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Foi no último dia que se viveram alguns dos momentos mais importantes do evento, entre eles a competição das semi-finais e finais e a consagração dos campeões da modalidade nas várias vertentes, os quais subiram ao pódio para receberem as medalhas pelos títulos alcançados enquanto eram hasteadas as suas bandeiras.
A cerimónia terminou com o abaixar da bandeira da FISU que foi entregue ao país organizador do próximo Campeonato Mundial Universitário de Badminton 2010 na China Taipé.
O mundial chegou ao fim e o domínio dos orientais foi bem patente. Foram medalhas atletas da China, Tailândia, Coreia, China Taipé, Indonésia e Japão, sendo a única excepção a equipa da Polónia, medalha de bronze na competição de equipas.
Entre os campeões ficaram o chinês Pengyu Du na categoria de singulares masculinos e a atleta chinesa Yihan Wang na categoria de singulares femininos. Na categoria de pares mistos Patiphat Chalardchalaem e Kunchala Voravichitchaikul da Tailândia foram os vencedores, enquanto na categoria de pares masculinos Mohamma Ahsan e Bona Septano da Indonésia e as tailendesas Aroonkesorn e Voravichitchaku em pares femininos, subiram ao lugar mais alto do pódio.
A selecção chinesa sagrou-se ainda campeã mundial universitária por equipas, vencendo na final a Tailândia e demonstrando que são a grande potência da modalidade.
Durante uma semana foram centenas os atletas de todo o mundo que a Universidade do Minho acolheu no seu pavilhão desportivo. Foi batido o recorde de participantes em campeonatos desta natureza. A UMinho recebeu 22 países de quatro continentes (Europa 12, Ásia 8, Oceânia e América um cada). Foram acreditados 163 atletas (89 masculinos e 74 femininos) e 74 oficiais. A organização contou ainda com um staff de 178 elementos, 45 guias, 2 árbitros, 33 umpires, 69 juízes de linha, 6 elementos da FISU e os 10 membros do comité organizador. Estiveram ainda presentes 5 elementos da Yonex e um elemento da Confederação Europeia de Badminton, totalizando assim 586 acreditações oficiais.
Como esperado, estiveram presentes as potências mundiais na modalidade destacando a China, a Tailândia, ou a China Taipé, bem como atletas de top mundial, 14 dos quais já apurados para os Jogos Olímpicos de Pequim.
A competição, que foi declarada como evento de Interesse Público nacional pelo Secretário de Estado da Juventude e do Desporto por reconhecimento à importância que o evento tem para a imagem de Portugal no exterior, recebeu os mais elevados elogios de todos os atletas e oficiais participantes, bem como da parte das entidades internacionais presentes. Foi destacado o elevado profissionalismo do Comité Organizador assim como o esforço, empenho e cooperação entre todos os voluntários e staff.
Assim sendo, a UMinho acrescenta mais uma página de destaque no seu já rico e valorizado historial em organizações desportivas internacionais.
Entrevista Nuno Santos, atleta da selecção nacional, presente no último campeonato mundial na China e nas últimas universíadas.
1. Teve oportunidade de estar no mundial anterior na China e ainda na Universíada na Tailândia, como compara esses dois momentos com o mundial realizado em Braga?
As Universíadas são um evento com uma dimensão superior. Penso que a melhor comparação poderá ser feita com o mundial na China. Apesar de também ter gostado muito do mundial da China, pela experiência nova que me proporcionou, pela simpatia e bom trato por parte dos organizadores, penso que o recente mundial realizado em Braga superou o anterior. A estadia foi bem melhor, a organização nas alimentações também, o pavilhão onde foram realizados os jogos também foi bastante melhor, para além de todo o apoio e disponibilidade de todo o staff para que nada faltasse aos jogadores. Foi sem duvida um dos melhores torneios que participei na minha carreira de jogador e sem duvida o melhor torneio alguma vez organizado em Portugal. Queria dar os meus parabéns a toda a Comissão Organizadora do Mundial de Universitários de Braga (Roque Teixeira, Pedro Dias, Fernando Parente, Paulo Ferreira e todos os seus colaboradores) pela mobilização e dinamismo que demonstraram, e pela excelente imagem que deram das nossas capacidades de organização de grandes eventos. Houveram duas situações que poderiam melhorar ainda mais a qualidade do mundial de Braga, mas que foram alheias à organização. Quer no mundial da China, quer na prova de Badminton das Universíadas, estiveram presentes alguns dos melhores jogadores do ranking mundial, facto que foi impossível este ano devido à simultaneidade com uma prova internacional importante de equipas. Outra tem a ver com o publico presente nos pavilhões. Na China e na Tailândia, o pavilhão de jogos estava constantemente preenchido de público, uma vez que o Badminton é a modalidade rainha nestes países. Cá em Portugal, o Badminton ainda é pouco divulgado e, por essa razão, são poucas as pessoas a assistir aos jogos no pavilhão.
