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Bomboémia: a caixa de ritmos da Academia!




Quando
e como nasceram os Bomboémia?

Os
Bomboémia surgiram da reestruturação do Grupo de Cabeçudos, Gigantones e Zés – Pereiras. Isto foi há 11 anos, desde que um pequeno grupo de amigos cheios de
força se uniu para criar aquele que hoje se apresenta como o grupo mais
original e energético da Universidade do Minho.

 

Na
altura do seu nascimento foi um grupo inovador na academia… ainda hoje o é?

Hoje
mais do que nunca! Foi sem dúvida inovador aquando da sua criação, pois mesmo
em terras de grande tradição de cabeçudos e grupos de bombos, não havia esta
ligação à academia que depressa moveu os alunos a perpetuar a percussão
tradicional. A Universidade do Minho é ainda a única que conta com um grupo de
percussão como grupo cultural!

Foi
logo no início que os “laranjinhas”, como somos frequentemente apelidados,
deixaram claro que havia muita energia e muita vontade de fazer a diferença.
Desde os bombos, timbalões, caixas e tarolas, passando pelos instrumentos construídos
a partir dos mais diversos materiais, d’jambés, shekeres e bidões até às latas
e sininhos, não há nada que nos limite a criatividade e a vontade de chegar mais
longe com o nosso som e espetáculo musical.

Hoje,
assumimos novos ritmos que inevitavelmente também são o resultado da nossa
sociedade multicultural. Das nossas chulas minhotas partimos à descoberta de
outros ritmos, incorporando as batucadas no nosso reportório musical. São cada
vez mais os instrumentos que tocamos e fundimos com os nossos bombos, o que nos
permite oferecer diferentes espetáculos mediante o público para o qual atuamos.
É para nós muito importante
mostrar a nossa flexibilidade e capacidade em surpreender. Aos alunos do Minho
preparamos sempre que possível uma surpresa nas nossas atuações, pois gostamos
de lembrar que há coisas diferentes a acontecer, bem perto deles e ao alcance
de qualquer pessoa que tenha gosto pela percussão.

 

O que
na vossa opinião é o segredo de sucesso deste grupo?

O
sucesso é o resultado do conjunto de pessoas que se juntam para ensaiar todas
as semanas. É o produto de uma
sinergia que se constrói e que se sente entre os nossos membros, e que impele cada
um de nós a levar mais longe o nome Bomboémia e fazer cada vez mais e melhor.
Há paixão, há energia, há prazer e dedicação! Tem de haver um misto destes
ingredientes para que possamos evoluir. Somos um grupo muito grande e
heterogéneo, sendo que cada elemento contribui com diferentes competências. Quem
se junta a nós percebe que somos mais do que amigos, e que entre festas e
convívios levamos a nossa missão com seriedade.

 

Dar a
conhecer as nossas tradições de forma mais atual e adaptada a públicos mais
jovens é um fator que nos distancia dos demais. Ajuda também ao sucesso fazer
parte de uma magnífica associação, a ARCUM – Associação Recreativa e Cultural Universitário
do Minho, que trabalha em prol dos vários grupos que a constituem. Isto faz de
nós uma parte de um todo que visa essencialmente divulgar as tradições
académicas e da região minhota em Portugal e no estrangeiro.




Vocês
já por diversas vezes subiram a palco com outros grupos da academia, fazendo
uma mistura da vossa percussão com o som desses grupos. Como têm sido essas
experiências?

É sempre excelente atuar com outros grupos,
sejam eles da academia ou não. Significa aprendizagem e flexibilidade.
Sugere-nos diferentes possibilidades e é também uma forma de mostrar aos mais
céticos que não fazemos apenas barulho. Recentemente juntámo-nos ao coro da
academia que comemorou os seus 25 anos e apresentámos uma versão de um dos
temas da Adele. Também com a Tuna Universitária do Minho a nossa colaboração é
frequente. Aliás, há uma espécie de partilha de recursos humanos com diferentes
saberes musicais entre os grupos que constituem a nossa associação e isso é uma
mais-valia. Não somos apenas uma “escola” de formação musical, mas também de
formação pessoal, e a partilha de experiências e de conhecimento com pessoas de
outros grupos é fundamental para este processo de desenvolvimento.

 

O vosso
percurso teve altos e baixos. Como tem sido esse trajeto ao longo destes
últimos 10 anos?

Os
altos estão sem dúvida em maioria, e o nosso crescimento e reconhecimento é
prova disso mesmo. Temos 11 anos e com eles vieram muitas alegrias, muitas
atuações e muita gente com vontade de fazer melhor. Como sempre acontece em
qualquer contexto, houve momentos menos bons e alguns obstáculos ao longo do
caminho, mas com eles vieram também novas aprendizagens e hoje somos mais
capazes graças a eles. De forma geral, é fácil dizer que o trajeto foi sempre a
subir e não reconhecemos limites ao que podemos ainda oferecer.

 

Alguns
dos vossos pontos altos foram as digressões e viagens ao estrangeiro. Como é
que são esses momentos e qual é a importância deles para o grupo?

