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“A porcelana é a terra, um olhar em branco, a madeira cresce sobre a terra, é uma ponte entre esta e o céu, a matéria e o espírito. Não faz falta dizer tudo. Basta insinuá-lo, o observador traz o que falta” (Miguel Santamaria).
“Vivemos num mundo em que a comunicação joga um papel fundamental, mas curiosamente estamos cada vez mais isolados dentro de nós e relacionamo-nos de uma maneira agressiva com tudo o que nos rodeia.
Estamos saturados de informação, porém perdemos o vínculo com o mundo, não apreciamos o efémero, o simples, o quotidiano, enevoados pelas campanhas que a publicidade e os meios de comunicação desfilam perante os nossos olhos.
Ainda inconscientes, tecemos as nossas vidas com pequenos fios, aparentemente débeis que formam uma trama, que sustêm a nossa realidade e os nossos sonhos.
No meu trabalho, recolho essas coisas geralmente pequenas, simples, efémeras que, encontradas no caminho, me comovem, me fazem desfrutar e sentir em contacto com o mundo e ser parte dele. Gero diálogos, vínculos, cumplicidades entre materiais, formas, sensações e vou tecendo assim uma trama com a qual tento transmitir um determinado estado de ânimo que se insinua por detrás das formas, para poder criar ressonância entre a obra e o observador e poder assim aceder a um estado fora do tempo.
A porcelana é a terra, um olhar em branco, a madeira cresce sobre a terra, é uma ponte entre esta e o céu, a matéria e o espírito. Não faz falta dizer tudo. Basta insinuá-lo, o observador traz o que falta.
Tudo está no olhar, tudo depende do sentimento” (Miguel Santamaria)