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Tradutores têm que unir-se para evitar a desregulação da classe



“São incontáveis as pessoas a oferecer serviços de tradução
na lusofonia, logo há facilmente
a intrusão de
elementos estranhos ao sistema. Isso impede a prestação de um serviço sério de
qualidade e afeta o papel do tradutor”, diz Fernando Ferreira-Alves.
Realçam que coexistem amadores com profissionais, há
alguma precaridade e também um fraco
reconhecimento social, político e institucional. Em simultâneo, existe igualmente uma
enorme amplitude dos serviços, graças à ausência de fronteiras e às relações dinâmicas com mercados locais, regionais,
nacionais e internacionais (via teletrabalho, networking, crowdsourcing
e novos formatos). “A tradução profissional é
uma atividade transversal, estratégica, marcadamente interdisciplinar,
intercultural e geradora de elevado valor económico”, sublinha o autor.

A sua tese concluiu que o tradutor-tipo português
é do sexo feminino, de 21 a 30 anos, tem este trabalho como atividade
principal, possui grau superior (sobretudo em Tradução) e traduz há cerca de
três a cinco anos, o que “revela uma eventual
inexperiência, mas também elevada literacia tecnológica”. A maioria dos
inquiridos admite ter uma boa performance laboral,
mas mais de metade mostra insatisfação pelo estatuto da profissão e pelo
mercado nacional, além de achar que a sua imagem na sociedade é fraca e que a qualidade da
tradução portuguesa é em geral mediana. Por outro lado, o grosso dos inquiridos
reprova os níveis éticos da profissão, as condições de trabalho e insegurança
económica.

Instituições comunitárias e nichos especializados são apelativos

Uma das aspirações de carreira é traduzir para instituições
comunitárias ou nichos muito especializados. Em oposição, a estabilidade e o
reconhecimento decaíram nas traduções literária, audiovisual (legendagem) e da
localização, ligadas a “prazos apertados, economia não declarada e mão-de-obra
barata”, ainda que vários autores acumulem esta atividade com outra principal. “
Muitos
amadores e freelancers traduzem para cinema e
TV à espera da carreira de glamour. Mas as condicionantes e múltiplas
exigências são atentatórias e perpetuam o ciclo vicioso da má qualidade”, frisa
Fernando Ferreira Alves.

Há também um grande desfasamento entre tradução técnica e
literária, embora a primeira represente “mais de 70% dos pedidos do mercado”.
Preocupante é igualmente a indefinição do estatuto do tradutor ajuramentado. Os
tradutores vivem, por isso, de choques e tensões constantes, além de terem
várias hierarquias e fragmentações na classe. Daí que a tese de doutoramento do
investigador da UMinho se intitule “As faces de Jano”, o deus romano com uma
cara para trás e outra para a frente.

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(Pub. Dez/2012)

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