Polónia,
Espanha, Irlanda, Suíça, França, Holanda, Bélgica e Tunísia foram os países que
nos receberam além-fronteiras. Quando nos é transmitido tanto carinho no
estrangeiro, o verbo partir torna-se vício. Reconfortamos emigrantes
portugueses e deliciamos turistas, atuamos na rua e em palco, carregamos os
instrumentos e perdemo-nos nas cidades, mas no fim de cada dia, aquele apreço
pela nossa arte é tão bom que nos carrega “baterias” para o dia seguinte.

Sendo a
nossa missão dar a conhecer as tradições minhotas, é um privilégio sair de
Portugal e contribuir para o enriquecimento cultural nos mais diversos países. Também
nós saímos mais ricos destas viagens, quer a nível pessoal, quer musical.
Sentimos o dever de bem representar Portugal e isso exige muito trabalho de
cada um de nós.

O
convívio nas digressões que fazemos, a amizade e o respeito que regulam o nosso
comportamento dentro do grupo, é também um fator que explica o nosso sentimento
de pertença aos Bomboémia. As viagens que partilhamos são momentos e lições que
ficam para sempre!


Por falar em estrangeiro, vocês devem ser provavelmente o único grupo cultural da academia com alunos Erasmus. Como é que se deu a entrada do primeiro aluno de intercâmbio  no grupo? Como é que tem sido essa experiência com os Erasmus?

Como fazemos muitas atuações no início do ano a convite da Associação Académica, temos o privilégio de atuar para os novos alunos. Também porque os nossos ensaios são por baixo do Bar Académico que é o ponto de encontro para muitos Erasmus que se querem aventurar nas noites académicas, acabamos por receber visitas inesperadas que de esporádicas se fazem assíduas. Espanha, Polónia, Bélgica, Grécia, Brasil e Índia, são os países de origem daqueles que até então recebemos nos Bomboémia. Não só ficamos muito contentes por receber Erasmus, como alunos ao abrigo de outros programas de mobilidade jovem, pois proporcionam a todo o grupo momentos de convívio e partilha que nos ajudam a crescer e que moldam o que somos e aquilo que oferecemos ao nosso público.



 

 Se um
aluno quiser entrar para os Bomboémia o que é que tem de fazer?

Aparecer!
Segundas e quintas-feiras às 21.30h por baixo do B.A. Não tem de ter formação
musical ou qualquer outro requisito para além do gosto pela percussão. Vem e
experimenta. Costuma resultar e ser o suficiente para tornar os interessados em
membros da nossa “família”. É
ótimo receber novos membros e, com mais ou menos tempo, todos são capazes de
contribuir para a nossa música, seja no bombo, caixa, timbalão ou outro. Depois
também temos os que querem dançar! Com a introdução dos nossos ritmos
brasileiros, vieram as sambistas e por isso não há desculpas! Temos de tudo e
para todos os gostos!

 

Dos
membros fundadores, ainda há algum, ou alguns, que estejam no ativo?

“Quem é
Bomboémia, é-o para sempre”. Ser Bomboémico acarreta um sentimento único que,
de pertença a paixão e entrega, faz com que a nossa ligação à Universidade do
Minho e ao grupo perdure no tempo. Não é por acaso que muitos de nós já estão
nos Bomboémia há muitos anos, e que uma parte significativa do grupo seja
constituída por trabalhadores e ex-alunos. Do pequeno grupo fundador dos
Bomboémia, não temos ninguém que venha aos ensaios com regularidade, mas muitos
já têm quase uma década de dedicação “a esta causa”. Ainda no mês passado fomos
atuar no casamento da nossa primeira Diretora, o que demonstra o vínculo e os
laços que se criam nos Bomboémia.

 

Relativamente
ao Festival “Do Bira ao Samba”… o balanço é positivo?

O balanço é extremamente positivo! Foi
possível criar um novo conceito em Braga e deixar uma marca enorme logo na
primeira edição. Um conceito que faltava a Braga ou não fosse Braga a cidade do
Baixo Minho que povoou o Brasil quando ainda a nau portuguesa descobria e
redescobria o mundo. A edição de 2016 já se começa a preparar e os Bomboémia
prometem trazer uma “Do Bira ao Samba” ainda maior.

 

Vamos
ter grupos vindos do estrangeiro?

Ainda
estamos a aguardar confirmações pelo que para já não foi fechado o cartaz. No
entanto não vai faltar o calor do Brasil.

 

Como
preveem o futuro do grupo?

Maior. Melhor. Mais longe. Desde a nossa formação
que nos temos mantido num crescendo constante, apesar dos obstáculos. É a única
forma que conhecemos de fazer percussão e que nos define como grupo. Há ainda
muitos caminhos a percorrer, tanto literais como figurativos: novos ritmos a
interiorizar, novos eventos a organizar, novas cidades e países a conhecer, e
onde dar a conhecer o nosso nome e a nossa cultura. E são bem-vindos todos
aqueles que quiserem partilhar connosco esta viagem.


 

Texto: Nuno Gonçalves


(pub. Out/2015)

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