Publicado em Deixe um comentário

Cultura ibérica influenciou a Europa há 5000 anos


“No final da
Pré-História surgiu na Estremadura portuguesa a cultura campaniforme, associada
a recipientes com a forma de sino invertido, novos objetos, técnicas avançadas
e comércio à distância. Este povo terá protagonizado uma onda de migração para
o resto da Europa, influenciando-a significativamente no seu desenvolvimento
económico, social e cultural”, refere Pedro Soares. “Estaríamos na altura a
exportar inovações para zonas como a atual Alemanha. Hoje verifica-se
provavelmente o inverso”, exemplifica. O estudo poderá assim demonstrar que não
foi apenas nos Descobrimentos que os ibéricos influenciaram o “mundo
conhecido”.

O projeto de Pedro
Soares, financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, centra-se na
comparação de populações, através do ADN mitocondrial. Este pequeno anel de
material genético está fora do núcleo celular, nas mitocôndrias, e é
transmitido pelas mães às filhas e filhos, permitindo assim remontar às mães
ancestrais de dada população. Pedro Soares vai avaliar linhagens encontradas em
ossadas e restos arqueológicos de há 4000, 5000 anos e ver ligações entre
populações ibéricas e as da Europa central, britânica, de leste e
mediterrânica. “Não se sabe ainda a motivação dessa migração ibérica, mas a
influência que teve na cultura europeia tem reunido consenso entre cientistas”,
frisa o investigador.

A cultura campaniforme
terá nascido na região do estuário do Tejo, a crer nos vestígios de inícios da
Idade do Cobre encontrados nos castros de Zambujal (Torres Vedras), São Pedro
(Azambuja) ou Chibanes (Palmela). O fenómeno coincidiu com inovações como a
prática da agricultura, a invenção da roda, o uso da força animal para
transporte e a domesticação de animais, como o cavalo, alargando as trocas
comerciais (chegou marfim à Estremadura, por exemplo). Os vasos e copos
campaniformes, por vezes decorados, foram sobretudo achados em contexto
funerário, a par de objetos como punhais de cobre, proteções de braço dos
arqueiros e botões em “V” perfurados.

Pedro Soares nasceu em Amares há 35 anos e está há dois anos
na UMinho, como cientista do CBMA e do Instituto para a Biossustentabilidade
(IB-S) e professor convidado da Escola de Ciências. Fez a licenciatura em
Biologia na Universidade do Porto e o doutoramento e pós-doutoramento em
Genética Humana na Universidade de Leeds (Reino Unido), respetivamente com
bolsas Marie Curie e da British Academy, e pós-doutoramento no IPATIMUP. Dedica
estudos
à Europa, África, Ásia e
Pacífico, tendo os seus
artigos científicos sido citados quase duas mil
vezes nos últimos cinco anos.

– Reportagem interna em www.nos.uminho.pt/Article.aspx?id=2204

__________________________________________
Gabinete de Comunicação, Informação e Imagem
Universidade do Minho
Tel.: (+351) 253601109 | 961766329
Fax: (+351) 253601105
Email: gcii@reitoria.uminho.pt

(Pub. Mai/2016)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *