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“Quem não tiver condições para fumadores, não deveria permitir o fumo dentro do estabelecimento”


 

O grande problema desta lei é mesmo o de saber qual o aparelho adequado ou não. Devido à retumbante falta de informação sobre o assunto, o UMDicas saiu à rua para tentar perceber aquilo que pensam alguns proprietários de cafés junto à UMinho e alguns estudantes da academia minhota. No entanto, a tarefa revelou-se mais árdua do que seria de esperar devido à falta de informação sobre a aplicação da lei, que assombra alguns proprietários de estabelecimentos que apostaram na remodelação das suas instalações, tornando-as habilitadas para fumadores.

 

 






José Carlos Gonçalves Pereira – Dono do café “TERMINAL”, junto à Universidade do Minho

 

 

Qual a sua opinião sobre a nova legislação antitabagismo (Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto)?

 

Se saiu uma lei, é para cumprir. E isso é o que muita gente não esta a fazer. Se pudéssemos optar, tudo bem. Mas há pessoas que nem uma coisa nem outra. Há uma lei que é para todos, mas neste momento isso não está a acontecer.

 

No que concerne a esta nova Lei, tem notado alterações no seu fluxo normal de clientes?

 

Não. Um cliente não troca o verdadeiro café por um cigarro.

 

Sobre a controvérsia desta legislação e especificamente no que toca aos espaços de restauração, considera ser uma medida aceitável ou acha excessivamente rígida?

 

Quem não tiver condições para fumadores, não deveria permitir o fumo dentro do estabelecimento. Simplesmente isso. Não é necessário mais nada. Acho que parte um bocado também da consciência de cada um.

 

Já se deparou com alguma situação mais incómoda no seu estabelecimento desde da entrada em vigor desta legislação?

 

Até hoje ainda não. As pessoas respeitam a lei e sempre que querem fumar, fazem-no no exterior do café. Eu, para me adaptar às circunstâncias, vou servir lá fora. Neste café, o que mais nos preocupa é o bem-estar do cliente.

 

Porque resolveu tornar o seu estabelecimento um espaço para não fumadores?

 

A gerência pensou muito sobre este assunto e chegamos a uma conclusão de que o terminal é uma “família” e optamos por meter não-fumadores, sempre com vista ao bem-estar do cliente. Pensamos também, que os nossos “vizinhos” iam optar por não-fumador. No entanto, fico a saber que outros estabelecimentos meteram para fumadores, mas nem sequer fizeram obras nenhumas! Eu já me informei, pedindo vários orçamentos para fazer obras para permitir fumadores neste café. Mas não são orçamentos “corta e prega”. Iremos optar por remodelar o café para fumadores, mas será uma coisa com “conta, peso e medida”.

 

A nova legislação prevê multas para infractores, qual a sua opinião sobre estas coimas?

 

Sinceramente, acho que esta lei não vai avante. Por exemplo: Sem referir casas, há clientes que me dizem “café tal deixa fumar e a ele não lhe acontece nada”. Estamos em Braga, que é um meio pequeno, por isso há “cunhas” para tudo.

 

Considera-se informado sobre a Lei e sua aplicação?

 

Nada. Não existe informação nenhuma. As pessoas andam aqui sem saber o que fazer ou como actuar.

 

Sendo não fumador, acha que esta Lei vai levar muita gente a deixar de fumar?

 

Penso que sim. Aliás, isso já esta a acontecer. Por semana, vendíamos mais ou menos uma caixa de tabaco e agora vende-se no máximo 6/7 volumes.

 

 






Manuel Antunes – Dono do café “Tunas” e do bar “Vegas”, junto à Universidade do Minho

 

 

Qual a sua opinião sobre a nova legislação antitabagismo (Lei n.º 37/2007, de 14 de Agosto)?

 

Eu por um lado acho bem, mas desde que toda a gente respeite a lei. No entanto, há casas que não respeitam, fazendo com que os estabelecimentos que cumprem a lei fiquem sem clientes.

 

No que concerne a esta nova Lei, tem notado alterações no seu fluxo normal de clientes?

 

Infelizmente, tenho perdido muita clientela.

 

Sobre a controvérsia desta legislação e especificamente no que toca aos espaços de restauração, considera ser uma medida aceitável ou acha excessivamente rígida?

 

Eu só acho é que eles mandaram a lei para as ruas antes de esclarecerem as pessoas. Antes de o fazerem, deviam ter tido a atenção de verificar os estabelecimentos que tinham condições para ter ou não fumadores. Penso que há casas que têm condições para se poder fumar, e não estão a por fumadores porque têm medo. É o meu caso. Eu tenho extracção de fumo, mas como não sei exactamente aquilo que a lei determina, não arrisco porque tenho medo das represálias que a lei me pode trazer.

 

Já se deparou com alguma situação mais incómoda no seu estabelecimento desde da entrada em vigor desta legislação?

 

Não. As pessoas têm respeitado as condições que lhes propomos. Tenho é perdido clientes.

 

Porque resolveu tornar o seu estabelecimento um espaço para fumadores/não fumadores?

 

Porque não sei que tipo de aparelho o Governo quer para deixar as pessoas fumar. Se eu soubesse que o meu aparelho esta dentro dos parâmetros daquilo que é pedido, não hesitaria em deixar fumar, porque um bar que serve bebidas alcoólicas tem pessoas com vícios, como o tabaco.

 

A nova legislação prevê multas para infractores, qual a sua opinião sobre estas coimas?

 

Se for as mínimas até nem são exageradas. Se eu soubesse que levava a coima mínima, arriscava. O problema é saber o valor da multa. As máximas doem bastante.

 

Considera-se informado sobre a Lei e sua aplicação?

 

Não há ninguém que consiga informar sobre nada. Nem mesmo a Associação Comercial de Braga.

 

Sendo fumador, acha que esta Lei vai levar muita gente a deixar de fumar?

 

Eu gostava de deixar de fumar, mas nem a lei é suficiente para o fazer. Mesmo que lei não saísse eu gostava de deixar de fumar. O pior é que há coisas que já estão enraizadas em nós e é difícil deixa-las.

 

Texto: Alexandre Carvalho


 

Fotografia: Alexandre Carvalho e Nuno Gonçalves

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