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“Não me levo demasiado a sério, mas faço as coisas com seriedade”



O
segredo para o sucesso do seu percurso poderia ser resumido a uma palavra-chave
que descreve uma atitude vivida dia após dia na sua profissão: a «curiosidade».
Para além de ser um amante do cinema, contou que é um curioso pelo que se passa
em torno desse mundo, pelas novidades e pelos acontecimentos. O fascínio, o
prazer pelo que se faz, o entusiasmo e a vontade são algumas sugestões de como
encarar uma profissão como o jornalismo especializado. “
Não me levo demasiado a sério mas faço as coisas com seriedade”, afirmou
a propósito das atitudes que podem ser determinantes para a progressão na
carreira.

Numa
observação sobre o jornalismo televisivo criticou a tendência dos jornalistas,
sobretudo das jornalistas, em imitar o estilo dos modelos que têm por
referência: “Se a Judite coloca os braços assim, na semana seguinte, aquela
jornalista terá os braços assim”. O estilo próprio deve ser construído com a
experiência e mais uma vez a curiosidade é um fator determinante para alcançar
esse patamar porque “o jornalismo aprende-se fazendo”.

“Não
se levem demasiado a sério”, repetiu e relembrou uma frase de Herman José: “ponho os pés em Badajoz e já ninguém sabe quem sou”. A humildade é
característica dos melhores e com as inúmeras entrevistas, para apresentar na
televisão as estreias dos filmes, aprendeu que “os melhores são os mais simples”, exemplificando com a atitude
simples de Meryl Streep, uma “grande senhora” do cinema, antes da entrevista.

Trabalhar
na televisão implica saber lidar com a chama da profissão. “Não deixo a chama
arder rápido demais (…) se queremos fazer carreira temos que manter a chama
tipo fósforo”. E assim, com 49 anos, continua a trabalhar na televisão onde
começou desde os 20 e poucos anos. Contudo, o percurso como ele fez já não é
possível atualmente, explicou. Na altura, ainda não havia cursos superiores de
jornalismo e quando a primeira “fornada” de estudantes de jornalismo saiu já
ele trabalhava em rádio e na televisão, uma circunstância que fez com que
optasse por não se inscrever na licenciatura.

Para
Mário Augusto, o cinema português é uma espécie de cinema “gourmet”, “nós
comemos com os olhos, mas quando saboreamos pensamos “Ah…eu gosto mesmo é de
batatas com bacalhau…” e isto acontece porque estamos demasiado absorvidos por
um determinado tipo de cinema, o “cinema pipoca”. E será a formação dos alunos,
mediante o contacto com filmes de qualidade, que deviam ser obrigatórios nas
escolas, como foi há pouco decretado na lei do cinema, uma solução para um “público” mais crítico do cinema” Mário Augusto defende que o mais importante é
explicar aos mais novos os porquês. Não podemos obrigar, não basta estar
predispostas, mas também preparadas pois “se as coisas forem explicadas à
colher nós até levamos com o remédio”.

A
lei do cinema que impõe a formação de públicos para o cinema está em “águas de
bacalhau” e não será implementada. Contudo, o cinema é uma área que atrai muita
gente, mas através da qual pouca gente consegue viver financeiramente e como
tal “o terreno vai sendo muito armadilhado”. Numa das entrevistas que fez,
aprendeu que “por cada palmadinha nas costas, há sempre trinta que não
gostaram”. No entanto, com “grande humildade e curiosidade naquilo que se faz” Mário
Augusta conta com 27 anos de experiência como jornalista. Desde 1986, que já
passou “Comércio do Porto”, “Sábado”, “Comercial”, “Renascença”, entre muitos
outros, e ainda pelos canais de televisão RTP (1 e 2) e SIC, fazendo atualmente
entrevistas às estrelas da sétima arte. Neste momento
apresenta os magazines de televisão “Janela Indiscreta” e
“Cinemax” e é um dos responsáveis pela Academia RTP.    

Texto: Amália
Carvalho


(Pub. Fev/2013)

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