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Entrevista à Presidente da Escola Superior de Enfermagem da Universidade do Minho







Como caracteriza a função do Presidente de Escola?


O presidente de Escola tem como função representar a Escola perante os demais órgãos da Universidade e perante o exterior. Em termos de função definiria dois níveis de intervenção. Por um lado, num horizonte temporal mais amplo, a implementação das ideias base explicitadas na propositura da candidatura que passam por um aumento e diversificação da oferta formativa, o desenvolvimento e consolidação da investigação em enfermagem, a qualificação dos recursos humanos e a criação de condições que projectem a imagem da ESE no exterior através de uma maior capacidade de interacção com a sociedade. Estas ideias chave vão de encontro às realidades específicas do ensino em enfermagem e ao plano estratégico da Universidade do Minho. Por outro lado, numa perspectiva de curto prazo, na gestão do quotidiano da Escola e na resolução dos problemas que se colocam no imediato no regular funcionamento de uma instituição de ensino.




É um desafio ser Presidente da Escola Superior de Enfermagem (ESE)?


Nas actuais circunstâncias não é fácil assumir o cargo. Contudo, as respostas às múltiplas exigências com que a Escola se depara, constituem em si, um estímulo crescente à capacidade de liderança e à convicção de que as dificuldades constituem uma oportunidade para exercitar as competências de gestão. Considero ainda que a gestão de recursos humanos exige um desafio permanente no reconhecimento das pessoas e valorização dos seus projectos.


 


Quais são na sua opinião os pontos fortes da ESE?


Um dos pontos mais fortes da ESE é, em meu entender, a capacidade que tem em se mobilizar e congregar esforços no sentido de responder aos desafios colocados para dar resposta ao seu projecto global. Um exemplo recente desta capacidade de mobilização é a forma como todos os docentes responderam às exigências decorrentes do actual RJIES e consequente reorganização da Escola. Penso também que é uma Escola que procura estar na vanguarda do conhecimento da enfermagem, revelando espírito de inovação, criatividade e capacidade de se adaptar às novas exigências do ensino de enfermagem. A multidisciplinaridade constitui também um ponto forte da Escola. Considero ainda que a Escola tem outros pontos fortes, nomeadamente a aposta continua e pela qual pauta a sua responsabilidade relativamente ao ensino de enfermagem, que é o compromisso com a qualidade do ensino ministrado aos seus estudantes.

 

A enfermagem é uma profissão de imprescindível e reconhecida relevância social, mandatada para cuidar de pessoas, e nesse sentido o nosso compromisso tem sido desde sempre formar e qualificar enfermeiros que sejam técnica, humana e cientificamente competentes. Esta competência é manifestamente reconhecida pelas diferentes instituições de saúde, não só as que os acolhem como estagiários, mas também as entidades empregadoras nacionais e estrangeiras que procuram os nossos licenciados. Um indicador desta qualidade é o sucesso Escolar, que no ano anterior se traduziu em 86,3%. O elevado número de estudantes que procuram o curso de licenciatura em enfermagem da ESE e de profissionais em busca da formação diversificada que a Escola oferece constitui também um bom indicador da qualidade do nosso ensino.








E os pontos fracos?


Em minha opinião o ponto menos forte da ESE é o facto de não termos ainda devidamente consolidada a vertente da investigação. Embora a ESE tenha uma estrutura formal que é o Núcleo de Investigação em Enfermagem desde 2008, e os seus investigadores invistam na produção e difusão cientifica em enfermagem, o reduzido número de docentes e a elevada carga horária destes, bem como as estratégias utilizadas pela ESE no processo ensino/aprendizagem, nomeadamente, no que toca, à tutoria permanente do ensino, fazem com que este investimento mobilize mais os docentes para a vertente do ensino do que propriamente para a investigação.




Por outro lado temos de admitir também que sendo a enfermagem uma profissão recente e fundamentalmente vocacionada para a componente clínica, a cultura de I&D não é ainda uma prática tão corrente quanto desejável. Podemos falar de outros pontos fracos que é o facto de nos debatermos há anos com a escassez de recursos humanos ao nível do pessoal não docente e não investigador, o que dificulta o apoio às práticas pedagógicas e ao desenvolvimento da investigação. Também o facto de não estarmos inseridos no campus universitário e a deficiência e inadequação das nossas instalações, dificulta o normal funcionamento da instituição e impede uma efectiva integração na universidade.




Qual tem sido a evolução da ESE no decorrer deste anos? O que na sua opinião mais a tem feito evoluir?


