde se recomendam diversas medidas preventivas. Desde logo, reafirmo a necessidade dos estudantes vítimas de assalto comunicarem à polícia os acontecimentos, para o que disponibilizei já todo o apoio dos serviços de segurança dos campi.  O Administrador dos SASUM está naturalmente também a trabalhar connosco nesta questão da segurança, tendo já disponibilizado os seus serviços para apoiar os estudantes.


Texto: Ana Marques

anac@sas.uminho.pt



Fotografia: Nuno Gonçalves

nunog@sas.uminho.pt





(Pub. Mai/2010)


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