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Estudo da UMinho conclui que 82% das grávidas mudam comportamentos face aos mitos e crenças


O seu estudo “A Educação para a saúde e as tradições durante a gravidez”
conclui que 82% das mulheres entrevistadas modificaram os seus comportamentos
durante a gravidez em função do estabelecido por determinados mitos e crenças.

A investigação teve como objectivo analisar os comportamentos expressos
pelas grávidas dependentes de tradições e conhecer a importância que os
enfermeiros atribuem às mesmas. “Os resultados podem induzir que os mitos e as
crenças são percebidos como elementos de segurança, de protecção, de
conservação, de fé e de tradição que é necessário manter. Verificou-se que os
enfermeiros, durante as consultas de vigilância pré-natal, raramente abordam a
temática dos mitos, das crenças ou das tradições. Esta omissão leva a que as
mulheres vivam a sua gravidez num clima permanente de ansiedade, de medo ou
mesmo de insegurança”, explica a investigadora. O trabalho originou o livro “Mitos
e Crenças na Gravidez – Sabedoria e Segredos Tradicionais das Mulheres de Seis
Concelhos do Distrito de Braga”, de 340 páginas, editado pela Colibri.

Não comer polvo e evitar fios, cintos ou funerais são alguns
dos mitos adoptados

Alguns exemplos de mitos e crenças identificados pelas grávidas foram:
evitar fios ou cintos para a criança não nascer “esganada” com o cordão
umbilical; não usar chaves nem beber por copos rachados, pois o bebé pode
nascer com lábio cortado; não comer polvo, porque pode provocar aborto ou
manchas no bebé; coser roupa vestida ou usar alfinetes pode trazer complicações
à criança; evitar funerais pois o bebé pode morrer, ficar amarelo, mudo, com
espírito do falecido; barriga empinada é rapaz, redonda é rapariga; cara com sardas
é menino, cara limpa é menina; subir a escada com pé direito é sexo masculino,
pé esquerdo é feminino; ser proibido cheirar flores, senão o bebé pode nascer
com uma flor no corpo, marcas ou manchas; se a grávida não comer o que deseja,
a criança pode nascer com a boca aberta ou com o cabelo “espetado”; uma mulher
grávida recusar ser madrinha, pois pode provocar a morte do bebé que está na
barriga ou do que vai ser baptizado; se ao amamentar deitar restos de comida ao
lixo e um animal fêmea prenha os comer, a mãe pode ficar sem leite; entre
outros.

Maria Fátima Silva Vieira Martins, de 47 anos, é natural de Amares e
professora na Escola Superior de Enfermagem (ESE) da UMinho. Licenciou-se em
Enfermagem de Saúde Materna e Obstétrica pela Escola Superior de Enfermagem
Calouste Gulbenkian em Braga, tirou o mestrado em Sociologia da Saúde e é
doutoranda em Sociologia, também pela UMinho. Participou e apresentou
comunicações/posters em diversos congressos nacionais e internacionais da sua
área, publicou vários artigos científicos e um livro. Esta distinção valeu-lhe
a participação na comitiva da Ordem dos Enfermeiros que se deslocou a Malta
para a conferência do Conselho Internacional de Enfermeiros – International
Council of Nurses (ICN).

Contacts

Prof. Maria de Fátima Martins | Tel.: 253601310; 919192104 | E-mail:
fmartins@ese.uminho.pt

 

(Pub.Jul/2011)

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