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“Não há segredos, apenas trabalho…”




 


 


Com que idade iniciaste a prática competitiva do Taekwondo e onde?


Comecei com seis anos no ginásio Koryo no Carandá.


 


Achas que o taekwondo ajudou no teu desenvolvimento enquanto indivíduo?  

Claro que sim! Muitos dos valores transmitidos no Taekwondo fazem parte dos valores da minha vida, perseverança, espírito de sacrifício, humildade entre outros.


 


Qual foi o papel da tua família no teu percurso enquanto atleta de alta competição?


A minha família é um dos pilares da minha vida enquanto atleta. Sem eles conciliar escola e treinos seria quase impossível, para além disso são a minha força diária.


 


Quantas vezes treinas por semana, e quanto tempo?


Treino seis vezes por semana cerca de duas horas por dia. Em determinados períodos da época desportiva faço treinos bi-diários.


 


Algumas pessoas associam as artes marciais a comportamentos violentos. O que tens a dizer a essas pessoas?


Completamente o contrário. Sinto que as pessoas que praticam artes marciais são muito mais calmas e evitam esses comportamentos. Aconselho-as a experimentarem a prática do Taekwondo em locais oficiais e com técnicos habilitados.


 






A maneira como tu lidas com a pressão e a ansiedade antes dos combates é algo que tu consegues trabalhar e treinar, ou simplesmente é algo com que apenas lidas na hora em que entras no tatami?


É algo que também é treinado durante a semana, particularmente nas sessões com o psicólogo da minha equipa.


 


És atualmente Campeão Nacional Sénior e Campeão Europeu Universitário. Qual é para ti a grande diferença entre a competição federada e a competição universitária?


Apenas o nome difere, pois muitos dos atletas nacionais são universitários e muitos dos atletas europeus e mundiais também são universitários e por isso encontramo-nos de uma maneira ou de outra.


 


Neste último Europeu Universitário, que foi organizado pela UMinho, ninguém te conseguiu travar e conquistaste a medalha de ouro. Foi difícil? Qual é a sensação de logo no primeiro ano de universidade conquistar um titulo tão importante?


Foi significativamente difícil. Tive de ultrapassar atletas com um nível qualitativo muito bom, Espanha, Ucrânia, Rússia e por último o meu companheiro de equipa (UMinho) Nuno Costa, (campeão europeu sub21 e 13º ranking mundial). A sensação de conquistar o ouro foi fabulosa, sendo em ano de estreia “caloiro” teve um sabor especial, tal facto, motiva-me a continuar a trabalhar para merecer outras oportunidades.   


   


Em 2010 participaste nos Jogos Olímpicos da Juventude e conquistaste a medalha de prata. Ainda te recordas de como foi esse dia e o que significou para ti?


Claro que sim, como se fosse hoje. Diria que foi o meu melhor momento até agora. Depois de ter passado uma qualificação muito difícil a nível mundial com 65 países a concorrer apenas para 6 vagas, foi fantástico. Depois chegar como outsider e eliminar atletas que se tinham qualificado à minha frente e pertencentes a seleções com grandes tradições na nossa modalidade, foi fenomenal. Para além disso ver a nossa bandeira a subir num evento tão importante foi magnífico. Nunca mais irei esquecer esse dia, assim como o momento em que desfilei como porta-bandeira da delegação portuguesa? foi uma mistura de sensações, responsabilidade, honra e orgulho.


 






Qual é o teu segredo para tantos sucessos desportivos?


Não há segredos, apenas trabalho, dedicação e alegria naquilo que faço.  



 


Os jogos Olímpicos de 2012 em Londres são um sonho ou algo mais?


Para mim os Jogos de 2012 são um sonho que transformei num objetivo a tentar alcançar naquela que será a última oportunidade de me apurar, o torneio de qualificação europeu a realizar em janeiro do próximo ano em Kazan ? Rússia.


 


O facto de competires pelo teu atual clube condicionou a tua escolha de Universidades quando concorreste? Porque?


Sim, mas não só. Condicionou a minha escola porque para além de ficar perto de casa fico também perto do local de treino, mas também porque sabia que a Universidade do Minho é uma grande instituição que privilegia a prática desportiva em alto rendimento.


 


Para muitos atletas de alta competição torna-se difícil conciliar os estudos com a prática desportiva. Como é que tu consegues gerir esta nem sempre fácil “relação”?


Primeiro tenho tudo organizado, o tempo contado para poder estudar e treinar, sem abdicar de nenhum deles. Em segundo lugar tenho uma grande equipa técnica que me ajuda nesta conciliação. Depois tenho colegas e professores impecáveis que me ajudam sempre que eu preciso.






 


A UMinho iniciou em Portugal um programa pioneiro no que diz respeito ao apoio aos atletas de alta competição, o TUTORUM. O que pensas desta iniciativa e do programa em si?


É um projeto e iniciativa louváveis. É a prova viva de que a conciliação do desporto de alta competição e os estudos académicos são compatíveis desde que existam pessoas no dirigismo com sensibilidade para o efeito. 


 


Já recebeste apoio através do TURORUM? Se sim, em que áreas?


Sim, no que refere às datas dos testes, assim como, por parte dos professores que em períodos de treino mais exigentes são mais compreensivos.


 


Os teus objetivos pessoais passam por uma carreira profissional no taekwondo ou os estudos vêm em primeiro lugar?


Neste preciso momento, aposto em ambos, ainda não tive nenhum momento que me exigisse ter de fazer uma opção.


 


Descreve-me um dia na vida de Mário Silva.


A minha alvorada ocorre 7:30h, vou para a Universidade, cumprir com as minhas obrigações académicas. Regresso a casa na hora do almoço, onde por vezes faço as refeições para toda a família, algo que gosto. Pela tarde volto de novo aos compromissos académicos, já com todo o material para os treinos e de onde só saio por volta das 22:00h. Chego a casa, janto e vou dormir.


Texto e Fotografia: Nuno Gonçalves





(Pub. Jan/2012)


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