2. Como foi o espírito de equipa da selecção nacional?
O espírito da equipa foi sensacional o que tornou este torneio ainda mais agradável. Foram 6 dias muito bem passados. Muitos dos nossos atletas ainda não tinham tido a oportunidade de participar num torneio de universitários. Estes torneios têm um espírito diferente dos torneios normais, uma vez que têm um carácter menos competitivo e de maior confraternização e de partilha de experiências. Os nossos atletas assimilaram perfeitamente este espírito o que proporcionou momentos muito bem passados. Para além disto, tivemos sempre connosco 3 pessoas fantásticas (Estêvão Cordovil, Margarida e Bernardo Direito)que nos ajudaram em tudo o que precisámos e que permitiram que a nossa moral fosse sempre elevada.
3. É a sua última participação no seio da competição universitária, no seguimento de um percurso honroso, que mensagem deixa aos muitos desportistas deste meio?
É com saudade que termino a minha participação no circuito universitário. Foram 4 anos com muitas viagens, muitas experiências novas, muitas amizades feitas, contactos realizados. Este meu trajecto proporcionou-me uma grande riqueza a nível pessoal. Mas é também com alegria que deixo o circuito, pois sei que as pessoas responsáveis pelo desporto universitário, são pessoas sérias e responsáveis que trabalham arduamente para o promover. Por isto, só posso dizer aos atletas que têm a oportunidade de participar, para não o deixarem de fazer, pois são experiências e pessoas fantásticas que podemos encontrar no deposto universitário.
Entrevista Fernando Parente -Secretário-geral do Comité Organizador
1. Como Secretário-geral e tendo em conta a função de interligação entre os diversos sectores envolvidos, que balanço faria do evento em termos organizativos?
A opinião geral dos participantes portugueses e que estão envolvidos na modalidade foi de que este Campeonato foi o melhor organizado em Portugal na sua História. A Universidade do Minho já tem alguma experiência na organização de grandes eventos internacionais e mantém a sua estrutura de recursos humanos estável o que facilita esta coordenação, à qual, é adicionada a participação voluntária dos estudantes, normalmente em massa e com qualidade, facilita o sucesso das organizações. Por outro lado a própria universidade e os seus serviços dão uma grande ajuda na disponibilização de meios tanto materiais como humanos. No final do evento tivemos a sensação que todos os participantes saíram com uma imagem muito positiva de Braga e de Portugal.
2. O que destacaria como o momento mais alto e mais baixo do evento?
O momento mais alto do Campeonato foi o último dia em que decorreram as finais. Ter num evento de um desporto individual mais de 10 atletas que vão estar no Jogos Olímpicos é sem dúvida uma garantia de espectáculo desportivo de alto rendimento. Tão cedo não teremos Badminton desta qualidade em Portugal, quem veio assistir, ficou de certo impressionado e fã deste desporto. Como momento mais baixo, talvez o primeiro dia onde tivemos alguma dificuldade na organização dos transportes, mas que no entanto foi rapidamente resolvida e que não afectou o regular desenvolvimento da competição desportiva.
3. Após mais um evento de sucesso, qual será o próximo desafio para esta organização?
O próximo desafio é sem dúvida realizar um bom relatório e avaliar todas as áreas de organização no sentido de criar valor acrescentado ao Desporto na Universidade do Minho, ao Badminton e ao próprio Desporto Universitário Nacional. Ficamos motivados para continuar a apostar na organização de grandes eventos internacionais universitários, promover o Desporto Universitário e dar a conhecer os seus valores.
Entrevista de Pedro Dias (Director técnico da prova):
1. Na qualidade de responsável técnico do CMU Badminton, como viu o decorrer do evento?
De uma forma geral o evento correu muito bem, aliás, está foi também a análise feita pelo Delegado Técnico da FISU, pelo Juiz Árbitro da competição e pela larga maioria dos treinadores presentes na reunião de avaliação final. Deve-se ainda destacar duas coisas: o nível qualitativo geral dos atletas foi o mais elevado de sempre, quer em Campeonatos do Mundo Universitários, quer em Universíadas; por outro lado, as condições proporcionadas através da mais evoluída tecnologia usada em Campeonatos da Europa, do Mundo e em Jogos Olímpicos no que toca ao sistema de resultados em directo e online.
2. Julga que o nível organizativo esteve a par do nível competitivo?
Podemos dizer sem dúvida que sim. Se por um lado o nível competitivo esteve mais alto que normalmente seria espectável, a parte organizativa não desmereceu em nada. Penso que ambas as partes se completaram à outra.
3. Que momentos destacaria ao longo da semana?
Há vários aspectos positivos que merecem destaque, desde logo a vitória de Portugal à Alemanha na competição por equipas é um marco para o Badminton português tanto pelo nível e qualidade do opositor mas também pelas boas perspectivas que deixa para o futuro da modalidade nacional.
De ainda referir que o facto de termos proporcionado aos Umpires portugueses uma semana de contacto com badminton ao mais alto nível em termos competitivos e também no que se refere às novas tecnologias usadas que decerto vão ajudar em futuras prestações. Por fim é de destacar a constituição graças a este evento de um corpo de juízes de linha para futuras competições.
Entrevista Roque Teixeira, Presidente do Comité Organizador
1. Como Presidente do Comité Organizador, como descreve o resultado final depois do longo período de preparação?
Desde o dia de candidatura que a Organização teve como objectivo organizar o melhor evento de sempre, de modo a ajudar o Desporto Universitário e o Badminton em Portugal. Esta maratona de 2 anos decorreu com a meta a ser atingida penso que da melhor maneira possível.
Tendo em conta todos os feedbacks que fomos recebendo, o resultado final só pode ser considerado bastante positivo. Desde a organização até aos atletas passando pelos umpires (árbitros), pela FISU e pelas instituições nacionais, todos acharam o evento com uma qualidade acima da média.
2. Qual foi a receptividade por parte das instancias internacionais e dos parceiros presentes?
Como referi, o retorno foi muito positivo tendo destacado acima de tudo o empenho e a atenção ao detalhe em tudo que era possível para tornar esta Competição memorável. De igual modo, os nossos valiosos parceiros também sentiram um retorno positivo. Acima de tudo, sendo esse o aspecto mais importante, os atletas presentes sentiram-se realizados.
3. Qual o momento mais marcante destes 2 anos de organização? Julga ter sido possível marcar a modalidade e o desporto universitário?
Destacar um momento que seja um marco neste evento não é tarefa simples mas se calhar a cerimónia de encerramento. A emoção de ter o trabalho terminado e do dever cumprido acho que é algo que não será fácil de esquecer. Se a isto juntar a reacção de todos os participantes ao evento que ali terminava, esse momento torna-se o mais marcante.
A organização pretendia ajudar quer o Desporto Universitário quer o Badminton em Portugal e pretendia usar todo o mundial para o fazer. Criámos um evento de badminton nunca antes visto no país e a modalidade e o desporto universitário saíram reforçados. Desde a alimentação ao alojamento, passando pela imagem e pela área de competição tudo foi preparado para que o nível do evento estivesse o mais elevado possível. Esperemos que esta qualidade não tenha morrido no passado domingo. Esperamos que os próximos torneios sejam mais e melhores ainda. Porque há capacidade e há qualidade.
Ana Marques