A evolução da Escola nos últimos anos ocorreu não só ao nível do desenvolvimento do seu projecto educativo, como também na qualificação dos recursos humanos designadamente do seu corpo docente. Este salto qualitativo reflecte-se fundamentalmente na implementação de práticas pedagógicas inovadoras, na melhoria do desempenho dos seus docentes e nos resultados da aprendizagem. Entre outros factores, talvez o maior factor de evolução e desenvolvimento tenha sido a passagem de Escola não integrada a integrada na Universidade do Minho (2005). Para além de estarmos inseridos num centro de ensino e criação do conhecimento de referência a nível Europeu, a Escola passou a dispor de um conjunto de recursos que ajudam a garantir e a manter a qualidade do seu projecto educativo, no cumprimento da sua missão.




O que a caracteriza relativamente às outras Escolas/institutos do país?


Embora sejamos uma Escola de pequena dimensão, nomeadamente no que se reporta ao seu corpo docente, temos por princípio, comparativamente à generalidade das Escolas, a exigência de uma cultura de ensino de proximidade e permanentemente tutorado que reverte em ganhos de aprendizagem para os estudantes e para a nossa satisfação como docentes. As estratégias pedagógicas utilizadas na orientação da prática são fundamentalmente centradas nos processos de pensamento e reflexão dos estudantes, o que significa dizer, na formulação do juízo clínico, o que nos traz a certeza de que educamos para o cuidado reflectido e não para a aprendizagem fortuita.




Estes elementos diferenciadores serão motivos suficientes para que os estudantes escolham a ESE da UMinho?


A Escola revela hoje, comparativamente a outras Escolas, uma maior capacidade de atrair um grande número de estudantes e profissionais de enfermagem que procuram uma oferta formativa diversificada, de qualidade e a satisfação das suas expectativas sociais. A prova disso, é o facto de sermos desde sempre uma das três Escolas com a média de ingresso no Curso de Licenciatura em Enfermagem, mais elevada do país, o que significa que o ensino ministrado na nossa Escola atrai os melhores estudantes.




O que podem esperar os nossos estudantes da ESE, em termos de qualidade de ensino e inserção no mercado de trabalho?


Como já foi referido os nossos estudantes podem contar com a garantia da qualidade do ensino que caracteriza a nossa Escola e que, apesar das dificuldades actuais de empregabilidade, constitui uma mais-valia no acesso ao emprego. Podem contar ainda com a aposta da Escola no investimento na investigação em enfermagem o qual contribuirá para a excelência do ensino. O Sistema Interno de Garantia Avaliação da Qualidade da UM (SIGAQ), a implementar a partir deste ano lectivo constituirá, por certo, um garante fundamental da qualidade do ensino ministrado. Relativamente ao segundo ponto da questão, apesar de não dispormos de dados concretos, temos conhecimento através dos nossos recém-licenciados a trabalhar fora do país, que há uma grande aceitação no espaço europeu dos enfermeiros formados pela Escola, nomeadamente em Espanha, Inglaterra, França e Suíça bem como nos Estados Unidos. A nível nacional, existem alguns dados que confirmam que, em média, os nossos estudantes conseguem emprego seis meses após o término da licenciatura.




A Escola, como a própria Universidade tem sofrido alterações a vários níveis nos últimos tempos. Qual a Estratégia da ESE para os próximos anos?


A estratégia da ESE para os próximos anos (2010-2012), assenta num plano de actividades que visa dar resposta a um conjunto de objectivos estratégicos, nomeadamente: aumentar, diversificar e racionalizar a oferta educativa ao nível de C1, C2 e cursos de especialização; promover a investigação em enfermagem, comunicar e difundir a produção científica; incrementar a abertura à sociedade; fomentar a articulação entre ensino, investigação e serviços; promover politicas de racionalização de recursos; promover estratégias de desenvolvimento e inovação; promover a eficiência da gestão e serviços; apoiar a qualificação dos docentes e implementar o processo de avaliação do seu desempenho; fomentar a internacionalização, quer na captação de alunos estrangeiros ao nível do ensino graduado e pós-graduado, quer no incentivo à mobilidade dos nossos estudantes e docentes; e implementar o Sistema Interno da Garantia da Qualidade.




Números de docentes da Escola a trabalhar a tempo integral?


O número de docente a trabalhar em tempo integral na ESE é de trinta e cinco, contando ainda com a colaboração de vários docentes convidados nacionais e internacionais, de reconhecido mérito, nas diferentes especialidades da área da saúde e enfermagem.



Texto: Ana Coimbra

anac@sas.uminho.pt



Fotografia: Nuno Gonçalves

nunog@sas.uminho.pt



(Pub. Out/2010)


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