Publicado em Deixe um comentário

O melhor canoísta português da actualidade












 


Com que idade é que iniciaste a prática competitiva canoagem e onde?

Foi com 10/11 anos no clube náutico de Fão.

 

Como é que se deu essa entrada para a canoagem? Quais foram as motivações?

Influência de amigos. Os meus pais têm um apartamento em Esposende, então quando ia de férias ou de fim-de-semana, para não ficar sozinho, ia com os meus amigos para a canoagem. Experimentei, gostei e cá estou eu.

 

Achas que canoagem ajudou no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?

Sim, muito. O desporto em si leva a que os atletas adquiram uma maior maturidade e responsabilidade na sua vida pessoal.

 

A maneira como tu lidas com a pressão e a ansiedade antes provas é algo que tu consegues trabalhar e treinar, ou simplesmente é algo com que apenas lidas na hora em que entras ouves o tiro de partida?

Treino muito isso para não levar o stress para a competição. Eu e o meu treinador temos feito um grande trabalhado nessa área. Só dessa forma é que se consegue ter sucesso, porque se não controlas essa pressão, é mais um adversário que vais ter contra ti.

 







 


Os Jogos Olímpicos são o sonho de qualquer atleta. O que simbolizou para ti a participação em Atenas 2004, naquele que é o maior evento desportivo do mundo?

Atenas 2004 foram os meus primeiros jogos, fui o porta-estandarte na cerimónia de encerramento, fui 7º lugar, agora em Pequim fui 10º. Simplesmente estar lá presente já é uma vitória. Agora é treinar para o futuro porque eu tenho 22 anos, quem venceu tem 30, quem anda lá na frente anda casa da nos 28/32 anos, por isso tenho uma boa margem de progressão, de certeza absoluta que nos próximos jogos ainda vou estar melhor. Quem é atleta de uma modalidade olímpica sonha ir aos jogos, eu já estive em dois, trabalhei para isso e espero ir a mais.

 

O que mais te impressionou durante o decorrer destes Jogos Olímpicos de Pequim?

A responsabilidade que eles tiveram porque disseram que iam ser os melhores jogos de sempre, e foram, a nível de organização. Depois a cultura chinesa, todo aquele ambiente, tive a oportunidade de visitar todos aqueles monumentos, a muralha da China, a Praça Tiananmen, tudo aquilo foi espectacular. É claro que eles alteraram um pouco a sua maneira de ser, mas pelo que mostraram gostei bastante. A sua responsabilidade e a capacidade de cumprir com o que prometeram, demonstra que são os melhores.

 

Que balanço fazes desta tua segunda “aventura olímpica”?

Não vou dizer que foi bom, nem vou dizer que foi mau, foi razoável. O nível competitivo subiu bastante, tive o azar de ficar de fora da final por 35 milésimos de segundo, preferia ter ficado de fora da final por 2 segundos, ou 1 segundo, pois ai tinha a certeza que não estava no meu melhor nível. Ficar de fora por 35 milésimos foi bastante frustrante para mim. Estes 35 milésimos vão ser agora um factor de motivação para eu treinar e trabalhar mais com vista a em 2012 estar mais forte.

 

Quais foram as grandes diferenças entre Atenas 2004 e Pequim 2008?

Preparação, mais idade, mais maturidade, mais horas de treino, mais experiencia, ano após ano temos de conseguir isso, e conseguindo, os resultados surgem. Desta forma os atletas ficam todos ao melhor nível, pois todos andam à procura do mesmo, não sou só eu.

 







 


Qual foi para ti o momento mais alto da tua carreira até ao momento?

Campeão do Mundo de Juniores e a presença nas duas Olimpíadas

 

O que é que te levou a escolher o curso de enfermagem?

Eu queria ficar na UMinho. Tinha a opção de concorrer para Educação, Optometria e Enfermagem, estando esta última em primeiro lugar na lista. A minha intenção era ficar na UMinho de forma a conseguir estudar e treinar. Estive também com ideia de ir para desporto, mas como era no Porto, nem ia estudar, nem ia treinar. Se já aqui é complicado devido a Enfermagem ser no centro o que me leva a perder bastante tempo no transito e à procura de estacionamento, se fosse para o Porto ainda seria pior.

 

O facto de viveres e treinares na zona de Braga condicionou a tua escolha de Universidades quando concorreste? Porque?

Sim, pois como já referi na pergunta anterior, tendo uma Universidade com a qualidade da UMinho na minha área de residência, para que ir para outro lado?

 

Quantas vezes treinas por semana, e quanto tempo?

É fácil. Há excepção de Outubro, em que tenho férias, só não treino dois dias por ano: dia 25 de Dezembro e dia 1 de Janeiro. Treino duas vezes por dia, 4 horas, por isso treinar e estudar é complicado?

 

A UMinho iniciou em Portugal um programa pioneiro no que diz respeito ao apoio aos atletas de alta competição, o TUTORUM. O que pensas desta iniciativa e do programa em si?

Excelente. Se nós tivermos um acompanhamento desde inicio, e o que vocês estão a fazer é bastante positivo, porque nos vai ajudar, vamos ter sempre uma pessoa a dar-nos apoio tem tudo aquilo que precisarmos e naquilo que temos mais dificuldades. Estudar e competir ao mais alto nível só mesmo com alguém ao nosso lado a ajudar-nos no que for preciso.

 

Para 2012, o grande objectivo é a medalha ou o curso?

É o seguinte: curso vou ter tempo de o fazer, pois eu vivo da canoagem. Sou casado, tenho uma filha, uma casa, tenho responsabilidades, e a canoagem é a minha profissão, é forma de assegurar o cumprimento dessas mesmas responsabilidades. Ela está em primeiro e o curso em segundo, porque a canoagem acaba e os estudos não. Muitos atletas põem de parte os estudos, mas eu vou tentar conciliar ambas as coisas. Sei que vai ser difícil mas vou tentar tirar o curso o mais rápido possível dentro das minhas possibilidades.

 

Texto: Nuno Gonçalves


 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *